Exército Colombiano começa a aposentar seus EE-9 Cascavel

Erich Saumeth (*)

O Exército Colombiano (EJC) iniciou o processo de retirada de serviço de suas viaturas blindadas de reconhecimento  6X6 ENGESA EE-9 Cascavel. Esses veículos, que  eram utilizados no papel de apoio à Infantaria, eram o principal blindado em uso no país, tanto em número quanto em missão, desde sua chegada em 1982, completando 43 anos de serviço contínuo.

A decisão se baseia na idade avançadas das viaturas e, segundo o EJC, na incapacidade de repará-los, atualizá-los ou modernizá-los. Vale ressaltar que, como parte de seu projeto de modernização de viaturas blindadas, na última década, a Colômbia incorporou modelos do Textron M1117 Guardian 4X4, do GDLS LAV-III DVH 8X8, bem como modelos de projeto local, como os Greit Titán e o Armor International Hunter TR-12, ambos 4X4.

Os 126 EE-9 Cascavel M4S2, adquiridos da ENGESA junto com 56 EE-11Urutu M3S3 VTTR, foram amplamente utilizados em operações de contrainsurgência, antiterroristas e até antinarcóticos, atuando em diferentes áreas rurais e também dentro do antigo Plano Meteoro nas principais estradas e rodovias deste país. No inventário atual do EJC constam 121 unidades em carga, com o registro de cinco perdas por ataques, em datas variadas, com a utilização de dispositivos explosivos improvisados, no decorrer de operações de contrainsurgência.

Os EE-9, junto com os EE-11, participaram da famosa tomada do Palácio de Justiça de Bogotá, em 1982

SEM SUBSTITUTO À VISTA

A versão M4S2 é uma das mais modernas produzidas, possuindo uma torre de dois lugares, equipada diversos optrônicos e telêmetros laser, e armada com a versão brasileira do canhão belga Cockerill MKIII, de 90mm com 36 calibres, fabricado pela ENGESA; uma metralhadora coaxial interna de 7,62x51mm, montada ao lado do canhão; e uma metralhadora externa FN MAG de 7,62x51mm, montada no topo da torre e operada pelo comandante do veículo. Pode transportar 24 cartuchos de 90mm, além de 20 adicionais na reserva, com ogivas HE, HEAT-T, HESH-T e fumígena.

No momento estão sendo retirados de serviço gradualmente, com muitos já encontrando o destino de “Gate Guard” (“Guardião de Portão”) em diversas quartéis do EJC  por todo o país, mas nas unidades destacadas no Departamento de La Guajira (e algumas em outras Regiões) permanecem ativas, mas seus efetivos foram reduzidos.

No momento há pouco interesse real em substitui-los por modelos sobre rodas, como o Centauro II 8X8, equipado com um canhão de 105/120mm, mas vale mencionar a suspensão do projeto HADES, que visava incorporar até 32 veículos BAE Systems M2 Bradley para infantaria mecanizada por meio da doação e transferência via FMS; e a demonstração truncada dos carros de combate M1A2, devido, entre outros motivos, à crença do Exército de que não pode manter e operar logisticamente plataformas convencionais, ao contrário do que a Marinha e a Força Aérea vêm fazendo.

Apesar de ainda constarem em carga, alguns já começam a aparecer como “Gate Guard” e monumentos pela Colômbia

(*) Erich saumeth Cadavid é analista e pesquisador colombiano em assuntos de defesa, segurança e geopolítica, e colaborador da revista Tecnologia & Defesa na Colômbia.

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