A AVIBRAS Indústria Aeroespacial S/A, que em tempos passados foi considerada uma das maiores empresas de defesa do mundo, mas que, mesmo não possuindo mais todo este gigantismo, ainda é uma das mais estratégicas do país, há anos vem passando por uma grave crise financeira, com dívidas que, de acordo com último relatório de atividade, chegam a quase R$ 640 milhões.
Além do problema estratégico, devido aos inúmeros projetos militares em seu poder, também vem gerando um enorme problema social, pois seus funcionários estão há mais de um ano sem receber seus salários.
Clientes destes problemas, o governo Federal, que antes apenas acompanhava as tentativas da empresa para sair da crise, bem como as negociações de venda para outros grupos internacionais, conforme explicou o próprio diretor-presidente da empresa, João Brasil Carvalho Leite, agora está tomando uma posição mais ativa, participando diretamente das negociações da empresa.
Muitos problemas são apontados como a causa desta crise, tais como a falta de constância no investimento militar no Brasil, a deficiência dos incentivos à exportação, o baixo apoio das instituições financeiras, a má gestão, etc. Porem, independente do motivo apresentados, se nenhuma ação for feita, a empresa estará fadada a fechar suas portas em muito pouco tempo.
AS TENTATIVAS DE COMPRA
Desde 2020 a empresa está sendo sondada por diversos grupos internacionais, “mais de trinta, isso tirando as empresas que querem comprar a AVIBRAS inteira apenas para fechá-la”, conforme relatou João Brasil, sendo que, nos últimos meses dois deles se destacaram.
O Czechoslovak Group (CSG), da República Tcheca (ou Tchéquia), apresentou uma proposta que ia muito além de uma parceria de montagem e manutenção do obuseiro sobre rodas 8X8 Zuzana 2, mas condicionado a sua aquisição pelo Exército Brasileiro (EB) no programa VBCOAP 155 SR. Porém, como não foi o vitorioso, a empresa desistiu da transação.
Outra proposta que veio a público foi a da empresa australiana DefendTex, uma empresa fundada em 2014 que tem um perfil muito mais de projetos do que produção. Todavia, diversas questões contratuais e financeiras fizeram com que a empresa desistisse do negócio após poucos meses de negociação.
Porém, no dia 13 de junho, o grupo North Industries Corporation (NORINCO), da República Popular da China, apresentou uma proposta de aquisição de 49% do capital acionário da AVIBRAS ao Ministério da Defesa (MD), fato confirmado pelo ministro José Múcio Monteiro (mas sem informar o nome da empresa). E esta não foi a primeira tentativa do grupo chinês de adquirir parte da empresa brasileira.
A PROPOSTA CHINESA
Em 2022, no inicio do assédio internacional sobre a AVIBRAS, a NORINCO iniciou negociações para adquirir os 49% do capital da empresa brasileira, porém, de acordo com representantes da chinesa, não para absorvê-la, mas para utilizar parte de seu parque fabril para montar e dar suporte para seus produtos visando não só atender as demandas atuais e futuras do EB (na época a empresa participava do projeto VBC Cav com o ST1-BR) e também de outros países da América Latina. A idéia era criar toda uma base de suporte para os sistemas militares e civis do grupo no Brasil.
Novamente, devido a diversos fatores, mas principalmente a uma grande quantidade de ofertas semelhantes na época, a proposta não foi adiante e a empresa chinesa, novamente de acordo com seus representantes, não obteve uma resposta e acabou desistindo das negociações.
A idéia de uma nova oferta da empresa surgiu no ano passado, durante a visita de uma delegação EB visando identificar oportunidades de cooperação na área de projetos estratégicos entre os países, dando inicio a uma serie de conversas entre os dois países.
As negociações se aprofundaram e culminou com a visita comandante do Exército, general de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, no inicio deste mês, onde se discutiram parcerias do tipo “governo-a-governo” (G2G) para projetos militares.
A NORINCO realmente está disposta a fazer uma parceria com a AVIBRAS com vantagens mútuas para as empresas, pois investiria o capital necessário para a empresa brasileira sanar sua crise financeira, sem intervir nos projetos atuais, e ao mesmo tempo teria uma base no continente de onde poderia dar suporte para seus produtos, aumentando consideravelmente sua competitividade. Em tese, seria o melhor dos mundos.
Agora a empresa chinesa aguarda um posicionamento da carta enviada ao MD e, dependendo de seu teor, voltar às negociações, porém, depois da manifestação pública do Ministro, outros grupos internacionais deverão apresentar propostas já na próxima semana.
A situação da AVIBRAS (e de seus colaboradores e fornecedores) ainda está muito crítica, mas se mantém um fio de esperança ao horizonte.
Respostas de 28
O grande problema, é a submissão do Brasil aos interesses e pressões norte americana e Europeus.
Mas para sair da crise, a Avibras precisa mudar a mentalidade de seus diretores e administradores, investir pesado em P&D, vc sando o mercado internacional, e não somente atender os interesses das FAAs nacionais.
Espero profundamente que o governo e militares aceitem a proposta chinesa, quem sabe adquirindo o obuse auto propulsado chinês (já que o israelense foi suspenso), e absorvendo tecnologias da Norinco em diversas áreas .
fala da submissao aos eua e europa ,mas,quer submissao chinesa?
eu espero que alguma empresa brasileira compre participacao da avibras.
Perfeita sua observação… Haverá submissão, de qualquer jeito, se uma empresa de outra nação for “sócia”. Mas, se for para ser assim, é bom considerar a nação “menos pior”… Para bons entendedores…
Não quero submissão a ninguém amigo.
Mas não deixa de ser claro e real, que o Brasil sempre se rende as pressões dos países ocidentais.
O ideal, realmente seria a aquisição por uma empresa brasileira, mas aí vem a pergunta, qual empresa de defesa brasileira tem capital 100% nacional ?
Se não sabe, a Embraer, Akaer etc, possui grande capital estrangeiro (principalmente Europeu ou Norte americano).
Não consigo ver, uma empresa chinesa adquirindo, uma empresa tão estratégica para o Brasil, no quintal dos EUA.
Eles já são donos de boa parte das empresas do setor energético brasileiro, e também já estão se preparando para a compra das empresas do setor de saneamento, como a Sabesp que é a maior empresa do mundo desse setor. Então qual o problema de comprar uma empresa montadora de blindados e com capacitação na produção de foguetes de médio e curto alcance… Por mais importante que a Avibras possa ser para nós para os Estados Unidos as tecnologias dominadas pela Avibras são pouco significativas. Na real a disputa fica mais no campo comercial do que no campo estratégico.
De onde você tirou essas informações iniciais? até onde ser saber os investimentos chineses nesses aspectos quase nem começaram quaser
Lá (nos E.U.A) eles levam defesa muito a sério.
Possuem militares altamente capacitados, inovadores e atualizados.
Aqui não é bem assim.
O problema daqui, é que associamos nossa política comercial a alinhamento político.
O Brasil deveria agir como a Índia por exemplo, compra armamento de todo o mundo (literalmente), mas não está alinhada politicamente a ninguém.
Lá eles possuem seu próprio sistema político e não aceitam imposições nem pressões !
Se a Norinco comprar a Avibrás, acabou a paz do EB. Vai ser como a Airbus faz com a Helibrás: toda concorrência de equipamento que a Norinco tiver, vão tentar enfiar goela abaixo do EB exatamente como a Airbus usa a Helibrás.
Essas tais “concorrências” do EB/FAAs nacionais, já são duvidosas amigo.
Nunca vi concorrência onde os favoritos são sempre os vendedores.
Ou nunca se atentou a isso ?
Pare e observe.
Me diga uma concorrência onde algum equipamento oriental ganhou ?
Veja o exemplo Suzana-II, T5-52, o obuse da própria Norinco etc.
Mesmo essas empresas oferecendo o melhor Off set .
A ENGESA quebrou assim. usando o mercado interno, para alavancar as vendas externas. De fato é o melhor caminho, o problema é que o comprador é o governo e não o ESTADO. Governos fazendo compras para garantir a SOBERANIA do ESTADO. parece haver uma contradição aí. DEFESA não é prerrogativa de Governos, o que deve ser tratado um nível acima.
cuidado fazer feito a Ucrânia que deixou a Rússia leva suas ogivas nucleares e depois foi invadidas
Bom dia
Deixando de lado as questões políticas e ideológicas, os chineses estão muito à frente não só de nós, mas de vários países, no campo da tecnologia, não só de defesa, mas em várias áreas.
Devemos agir com pragmatismo e priorizar nossos interesses.
Norinco é uma empresa gigante, e pode acrescentar muito à Avibrás.
Exato exatamente como Airbus fez com a Helibras MONTADORA de helicópteros franceses no Brasil e que é erroneamente chamada de “fábrica”!
a norinco tem uns produtos interessantes que a avibras poderia produzir aqui (civis e militares), ou receber ajuda no desenvolvimento, sistemas de artilharia autopropulsada e antiaérea e aquele tanque VT 4 é bastante interessante, bem melhor que a proposta Australiana.
Com o suporte aos da Norinco no Brasil através da Avibras, isso daria confiança suficiente para o EB escolher, por exemplo, o Vt4?
Um programa parecido ao que ia China fez com o Paquistão?
Bem simples, a Polícia e o exército teve comprar da Avibras, quando vão comprar blindados comprar no exterior invés de comprar com a Avibras.
Fagner, acredito que muitos dos pedidos ou contratos tanto EB, quanto FAB e MB acabaram não saindo ou sendo levada em consideração, respectivamente, devido a instável situação financeira da empresa.
Apenas ela sabe o tamanho real do buraco. E, sem dúvida, a entrada de novos recursos poderia ser utilizada para quitar dívidas antigas, comprometendo a produção e entrega de novos produtos.
Não entendi. Tu achas melhor comprar de uma empresa multinacional instalada aqui como a Helibras (Airbus), gerando empregos de alto nível para técnicos e engenheiros brasileiros, com suporte local, gerando conhecimento e tecnologia, qualificando fornecedores locais, ou é melhor comprar direto do exterior sem a necessidade de desenvolver as indústrias locais como no caso da Avibras.
O choro é livre. Estamos esperando melhores propostas do Ocidente. Ou ao ocidente não interessa compartilhar e fabricar aqui seus produtos tecnológicos?
O Comandante do EB esteve na China e foi claro sobre a tecnologia deles que nos interessa: 1 Fornecimento de energia sustentável em campo de batalha ou desastres naturais. 2 Misseis de todo tipo, para negação de área dissuasiva. 3 veículos blindados. 4 tecnologia aeroespacial, satelital, e comunicações.”
Se a Norinco for capaz de garantir a integração desses sistemas, com os nossos, seja bem vinda. Imaginam fabricar misseis, tanques de combate modernos, e veículos lançadores de satélites, no Brasil?
Agora eu vejo uma luz. Aguardemos os detalhes, antes de julgar.
Concordo com o Bastos no que tange a recuperação da empresa.
Essa parceria pode salvar a AVIBRÁS e não só no sentido financeiro (que está relacionado às suas dívidas e linha de produção), e sim, também referente à sua gestão.
Tenho clientes relacionados à área de logística, onde estas empresas foram parte adquiridas por outras empresas chinesas.
É importante tomar cuidado como o contrato de compra. Com o tempo, as empresas chineses fazem investimentos pesados para expandir o parque ou melhorar o processo. Aos poucos e dependente do especificado em contrato, sua fatia pode acabar aumentando e obter mais controle sempre a empresa original. Mas isto faz parte do jogo.
O importante é que ambas as empresas foram beneficiadas com os novos parceiros. Ganharam eficiência na gestão (que é o que a AVIBRAS claramente precisa), expansão de estrutura, qualidade na logística e profissionalização de colaboradores.
Se o governo não quer fomentar a aquisição por outra empresa nacional, facilitando seu financiamento, em respeito a história da empresa (que não merece fechar) e à seus colaboradores (que a mais de ano não vem seus salários entrando na conta), que a solução seja essa aquisição por parte da NORINCO.
Espero que saia a aquisição por parte da Norinco e nisso poderemos ter um MBT, uma versão, baseada em um dos veículos chineses além de toda a gama de produtos da Norinco.
Concordo que a aquisição pode abrir portas para alguns dos diversos produtos da Norinco.
Importante, caso a negociação se concretize, no setor de defesa é a nova empresa estreitar seus laços como EB, tazendo transparência para que o relacionamento ganhe confiança, quebrando um pouco a desconfiança existente com o andamento dos projetos da AVIBRAS (e até com relação aos produtos chineses). Vejo com bom olhos.
Mas o que veria com bons olhos mesmo com a aquisição em partes pela Norinco é também referente ao envolvimento da AVIBRAS junto ao PEB. Sabemos que a empresa não atua no setor aeroespacial mas, como país, a China está muito, mas muito mais avançada que o Brasil neste setor. Mesmo não sendo possível (devido à tratado mundial que somos assinantes) a transferência de tecnologia no setor de foguetes, existem tecnologia que não dominamos que podem ser facilitadas.
Pra mim a melhor opção é a Norinco, o Brasil tem muito, mais muito mesmo a ganhar pois ela já está consolidada e tem um portfólio de respeito.
Se a compra pela Norinco trouxer a estabilidade e previsibilidade necessária para o desenvolvimento dos projetos das ffaa’s no qual a empresa está metida, isto por si só fará com que se justifique a venda dela para os chineses. O que vier depois disso é lucro para nós.
Idem se forem árabes, europeus ou seja lá quem for.
A saber, e a meu ver mais importante, é com quem vai ficar os restantes 51% da empresa, que é de fato quem controlará a mesma.
A Norinco está na lista de sansões norte-americanas por apoiar programas do Irã. A aquisição de metade da Avibrás seria trocar um problema por outro- e mais sério. Trocar todos os componentes americanos por chineses seria um problema logísitico enorme, inclusive para a manutenção dos equipamentos já comercializados.
só fossemos imaginar por esse lado, seria uma a mesma coisa da Índia, a mesma últimamente vem tendo problemas para manutenção de equipamentos de origem russas, mas ser a avibras ser recupera, será um benefício.
Eu preferia que fossem empresas turcas, Indianas, ou até Coreanas, pois a Norinco traz o fator China para próximo do nosso já
minguado setor industrial de defesa, o que pode gerar algum embargo ou dificuldade para a aquisição de sistemas e componentes tecnológicos para o setor… Contudo frente a possibilidade de perda imediata de capacidade tecno industrial com o fechamento da Avibras. Se esta parceria for a saída para a manutenção da empresa que sigamos por ela.