Tamandaré próxima de entrar em operação


A fragata Tamandaré (F200) está conduzindo testes de mar, cuja conclusão está prevista para 2026. Nesse estágio de avaliações técnicas, o navio deixou o Estaleiro Brasil Sul, da empresa TKMS, em Itajaí (SC), na última quinta-feira (3) com militares e civis a bordo. Concluída essa etapa, a embarcação seguirá para os preparativos de incorporação e posterior entrega ao setor operativo da Marinha do Brasil (MB), passando a servir diretamente aos interesses do País e da sociedade brasileira.

Os testes de mar do primeiro navio do Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) estão em andamento desde agosto. De acordo com o futuro Comandante da F200, o Capitão de Fragata Gustavo Cabral Thomé, essas provas têm o objetivo de confirmar a robustez, a segurança e a confiabilidade do navio. “Estamos na fase de aceitação de mar dos sistemas de combate, esse momento visa garantir que as cadeias funcionais dos sensores até o armamento, propriamente dito, estão sendo cumpridas sem nenhum óbice, garantindo a operacionalidade e funcionalidade dos sistemas”, detalhou.

Como etapa prévia, foram feitos testes em relação à plataforma. Após os resultados bem-sucedidos, a Tamandaré avançou para a etapa atual, em que o navio executa os requisitos que foram contratados. Segundo o CEO da Águas Azuis, responsável pela execução do programa, Fernando Queiroz, atualmente está sendo testadas todas as cadeias funcionais dos respectivos sistemas de combate e a integração entre elas.

“Todos esses fatores precisam se falar para que o CMS, que é o ‘Combat Management System’, tenha uma gestão eficiente e possa trazer o melhor resultado. Para quem precisa decidir qual atuador (componente do sistema que converte energia em movimento físico) utilizar, baseado em qual informação e em qual sequência. Esse sistema é todo preparado para fornecer essa informação e executar a missão conforme necessário”, ressaltou o CEO.


TECNOLOGIA EMBARCADA

A Tamandaré incorpora tecnologia de ponta, conta com um avançado sistema de combate integrado, sensores de última geração, incluindo radares de vigilância aérea e de superfície, sonar de casco, além de sistemas eletro-ópticos e infravermelhos. Sua arquitetura é compatível com padrões da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o que permite interoperabilidade com outras Forças. O projeto também incorpora elementos stealth” que reduzem a assinatura radar (capacidade, dentre outras coisas, de detecção do navio), aumentando a eficácia em missões táticas.

Para o CEO Fernando Queiroz, a Tamandaré traz para o Brasil tecnologias avançadas e comprovadas, que já são aplicadas em diferentes lugares do mundo e em diferentes Marinhas. “A MB recebe um produto tecnológico, que possui o que é usado pelo mundo afora, sistemas totalmente integrados, interconectados com a base, com os outros navios, para que a operação seja o mais eficiente possível e para que a manutenção também seja a mais baixa possível”, afirmou.

Segundo o futuro comandante da Tamandaré, o navio representa um salto tecnológico para a Marinha do Brasil, tendo na tecnologia embarcada seu principal diferencial.

“O elevado grau de automação permite monitorar e controlar praticamente todos os equipamentos e sistemas de forma remota. “Isso garante segurança, precisão e rapidez na execução das ações necessárias e, consequentemente, maior eficiência operacional”, explicou.

Em termos de armamentos, as fragatas Classe Tamandaré contam com sistemas de lançamento de mísseis antinavio, mísseis antiaéreos de lançamento vertical, torpedos empregados na defesa contra ameaças submarinas, além de um canhão de 76mm de tiro rápido, alta cadência e precisão. Dispõe, ainda, de um canhão de 30mm para defesa de ponto, duas metralhadoras 12,7mm e um sistema de despistamento destinado à autoproteção contra mísseis.

As fragatas possuem também hangar e convés de voo adequados à operação de aeronave embarcada, ampliando seu raio de ação e sua capacidade de resposta a ameaças.

Inserido no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o PFCT integra o eixo de inovação para a indústria de defesa, em resposta à necessidade de modernização da Esquadra brasileira. O Programa é considerado um dos maiores no setor de construção naval do País e destaca-se pelo elevado índice de conteúdo local, pela transferência de tecnologia e pela capacitação de profissionais brasileiros.

“Desde o primeiro navio, ele foi feito no Brasil com mãos brasileiras. Com isso, o conhecimento de como se construir um navio de defesa, que possui suas características específicas, como chapa fina e manobrabilidade, já vai ficar implementado e consolidado aqui. Outro ponto importante é que, para essa construção, nós precisamos da base industrial. Com esse volume de conteúdo local, envolvemos mais de mil empresas nesse projeto, que fornecem material específico para o navio, já que nem tudo que é naval, é de defesa”, lembrou.

O CEO destacou, ainda, a importância de desenvolver os softwares dos sistemas no Brasil, possibilitando, assim, autonomia e geração de conhecimento dentro do País. “Atualmente, nós estamos recebendo o código-fonte aqui no Brasil. Com isso, a gente desenvolve um software brasileiro. Isso proporciona capacitação aos profissionais, indústria pujante, possibilidade de exportação e retenção de conhecimento”.


PREPARAÇÃO DA TRIPULAÇÃO

Desde janeiro de 2024, os 154 militares que compõem a tripulação da Tamandaré participaram de cursos técnicos e operacionais voltados aos sistemas e equipamentos do navio. Em agosto deste ano, parte desse efetivo chegou a Itajaí (SC), para acompanhar os testes de mar. Essa etapa de capacitação é considerada essencial para que, em breve, esses profissionais assumam plenamente as responsabilidades de manutenção e operação do navio.

O capitão de fragata Thomé será o primeiro comandante da F200. Sobre sua indicação para a função, ele ressaltou: “Ser escolhido para comandar a primeira fragata da classe é motivo de enorme orgulho e também de grande responsabilidade. Participar dessa fase de capacitação, acompanhar o trabalho no estaleiro e interagir diretamente com as empresas envolvidas, tem sido extremamente enriquecedor. Integrar uma tripulação motivada, aguerrida e competente me traz muita satisfação e espero poder contribuir de forma significativa nos próximos dois anos à frente desse navio, que chega para modernizar e renovar a Esquadra brasileira”.


PRÓXIMOS PASSOS

O PFCT avança em diferentes etapas dentro do TKMS Estaleiro Brasil Sul. Com a finalização dos testes de mar da F200, ela estará pronta para ser entregue à MB no início de 2026. Enquanto isso, a fragata Jerônimo de Albuquerque (F201), a segunda da classe, já está na água, recebendo os sistemas e os equipamentos necessários. A terceira fragata da classe, a Cunha Moreira (F202), está em construção no estaleiro, com seu casco quase sendo finalizado, enquanto o material para o quarto navio já está sendo entregue.

Segundo o representante da Águas Azuis, nesse momento, os quatro navios estão no estaleiro. “Estamos na nossa capacidade máxima; atingimos, agora, o pico de produção. É muito bacana ver esse sonho se transformando em uma realidade pujante, materializada do jeito que a gente planejou. Vemos os quatro navios em diferentes momentos, convivendo e avançando conforme a necessidade da Marinha”, afirmou.

Corte de chapas metálicas da terceira fragata da classe, a Cunha Moreira

Texto: primeiro-tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira / Agência Marinha de Notícias
Fotos: primeiro-sargento (EF) Ferreira


COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *