Opinião: Setembro, o mês da Amazônia!

Por Miriam Rezende Gonçalves (*)

A região amazônica representa 59% do território nacional e detém 20% da água doce de todo planeta, possui 26 milhões de habitantes de aproximadamente 180 etnias distintas. E, é importante ressaltar, que nunca antes a Amazônia esteve tão protegida, inclusive pelo Programa Espacial Brasileiro (PEB), por meio do satélite Amazônia 1, lançado ao espaço em fevereiro , pelo foguete indiano PSLV-C51, do Centro Espacial Satish Dhawan (SHAR), em Sriharikota, na Índia, às 1h54min (horário de Brasília), do dia 28 de fevereiro e que entrou em funcionamento em junho de 2021.

Com a missão de fazer sensoriamento remoto de grandes áreas de nosso território, especialmente a amazônica, ele foi colocado numa altitude média de mais de 750 km acima da superfície terrestre. Com capacidade de gerar imagens de qualquer ponto do planeta a cada cinco dias, ele dará a volta na Terra em 100 minutos, dos quais 65 serão na parte iluminada e 35 na sombra. Quando está na parte iluminada, a temperatura a que ele está sujeito é de 95° C, já na escura cai para -95° C, o que dá uma variação de quase 200° C, em menos de duas horas. Isso sem falar na radiação, visto que no espaço não há proteção do campo magnético da Terra.

Segundo técnicos e especialistas, 70% dos componentes e equipamentos do satélite foram desenvolvidos pela indústria brasileira e todo projeto, concebido no início do ano 2000, trata-se de um marco no PEB por ser o primeiro projetado, testado e operado integralmente no Brasil. Aliás, uma das metas era tentar impulsionar a indústria nacional.

O investimento para desenvolver o satélite foi de aproximadamente R$300 milhões, entretanto, foi lançado ao espaço por meio de um foguete indiano e a contratação do veículo custou 20 milhões de dólares, dinheiro que poderia ter ficado por aqui, caso tivéssemos um veículo lançador.

Desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), e pelo Instituto de Pesquisas Aeroespaciais (INPE), o Amazônia 1 é o terceiro satélite brasileiro em órbita, e, seu trabalho irá somar ao CBERS 4 e CBERS 4A, que já estavam em operação. Segundo consta em relatório oficial “além da floresta amazônica, os dados gerados serão úteis para atender, ainda, as outras aplicações correlatas, tais como: agricultura, monitoramento da região costeira, reservatórios de água, florestas naturais e cultivadas, desastres ambientais, entre outros”.

As imagens providas pelo Amazônia 1, consistem em imagens ópticas com resolução de 64 m e largura da faixa imageada de 866 km. Por ser um projeto de grandes dimensões foi necessário utilizar seis quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, que após ser exaustivamente testado, resultou em mais de duas mil horas de testes elétricos. Depois de concluídas todas as etapas de desenvolvimento, qualificação, integração e testes, vieram a parte de preparação de solo para o lançamento.

No Amazônia 1, foi utilizado a Plataforma de Multimissão (PMM), que representa um conceito moderno de arquitetura de satélites com o propósito de reunir todos os equipamentos que desempenham funções de sobrevivência de um satélite: apontamento, geração de energia, controle térmico, gerenciamento de dados e telecomunicações de serviço, tendo capacidade de atender os requisitos da missão e se adaptar a diferentes cargas úteis.

Na atual conjuntura, a Amazônia ganhou um forte aliado e ficou mais difícil para exploradores atuarem ilegalmente no desmatamento da floresta, em busca de madeira, e, também de ouro, diamantes, minério, nióbio, extratos para indústria cosmética e ou de medicamentos. A Amazônia é um santuário sagrado, riquíssimo, que agora conta com a ajuda do setor aeroespacial brasileiro, todavia, ainda precisamos unir esforços para pensar no desenvolvimento econômico da região. Ressalto ainda que é importante refletir sobre o fato de que o maior motor para o avanço de um país, é o setor espacial, assim como faz as grandes nações.

 

 

(*) Miriam Rezende Gonçalves é escritora e jornalista. Colunista da revista Tecnologia & Defesa. Autora do livro “Alcântara, a história inspirada na História”, uma obra de ficção científica, resultado de mais de 18 anos de pesquisa sobre o Programa Espacial Brasileiro.

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