A FAB e o F-16: uma análise realista

Na quarta-feira (12), o mercado de defesa se agitou com a notícia divulgada pelo portal britânico Janes de que o Brasil está buscando a aquisição de caças de 4ª geração Lockheed Martin F-16 usados dos EUA. As negociações, segundo o portal, indicam que o número de exemplares a serem comprados pode chegar a 24 entre as variantes de um e de dois assentos, e que a aquisição pode acontecer ainda em 2024. As aeronaves viriam de estoques da USAF e poderiam entrar em operação em 2026.

Ainda segundo alguns veículos de defesa da imprensa nacional, é cogitado a compra de um reabastecedor KC-135 tendo em vista a incompatibilidade entre os sistemas REVO do F-16 e do KC-390. Todo esse financiamento, caso concretizado, seria por meio do FMS (“Foreign Military Sales”).

Em primeiro lugar, a própria Força Aérea Brasileira (FAB) reconhece a existência dessa intenção, que fica claro na resposta a um pedido de esclarecimentos que fizemos para o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER):

A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que está levantando dados para a realização de um estudo sobre a possibilidade de aquisição de aeronaves de caça usadas F-16 Fighting Falcon. A análise, no entanto, não guarda relação com as capacidades da aeronave F-39 Gripen.

Destaca-se, ainda, que, até o momento, não estão sendo realizadas negociações com governos ou empresas, nem foram definidas quantidades ou versões. As únicas interações realizadas sobre o tema tiveram como objetivo o levantamento de dados.

Apesar de ser uma resposta curta, a mesma traz informações importantes: são F-16, usados e que os estudos e a possibilidade de aquisição não guardam relações com as capacidades do F-39 Gripen.

E o que mais isso significa? Fomos atrás deste tema, conversamos com várias pessoas e fizemos uma análise a seguir.

Cenário atual

No final de 2025, o Brasil deverá aposentar a sua frota de caças Embraer AMX A-1M que hoje operam no 1º/10º GAV “Esquadrão Poker” e no 3º/10º GAV “Esquadrão Centauro”, ambos sediados na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul (RS).

Em 2024, ao completar os seus 35 anos de operação, o AMX ainda se mostra como um vetor estratégico nas missões de emprego ar-solo devido às capacidades avançadas de guerra eletrônica, bélica e de sensores; ao grande alcance; e a elevada robustez para sobreviver à danos de combate.

Hoje, é o único avião de caça da FAB a empregar bombas a laser, designar alvos e realizar o reconhecimento tático, tarefa esta que se mostrou imprescindível até mesmo nas missões de não-guerra quando duas aeronaves do 1º/10º GAV  fizeram o monitoramento de 13 barragens no auge da recente catástrofe que assolou o RS.

Sem um novo avião, uma série de consequências irão impactar a FAB.

Em primeiro lugar, na perda imediata da capacidade avançada de ar-solo do AMX e de massa crítica de recursos humanos altamente treinados, tendo em vista que com o avião fora de serviço, o adestramento é perdido com pilotos sendo designados para voar outros aviões sem essas capacidades.

Em segundo lugar, o fechamento ou hibernação de duas unidades de primeira linha de caça. Se isso se concretizar e, olhando para um passado não muito distante, em praticamente 10 anos quatro esquadrões de caça serão fechados.

Essa trajetória se iniciou em dezembro de 2016 com a desativação do 1º/16º GAV “Esquadrão Adelphi” em Santa Cruz voando o AMX A-1; e do 1º/4º GAV “Esquadrão Pacau” em dezembro de 2021 e que era voltado para a missão de defesa aérea, desenvolvimento de doutrina e atuação como unidade “aggressor” nos exercícios da FAB. Assim, dos quatro esquadrões (caso o Poker e o Centauro sejam desativados), um tinha a missão voltada para ações defensivas e três para ações ofensivas, essa última sendo preponderante num cenário operacional e de guerra.

A perspectiva de curto prazo pressiona a FAB para a tomada de uma decisão rápida com risco de perda operacional e de capacidade.

O caso F-16

Apesar de não ter sido mencionado pela resposta enviada pelo CECOMSAER, os estudos são para preencher a lacuna da desativação dos AMX A-1M, sendo assim, o foco do seu emprego serão as missões ar-solo e de reconhecimento tático. No momento, nenhuma menção foi feita quanto aos armamentos a serem adquiridos, entretanto, o caça é compatível os sistemas Reccelite, Litening e bombas Lizard já empregadas pela FAB, além de outros armamentos como bombas convencionais de emprego geral e os também mísseis ar-ar Pyhton IV e Derby, sistemas esses que fazem parte do acervo da FAB.

Esse cenário também não configura o fim da linha ou coloca em cheque o Gripen, produto do F-X2, nem mesmo significa que o F-16 terá vida longa na FAB uma vez que não se sabe se essa se trata de uma solução temporária, o famoso “tampão”, como já aconteceu com o Mirage 2000 que voou por apenas oito anos na FAB.

Ainda não se sabe qual seria a versão do F-16 a ser adquirida. Tendo o seu desenvolvimento e modernizações estabelecidas pelos chamados blocos (“block”) que adicionam novas capacidades ao caça, trata-se de um produto usado e que provavelmente está com a fadiga estrutural em um estágio mais avançado e que naturalmente não terão décadas de vida em serviço. 

Além da fadiga, não se pode comparar as capacidades operacionais do F-16 com a do Gripen da FAB que possui sensores de radar, de aquisição de alvos e de guerra eletrônica muito superiores e avançados. Nesta reportagem falamos um pouco mais desses sistemas do Gripen.

Mesmo que os F-16 tenham sido modernizados, tratam-se de aviões sem radar de varredura  eletrônica ativa e sem Infrared Search and Track (IRST), por exemplo.

Apesar do F-16 não se comparar o Gripen de nova geração, para substituir o AMX e como solução temporária, esta se mostra como das possíveis alternativas para solucionar este problema.

Cenário histórico, problemas e consequências 

É injusto aquele que jogar a pedra na FAB pela situação atual. A Força, prevendo o cenário que se descortinaria a partir da chegada do século 21, com planejamento e antecedência, realizou um grande movimento, ainda nos anos 1990, para evitar a desativação “em bloco” de vários projetos de aeronaves e para se manter capacitada e operacional diante dos novos desafios.

Vários programas de aquisição e de modernização foram iniciados, com aquele dedicado para a compra de um novo caça, o F-X, sendo formalmente estabelecido em agosto de 2001.

O F-X determinava que a FAB operaria um vetor padrão para cumprir todas as missões e tarefas da caça. Começando com 12 exemplares e pela premência de tempo, a partir de 2007 o produto do F-X substituiria os Mirage III em Anápolis e cuja desativação já estava marcada para acontecer em dezembro de 2005.

Posteriormente e de forma gradual, substituiria o F-5 e o AMX, tipos esses que já teriam passado por um programa de modernização dando fôlego e fluxo de caixa para a aquisição de novos lotes de aeronaves.

Entretanto, a falta de prioridade e de comprometimento do governo federal ao longo desses anos e as sucessivas crises econômicas pelas quais o Brasil passou resultaram no cancelamento do F-X em fevereiro de 2005.

O que inicialmente se mostrava como um cronograma apertado virou uma emergência exigindo que a FAB buscasse uma solução temporária, um caça tampão, até  que uma solução definitiva fosse encontrada, fato que resultou na compra dos Mirage 2000B/C que começaram a ser entregues em 2006.

Em 2007, quando os aviões do F-X estariam sendo entregues pelo planejamento original estabelecido, o governo relançou a concorrência batizando-a de F-X2.

Naquela altura, os concorrentes eram outros se comparado à primeira edição daquela disputa. A tecnologia havia evoluído e as exigências do cenário de combate também.

Assim como no F-X, o F-X2 tinha como prioridade a transferência de tecnologia para o Brasil. Essas duas palavras, de fato, sempre criaram grande polêmica. Causam longas negociações entre países antes de fecharem um negócio e não são amplamente compreendidas pela sociedade por não ser algo, necessariamente, palpável. É fácil ver a chegada de um avião, mas é difícil enxergar a concretização da transferência de tecnologia pois se trata de conhecimentos adquiridos por meio de treinamentos e trabalhos práticos, por exemplo.

O Brasil, mas principalmente a FAB, mantinham esse tema como palavra de ordem e não abririam mão. Afinal, foi por meio da transferência de tecnologia do programa AMX que o Brasil testemunhou a transformação da Base Industrial de Defesa (BID) nacional, especialmente a do segmento aeronáutico. Sem o AMX, a Embraer não teria adquirido os conhecimentos para desenvolver e produzir a família de jatos regionais ERJ-145. Tamanho foi o sucesso de vendas que o país passou a deter a terceira maior indústria aeronáutica do mundo. Os benefícios do AMX não pararam por aí.

Ao exigir a transferência de tecnologia, o comprador vai pagar mais caro por isso tendo em vista que estruturas serão criadas e capacitações serão proporcionadas para técnicos e engenheiros. O prazo de entrega também fica dilatado, pois não se trata de um produto pronto, de prateleira, que só basta pegar e pagar por ele.

Em 18 de dezembro de 2013, o vencedor do F-X2 foi anunciado pelo governo brasileiro. Era o caça Gripen E/F da sueca Saab, com 36 unidades sendo adquiridas para equipar dois esquadrões na Base Aérea de Anápolis, começando pelo 1º GDA. Reformas, ampliações e modernizações foram incluídas na base para que essa tivesse condições de receber o novo caça.

Além de ser o vetor que supria as capacidades técnicas, logísticas, industriais e operacionais, sendo capaz de transformar a aviação de caça da FAB, era a proposta que mais carregava o fator de transferência de tecnologia. Por ser um programa em desenvolvimento, era o único que abrangia tantas possibilidades de envolvimento da BID brasileira em diversas áreas.

Em dezembro de 2014 foi assinado o contrato do Gripen, seguido pela aprovação do financiamento por parte do congresso nacional em agosto de 2015, dando início prático à execução do programa.

Logo depois, o Brasil entrou em uma nova crise econômica que interferiu no fluxo de pagamentos e consequentemente no cronograma. Não afetaria só do Gripen no futuro, mas outros programas de aquisição e modernização em andamento como o do H225M e do KC-390.

Diante deste cenário complexo, de atrasos e de ameaça à perda da capacidade operacional, resta à FAB tomar medidas para encontrar uma solução imediata, dando fôlego até que todos os F-39 Gripen do primeiro lote sejam entregues e as aquisições dos próximos lotes sejam contratadas. 

O programa continua

Opiniões apocalípticas tem sugerido que o Brasil perdeu interesse no Gripen, que está descontente com o programa e alguns casos citam o início do “F-X3”.

Antes de mais nada, o F-X2, que resultou na compra do Gripen, é um programa de Estado, não de governo. Começou no segundo mandato do governo Lula, foi escolhido, teve o contrato assinado e o financiamento aprovado ao longo dos governos Dilma, começou a ser recebido no governo de Bolsonaro, continua em andamento no governo Lula e será mantido pelos próximos anos independente da legenda partidária que assumir a chefia do poder do Executivo.

Assim como no AMX, que recebeu o apelido de F-32 porque custava duas vezes o preço do F-16, novamente é preciso olhar sob a ótica de que o país não está comprando apenas um caça, mas toda uma transferência de tecnologia que incluiu, em São Bernardo do Campo, a linha de montagem de aeroestruturas e o laboratório de sensores; em Gavião Peixoto, um verdadeiro hub de desenvolvimento do programa, o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen, o Centro de Ensaios em Voo do Gripen e a linha de produção final do caça. Além disso, houve a capacitação técnica de mais de 350 profissionais de empresas que compõe a BID. O país sabe o valor estratégico de um programa como este e os benefícios de longo prazo.

O Gripen deverá ser mantido em serviço por pelo menos 40 anos e caso a compra do F-16 seja concretizada, o número ainda será inferior ao necessário.

Mas continuando com os fatos, em apresentação sobre os projetos estratégicos da FAB para a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), em abril passado, o comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno atentou para a intenção de aumentar a linha de produção do Gripen no Brasil e adquirir mais exemplares, uma clara sinalização de que futuras encomendas do mais moderno caça em serviço na América Latina e um dos mais avançados em serviço no Hemisfério Sul estão nos planos da FAB.

COMPARTILHE

Respostas de 35

    1. Não há Gripen C excedente porque a Suécia não comprou NENHUM Gripen E até agora e provavelmente nem compre, devem comprar os F-35 porque não são tão tontos como nós!

        1. O que mais tenho curiosidade em saber, é quando a FAB e o Governo, seja quem for, vai acreditar na capacidade da nossa indústria, no caso maior, a Embraer, de construír aquilo que a FAB precisa, afinal, porque se criou uma indústria aeronáutica no País, não foi pra isso? O próprio Osires Silva, fundador da Embraer, já havia dito que não precisava sequer ter comprado o Gripen, bastava encomendar à Embraer e eles fariam, pois tem capacidade técnica pra isso! Mas, todos os Governos, sem exceções, derrapam nisso e o País, continua dependendo de importação, quando poderia exportar como acontece agora com o KC-390, o melhor exemplo na capacidade de nossos engenheiros em fazer um produto inovador, desruptivo, é só apoiar!

          1. Marcos,

            Tudo depende das necessidades identificadas corretamente na fatia de mercado a ser explorada. Assim foi com o KC-390, produzido para adentrar o nicho do C-130 frente a necessidade corretamente identificada de muitas forças aéreas, a verem suas aeronaves de transporte nos terço final de suas vidas uteis e vendo crescer a urgência por um substituto.

            Para um produto ser viável, ele tem que se pagar. E a única forma disso é garantir as vendas em volume necessário. Simples assim.

            O exemplo do KC-390, aliás, se verifica com praticamente todos os produtos da empresa brasileira, que se tornaram sucesso justamente por adentrarem nichos onde eram necessários e – isso é importante – não havia concorrência séria.

            Não se trata, portanto, de capacidade.

            Uma aeronave de caça brasileira encontraria pela frente pesos “pesados” produzidos em larga escala já há décadas, e com carteiras de clientes muito firmes.

            Agora… se me pergunta o que deveríamos fazer… digo que deveríamos estar pensando em munições antes da plataforma.

      1. Liuber,

        A força aérea sueca mantem uma encomenda firme de 60 Gripen E. Serão obtidos pela construção de novas fuselagens e aviônica, aproveitando apenas alguns dispositivos de células desativadas. Aliás, até onde já li, a variante a ser adotada por eles irá incluir basicamente todas as modificações brasileiras.

        Os suecos pretendem manter em operação tanto Gripen C/D modernizados quanto os novos E.

        Existem cerca de vinte células estocadas na Suécia, aguardando destino.

  1. João Paulo

    Boa tarde
    Parabéns pelo excelente artigo.
    Esperamos que, com ou sem a compra de caças F16 usados, o F39 continue sendo a prioridade.
    Depois de tanto tempo e planejamento, seria de um amadorismo imperdoável interromper o programa.

  2. Gostaria de compreender qual o sentido de urgência da FAB em compra caças usados, tendo em mente que os F-5 ainda permanecem em serviço pelo menos até o final desta década. Ou seja, ao menos mais 6 anos de operação. Será impossível à FAB conseguir pelo menos o aditamento do contrato atual ou um segundo lote neste meio tempo.
    Se o problema orçamentário impede o governo de levar adiante o aditamento do contrato atual, ao mesmo tempo que libera vultosas verbas para outras áreas e interesses que lhes são próprios, como justificar o empenho de valores que poderiam ser alocados em projetos da FAB, inclusive o próprio Gripen. Ainda mais se tratando de uma suposta solução temporária.
    Me parece que o governo, mesmo não demonstrando reação diante dos fatos hora expostos, não está incomodado com o assunto, e deixou à própria FAB responder a eventuais questionamentos. E se é assim, dá a entender que esta compra tem o necessário acorde do MD\governo. Ou seja, não há vontade política – diria mesmo falta de interesse – e institucional em relação ao prosseguimento do projeto Gripen E\F em função das desculpas orçamentárias e financeiras estatais de sempre. Acho que já vimos essa novela antes.

    1. Flavio,

      Os caças F-5 vem sendo desativados gradualmente. As células estão no limite e atualmente somente existem 32 exemplares em operação, que não passarão de 2029.

      Não há perspectiva de prolongar a vida dos caças A-1. Eles serão desativados, gerando uma lacuna que não poderá ser coberta pela entrega de Gripen a curto prazo.

      Considerando o atual ritmo das entregas de Gripen e o tempo da desativação das aeronaves atuais, poderá haver uma desativação em bloco de esquadrões os quais a FAB não pode simplesmente retirar de serviço…

      Logo, uma solução tampão se faz necessária…

    2. Acho que vc não acompanha o noticiario de Defesa. os F- 5 não ficarão mais 6 anos de uso. O F39 so atingira o FOC em 2030. O problema e a falta de um vetor de ataque ate la. Teremos um gap e não foi por falta de aviso da FAB.

  3. T.Br Ar Damasceno atentou p/ intenção de aumentar a linha de produção do Gripen no Brasil e adquirir mais exemplares, uma clara sinalização…

    Se não tem dinheiro para comprar e operar o Gripen, não terá dinheiro para comprar e operar caças velhos.

    Se for questão de tempo o próprio comandante já deu a dica.

    Se tem capacidade de ampliar a linnha de Produção , faça isto , comprando uma quantidade menor de Gripen equivalente com o dinheiro que se deve gastar com caça bem usados e que não será compatível ao KC390 , uma outra linha logística e tanto outras questões para manter em operação. Até a entrada destes , chuto 6 s 8 Gripen novos (Basicos) até la o cenário económico pode ser melhorado, adiquirem mais

  4. A FAB vai comprar algumas unidades de F-16 apenas para não perder a operacionalidade. Com apenas 36 Gripens, vários esquadrões teriam que ser desativados. O correto seria comprar mais Gripens, ao ponto de chegar a 100+ aeronaves, porém sabemos que isso não irá acontecer. O Brasil é realmente um país que não valoriza a defesa.

    1. Quem disse que não teremos mais lotes do Gripen? Ate o momento e so chute. Quem monta uma instalação como aquela na Embraer não esta pensando em 15 F39. O problema do brasileiro e o brasileiro!!!

  5. Toda essa situação revela a falta de compromisso com os programas estratégicos e a ausência de planejamento. Há muito tempo já se sabia da aposentadoria do A-1 e F-5, já se sabia da insuficiência de apenas 36 F-39 e do atraso no cronograma de entregas. E não, não adianta levantar a enterna “falta de verba”, se fosse esse o caso nem dinheiro para cogitar um caça tampão averia, sem comprometer gravemente o próprio Gripen. A FAB e o Estado tiveram tempo para planejar essa transição de aeronaves, por exemplo, com a modernização e reposição de A-29s, incremento contratual no próprio programa Gripen, talvez um aluguel de Gripens C/D, mais simuladores, entre outras medidas que poderiam mitigar a falta de caças até a implementação aceitável do F-39.
    Agora não adianta esse “desespero”, mesmo que hoje fosse firmado um contrato de 24 F-16, quando essas aeronaves seriam entregues? O custo financeiro e de recursos humanos na aquisição, treinamento, calda logística e infraestruturam justificam essa pretensão?

  6. se vier f16 usados e depois poder modernizar e válido ou gripen c/d e depois modernizar no futuro também e válido o pior agente já aguentou com os f5 e amx que mesmo com suas modernizações não era pareo para nossos vizinhos f16 ou gripen c/d e lucro temos muito que reclamar não ainda mas com cortes na defesa aí é só ver a situação da avibras aí

  7. Já há algum tempo existem apenas 9 A-1M operacionais. Para substituí-los não precisamos de 24 F-16.
    A FAB pretende substituir o A-1M e o F-5M com essa quantidade de F-16.

  8. Observando os comentários dos amigos leitores e demais apontamentos de outros sites, fala-se que o AMX está com sua estrutura no limite da exaustão, porém é o único avião na FAB com tecnologia inteligente, fica minha pergunta, se a EMBRAER produz essa estrutura, porque não produzi-la(menor custo) e transferir a tecnologia existente(maior custo) para essa nova plataforma até que o contrato com a SAAB seja concluído? Teremos um AMX com a estrutura para mais 30 anos, e atenderá no curto prazo as necessidades atuais, sem restrição tecnológica, sem custos adicionais de logística, peças e armamentos, gerará empregos na EMBRAER e subsidiárias, e patrocinará a Indústria Nacional de Defesa.

    1. Pelo que entendi, sua proposta seria adequar o “recheio” (tecnologia) na “estrutura” (fuselagem) do AMX.
      Isso não faz sentido.
      Primeiro, a linha de produção do AMX está fechada há mais de 20 anos. Pensar em reabri-la é algo com elevados custos, especialmente na recapacitação da mão de obra para o projeto em si, pois, em mais de 20 anos, retomar a fabricação de um produto completo não é plug and play. O conhecimento se foi. Precisaria haver toda uma qualificação em torno da planta do projeto.
      O que faz abordar o primeiro ponto. Adequar o recheio tecnológico em uma estrutura não é só ir lá e conectar o que precisa ser conectado. Isso envolve toda uma projeção de hardware e software.
      Enfim, muito tempo e dinheiro que são justamente os motivos que levam a se pensar em mais uma caça tampão (F16).
      Não há solução fácil e nem como contornar décadas de descaso com canetadas.
      O nome do caça da FAB é Gripen. Qualquer outra solução é perda de tempo e dinheiro.
      Apesar de ser um fã do F16, sua aquisição, evidentemente, minaria a pouca capacidade que se tem de adquirir mais gripens, o que deveria ser tido como inaceitável, visto que se gastou muito dinheiro para comprar um caça acompanhado de várias contrapartidas à indústria nacional, as quais, sem demandas, terão o mesmo destino das contrapartidas do projeto AMX, cuja linha de produção foi fechada por ausência de demandas, o que tornou a manutenção do caça uma grande problema para a FAB, diante da indisponibilidade de peças e mão de obra especializada no projeto em so.

  9. Excelente matéria. Concordo com a FAB. Não podemos perder mais 2 esquadrões e o treinamento de todos os pilotos envolvidos. Não tem dinheiro para adquirir um número muito maior de Gripen E e ainda tem a questão do prazo de entrega.
    Acho muito bem vinda a aquisição de 24 F-16 que algumas mídias indicam que serão do block 40/42.
    Isso não irá acabar com o Gripen E. Acredito que a FAB continuará a intenção de aumentar o 1º lote (talvez + 14 unidades) e terá tempo para adquirir um 2º lote mais para frente, quando for possível.

    1. Sim, irá minar a capacidade de adquirir mais gripens no futuro.
      Não é exatamente NADA, no histórico das relações entre sociedade (Executivo e Legislativo) e Forças Armadas, que digam o contrário.
      Em um país com tantas prioridades, sempre se olhou para gastos militares, independente de quais sejam, como algo secundário.
      E, se é difícil incluir, nas peças orçamentárias (PPA, LDO e LOA), as dotações suficientes para custear os gripens já contratados, imagine incluir uma nova aquisição de gripens, passando por todo o processo legislativo, após comprarem 24 caças usados.
      É evidente que a aquisição de qualquer caça irá impactar na capacidade de se contratar mais gripens.
      Se atente que o problema não é faltar dinheiro. O problema é não conseguir enquadrar projetos no dinheiro disponível, pois não se entende como algo prioritário ou sequer necessário.
      No mesmo orçamento que dificilmente se consegue colocar projetos importantes, como a conclusão do pagamento do próprio gripen, ou dos projetos de construção de ferrovias em andamento no Brasil, estão coisas esdrúxulas como fundo eleitoral, fundo partidário e uma infinidade de gastos completamente injustificáveis.
      Somente com o dinheiro destinado ao fundo eleitoral, a cada dois anos, conseguiríamos custear mais 72 gripens em 10 anos, chegando ao que se pensava ser ideal (108).
      O problema não é dinheiro. É falta de prioridade.
      E quando você dota a força com mais 24 caças usados, o que já não era tido como necessário, passa a ser menos ainda.
      O problema é que os tais 24 caças, na próxima década, precisariam ser substituídos.
      E aí, vai fazer o que? Pensar em comprar mais gripens, cuja linha de produção já pode até ter sido fechada? Com 15/20 anos de avanço tecnológico a frente?
      Não tem o menor sentido deixar o gripen de lado por uma compra de 24 F16.

      1. Alguns países como a Argentina pagaram cerca de U$ 12 mi em um F-16 usado. Um Gripen E novo deve custar cerca de U$ 85 mi ou 7x mais caro. A FAB tentará aprovar um aumento no 1º lote e talvez também tentem um 2º lote, mas dificilmente conseguirão unidades suficientes para dotar 6 esquadrões completos (que é o que temos hoje), sem falar os 2 esquadrões que foram desativados em 2016 e 2021 conforme a matéria.
        Caso a FAB queira reativar estes 2 e ficar com 8 esquadrões, então o número de caças aumentaria bastante.
        O orçamento militar está engessado, não sobra dinheiro, será quase um milagre conseguir +14 no primeiro contrato e talvez mais uns 10 ou 12 em um segundo lote. Ainda assim faltariam caças, portanto acho interessante a aquisição destes 24 F-16 usados para aumentar o número de caças na força.
        Sobre substituição faz ainda mais sentido, um caça usado que vai durar 15 ou 20 anos poderá ser substituído por um caça de nova geração (5a ou 6a geração) que poderá ser desenvolvido pela SAAB com participação da Embraer.
        Já se o Brasil tiver uma frota mais nova somente composta por Gripen E, só teremos demanda para a próxima geração de caças em 2065.

  10. Apesar de ser uma ótima aeronave, não faz nenhum sentido adquirir F16!
    Não é só comprar, tem todo um gasto extra com treinamentos, nova linha de manutenção, a compra forçada de outra aeronave REVO com outro sistema diferente que não será reaproveitado depois…
    O ideal seria realmente Gripen C/D mas talvez só tenham os da África do Sul disponíveis. E poucas unidades caso realmente estejam disponíveis
    Então não valeria a pena apostar nos M346? Uma aeronave “nova”, que resolveria 2 problemas de uma só vez (treinamento avançado e suprir combate ar-solo) por fração de custo de outras aeronaves!
    Teria a questão prazo de entregas a ser analisada também…mas na minha modesta opinião, seria o mais sensato!

  11. Não faz sentido comprar um avião antigo. A FAB poderia adquirir avião novo e o M346FA e o FA-50 são o que tem no mercado. São possíveis e iriam complementar os Gripens e servir como substituto dos A1 e F5 e ainda realizar a transição dos futuros aviadores para o avião a jato. Segundo o site Defesanet, um M-346FA pode ser adquirido por menos de 30% do preço de um Gripen E

  12. Talvez seja a hora de encarar a realidade. O Joker e/ou o Centauro, precisam entrar na era dos drones. Sinto muito para os pilotos, obrigado pelos serviços, mas a partir do ano que vem, o Super Tucano é o destino deles. Aliás, adquirir mais ST, e fazer logo a MLU dos demais, sim é importante.

    Quanto ao programa Gripen…vamos seguir como pudermos, paciência. Mesmo que demore 8 ou 10 anos, para termos pelo menos 60 unidades.

    Drones de ataque, há varias opções no mercado, muito letais, e extremamente mais baratos que um caça pilotado. Considerando nossas ameaças regionais, seriam decisivos em qualquer conflito.

    Desapegar do passado é dificil, mas é preciso. Estamos vendo, em tempo real, na nossa frente.

  13. É difícil ser passageiro num país desse, uma verdadeira agonia. O país não tem projeção para o futuro, não um distante, mas curto, logo ali. Nações predadoras estão de olho nas reservas do sul, de posses fracas, governos corruptos, governos empossados por eles. Pensem, o que é melhor, abrir crateras profundas em suas terras ou na lua, ou se apossarem de montanhas e florestas do sul? Terras conquistadas facilmente, retiradas das mãos de imbecis como o nosso governo. Vide o caso Ucraniano, sem entrar no mérito das alegações envolvidas, o governo frágil, diria até que se trata de um fantoche, suplicando por ajuda externa, sem ter absolutamente nada a oferecer às aves de rapina que “montaram” aquele conflito, o que irá acontecer quando tudo acabar, em um caso hipótese, vencerem a Rússia? O que exigirão da Ucrânia? De que forma vai pagar? Agora pensem nessa república tropical daqui, ignoram todas as projeções, não se ocupam das precauções, depois, tomada de assalto, recorrerão a quem? Vamos de F16, mesmo, é a melhor opção. ledos porquinhos, essa tralha vem equipada com mecanismo, que em caso de emergência, de emprego real, o “chip” bloqueia qualquer ação não autorizada. E o dono dessa tralha não te vende o mais moderno, o cliente de “segunda classe” não pode adquiri-lo. Vai lá porquinho, se humilha pra ele! Não se incumba você mesmo se sua própria existência, outros cuidarão!

  14. Infelizmente entra governo e sai governo. seja de direita ou de esquerda e a área de defesa no Brasil sempre foi esquecida. Perdemos a Engesa e a Avibras está a beira da falência ou passando para as mãos de uma empresa estrangeira e por aí vai. Projetos militares que levam anos e anos por causa da burocracia e falta de verbas. Talvez quando o Brasil acordar seja tarde demais. A Ucrânia está aí como exemplo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *