Operação Calçoene – ASTROS fecham a Foz do Amazonas

Considerada a porta de entrada para a Amazônia, a Foz do Rio Amazonas, litoral norte do País, no Estado do Amapá, é uma área estratégica para a política de segurança nacional. Neste contexto, o Comando Militar do Norte (CMN) realizou a Operação Calçoene, simulando a defesa do litoral brasileiro.

No período entre 11 e 15 de setembro, o município amapaense de Calçoene, recebeu cerca de 1.000 militares e mais de 70 viaturas que se instalaram e movimentaram a cidade, simulando uma ocupação. Junto às tropas estava uma bateria do 6º Grupo de Mísseis e Foguetes (6º GMF), o “Grupo José Bonifácio e Presidente Ernesto Geisel”, equipado com duas viaturas blindadas de combate lançador múltiplo de foguetes (VBC LM Fgt) 6X6 ASTROS II MK3M, cuja função era a bloquear a entrada de embarcações hostis no Rio Amazonas.

“Nós sabemos da cobiça que a Amazônia provoca em todo o mundo e se preocupar com táticas e operações voltadas para a defesa da foz do Rio Amazonas é fundamental para a nossa soberania”, destacou o comandante do COTER, general-de-exército Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira.

A atividade foi coordenada pelo Centro de Operações Terrestres (COTER) e marcada pela interoperabilidade entre as Forças, contando com a participação do Ministério da Defesa (MD), Marinha do Brasil (MB), Força Aérea Brasileira (FAB) e 25 unidades do Exército Brasileiro (EB).

A Força Tarefa de Capacidades Estratégicas para Operações de Convergência (FT CEOC) é um novo conceito de trabalho do EB e estava presente na Operação Calçoene. Dentre as capacidades aplicadas para realizar a experimentação doutrinária em defesa do litoral estavam operações especiais, guerra cibernética e eletrônica, comando e controle, meios antiaéreos e de mísseis e foguetes, inteligência, aviação, manobra e logística.

“Esta é a nossa segunda experiência de Experimentação Doutrinária. A FT CEOC possibilita atuar nas fases anteriores ao combate e permite modelar ambientes operacionais tanto no período de paz, no período de crise e no período de combate. Podemos contribuir para a degradação do poder de combate do inimigo a partir do momento que nós desdobraríamos nossas capacidades antes de propriamente o primeiro corpo de Exército ocupar a posição defensiva”, explicou o general-de-brigada Andrelucio Ricardo Couto, comandante de operações especiais (C Op Esp).

“Esta atividade contribuirá para o adestramento operacional da Força Terrestre, com o emprego de meios que agregam capacidades importantes no combate para atuar na defesa do litoral em ambiente multidomínio, além de possibilitar as discussões doutrinárias conjuntas e nivelar conhecimento entre as Forças, obtendo ganhos mútuos para o adestramento militar”, completou.

O 6º GMF, apoiado pelo Centro de Logística de Mísseis e Foguetes (C Log Msl Fgt), saiu de Formosa (GO) no dia 22 de agosto, percorrendo cerca de 2.000 km, por rodovias, até a cidade de Belém (PA). De lá embarcou em balsa fluvial do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8º BEC) em direção à Macapá (AP), finalizando a fase de concentração estratégica. No dia 10 de setembro iniciaram as atividades no contexto da operação de defesa do litoral, onde se deslocou para Calçoene, em uma marcha de 370 km. Isso demonstrou, mais uma vez, a versatilidade dos ASTROS II se fazerem presentes em qualquer parte do território nacional.

 

Nota do Editor: a revista Tecnologia & Defesa agradece ao coronel R/1 Marcelo Rodrigues Miranda pela disponibilização das informações e imagens. 

 

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Comentários

10 respostas

  1. Imagina o poder de dissuasão quando o míssil tático de cruzeiro da avibras estiver operacional..
    Dependendo do alcance do míssil,o deslocamento de unidades de artilharia e a logística seriam outras.
    Apenas um comentário de leigo..
    Abraço a todos!

  2. Foquetes sem quiagem tem valor militar para alvos móveis como embarcações que, por ventura, entrariam no rio amazonas? Há uns anos atrás li um artigo que seria apenas para alvos fixos. O que mudou de de lá para o momento atual?

  3. Eu moro na região metropolitana de Macapá… No dia 7 de Setembro essas unidades estavam presente no desfile, foi muito bacana vê-los de novo (depois da experimentação logística que fizeram alguns anos atrás)…

  4. Moro em calçoene ap e confesso q fiquei maravilhado com a presença do exército brasileiro!

  5. Ótima demonstração de poder dissuasório.

    Porém, o que a Avibras precisa agora é de encomendas. Enquanto isso, temos colaboradores da empresa, operadores, técnicos e até mesmo engenheiros, estão espalhados por todo o Vale do Paraíba, fazendo bicos, trabalhando como terceiros dentro de empresas por toda a região, por salários bem inferiores, ou se sujeitando a longas jornadas de trabalho, enquanto aguardam uma solução, especialmente quem trabalha na fábrica da Avibras em Jacareí.

    Se o governo federal continuar enrolando e não fazer novas encomendas (Já que vendas para outros países demandam tempo bem maior de negociações) para a empresa, deveriam liberar a Avibras para buscar novos parceiros, mediante venda de parte do controle da empresa (embora prefira que ela continue sob controle 100% brasileiro) ou permitir que ela vendesse para os ucranianos, via OTAN.

  6. Calçoene, fica a +/- 300 km de Caiena, que coincidência o alcance da versão de exportação do AVMT-300…
    E fora do alcance dos foguetes para a Foz do Amazonas.

    1. De fato e aproximadamente 350km de Kourou, que é o centro de lançamento de foguetes da França/União Europeia…. Mas também dentro do raio de ação do MTC-300 para as plataformas de exploração de petróleo na região em debate entre a Petrobras e o IBAMA…
      A Foz do Rio Amazonas é o de menos, já que é só reposicionar as baterias para outros locais, como o município de Amapá, ou Cutias do Araguarí, ou Itaubal… Claro, se formos ficar apenas com o MTC de 300km (que é basicamente para exportação, pois para o EB e CFN, com certeza deverá existir um MTC com maior alcance)

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