Nova versão do Guarani – Transporte de morteiro de 81 mm

Na manhã de hoje, dia 10 de março, durante a cerimônia de entrega de material fabricado e revitalizado pelo Arsenal de Guerra do Rio (AGR), o “Arsenal Dom João VI”, subordinado a Diretoria de Fabricação (DF), foi apresentado o protótipo da viatura blindado de transporte pessoal (VBTP) 6X6 Guarani com o kit para de transporte de morteiro 81 mm.

Denominado inicialmente de ATMM (Acessório para Transporte do Morteiro e Munições), este sistema foi desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), a partir de experiências realizadas pelo 1º Regimento de Cavalaria Mecanizado (1º RC Mec), de Itaqui (RS), nos anos de 2021/22, e de acordo com a diretriz EB20-D-04.012, aprovada em setembro de 2022. Foi totalmente fabricado pelo AGR, com componentes da indústria nacional, e tem como finalidade dotar as frações de tropa responsáveis por prover o apoio de fogo indireto com o morteiro de 81 mm nas brigadas mecanizadas, as “Brigadas Guarani”, em nível de pelotões ou companhias/esquadrões, com a mesma mobilidade e proteção da tropa apoiada.

Esquema do ATMM

O Guarani com o ATMM transportará um morteiro AGR de 81 mm (Mrt Me Acg 81 mm) e 63 granadas (todas acondicionadas de forma segura), bem como toda a sua guarnição, composta pelo comandante, motorista, atirador, auxiliar do atirador e municiador.

Um dos requisitos do projeto foi que a viatura não deveria ter que passar por modificações em sua estrutura (cortes, furos, soldas, etc.), sendo aproveitados os pontos de fixação e ancoragem já existentes (pontos de fixação dos assentos da guarnição embarcada), o que permitirá que sua conversão (e “desconversão”) seja feita nos Parques Regionais de Manutenção ou Batalhões Logísticos, após a capacitação para montagem  desmontagem de seus militares pelo AGR, que será o responsável por sua fabricação.

Por conta da distribuição de peso, o kit foi desenvolvido para ser utilizado nas VBTP 6X6 Guarani dotadas de torre blindada manual Platt, não influindo em sua flutuabilidade, sendo que a viatura utilizada como protótipo pertence ao 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado – Escola (1º BI Mec -Es), do Rio de janeiro (RJ), e este passará por uma colaboração técnica junto ao Centro de Avaliações do Exército (CAEx) nos próximos meses.

Detalhes do interior da viatura com o ATMM

A demanda do EB para este tipo de viatura é de 180 unidades e a previsão do AGR é de produzir 50 destes kits por ano, sendo que, ainda em 2023, será entregue mais um protótipo pronto para testes e 15 kits, que servirão para a montagem da linha de produção.

É importante ressaltar que esta versão não é um substituto para o projeto da viatura blindada de combate – morteiro (VBC Mrt) 6X6 Guarani, cuja Consulta Pública para aquisição (“request for quote” – RFQ) está prevista para este ano, que objetiva atender a demanda das brigadas Guarani para uma viatura de combate dotada de um morteiro de 120 mm, a serem empregadas em nível de batalhão/regimento.

Este é mais um trabalho que mostra a competência da Força Terrestre em atender as demandas de suas tropas operacionais, com soluções de engenharia confiáveis e de forma autônoma.

Além do Guarani ATMM, foram apresentados mais 10 morteiros de 120 mm, prontos para serem entregues, e a pá-carregadeira com kit de blindagens para operações GLO, que passará entregue ao CAEx para avaliação (Fotos: AGR)

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Comentários

38 respostas

    1. Esta é uma viatura para transporte, uma VBTE, de armamento e de sua fração operadora, e não uma VBC.

      1. Ótima notícia!
        O blindado é ótimo, projetado para expandir bem além de sua função básica para mais de 15 tipos de variações.
        Com o boato da redução de pedidos, achei que boa parte delas tinha fixado comprometida.
        Na espera da versão VBC MRT.

    1. Prezado

      Acredito que isso tenha sido uma informação errônea, tirada de uma conclusão equivocada, de quem não conhecia o projeto como um todo.
      Pelo q me lembro, de quando estava fardado ainda, as 1580 Vtr do Projeto Guarani contemplam todas as versões. Ou seja, as 4×4, 6×6 e 8×8.

      1. Mas o contrato de 2044 viaturas, posteriormente reduzido para 1580, foi assinado com a Iveco e, aquele tempo, a única licitação vencida pela empresa era do Guarani 6×6.
        Portanto, legalmente, não poderia contemplar viaturas 4×4 e 8×8, até porque não haviam sido selecionadas.
        Lince e Centauro foram escolhidos posteriormente, em outras licitações, com outros contratos assinados. Nada impediria a compra do Avibrás Tupi 4 x4 ou do Norinco 8×8 e o contrato seria a parte do firmado com a Iveco.

  1. Trata-se de uma ideia interessante. Longe do ideal, que seria um morteiro 120mm moderno, automático e preciso, mas melhor que nada.
    Torço para que seja boato a redução de encomendas do Guarani, assim como gostaria que o EB comprasse armamentos para ele, em especial, morteiros 120mm e canhões 30mm.
    Também poderiam fazer uma versão com canhão antiaéreo, uma necessidade bastante atual graças aos drones.

    1. Prezado
      O Mrt 120 é para os Pelotões de Morteiro Pesado.
      Os Mrt 81 são das Companhias de Fuzileiros e dos Pelotões de Cavalaria Mecanizados.

      1. Obrigado pela explicação sobre como funciona a estrutura de distribuição de morteiros no EB.
        Só quis enfatizar que um Guarani com um morteiro de 120mm devidamente instalado é uma arma muito mais eficiente do que um Guarani que transporta um de 81mm para ser desembarcado, usado pela tropa e guardado novamente.
        Esses morteiros seriam complementares no EB, ok.
        Mas tenho medo de abandonarem o 120mm em razão “de já ter um Guarani com morteiro”.

      2. O que talvez ele queira dizer é que usualmente viaturas porta-morteiro são armadas com morteiros de 120mm e podem dispará-lo do seu interior; esse arranjo do EB é bem inadequado, o morteiro precisa ser desembarcado e acaba perdendo a mobilidade e proteção que a viatura proporciona.

      1. Marcelo, seja mais respeitoso, por favor!
        Eu li e fiz uma conjectura. Você pode não concordar, mas não há qualquer garantia que futuramente o EB irá dotar os Guaranis com morteiros 120mm. Ele tem intenção, assim como tem de ter aviação de asa fixa, helicóptero de ataque, MBT pesado, defesa antiaérea de média altura, dentre outros.

  2. No Texto informa que a tripulação de operação é : “comandante, motorista, atirador, auxiliar do atirador e municiador, além do motorista e atirador da metralhadora da viatura.” Não ficou muito claro seriam 7 pessoal na viatura?

    Caso não então seriam 5, onde essa tripulação ira sentada( visualmente nao a assentos para tal quantidade) em uma segunda VTTP que vai em apoio?

    1. Desculpe foi uma falha na revisão do texto, que já foi corrigido.
      Na verdade são somente comandante, motorista, atirador, auxiliar do atirador e municiador.

  3. Excelente hein, ficou muito bacana e o fato de não alterar nada na viatura é sensacional ,parabéns aos envolvidos no projeto !!!

    1. Gustavo. Às vezes, pode ser fogo amigo, tanto de oficiais que não aprovam o projeto quanto de políticos que são contra investimentos militares.
      Daí mandam para imprensa, sem nenhuma definição concreta do EB, apenas para enfraquecer o contrato.

  4. Bastos, conforme o texto, a demanda é de 180 unidades deste kit, capaz de ser instalado em qualquer Guarani. as viaturas assim configuradas fazem o transporte do morteiro,l de 81 mm, que é desembarcado, montado, utilizado, montado novamente e reembarcado. É isso, correto?
    Já no caso da versão equipada como morteiro de 120 mm, a arma é instalada de forma permanente na viatura, sendo operada à partir do interior da mesma, correto? E qual seria a quantidade prevista desta versão porta-morteiro “genuína”?

    1. De acordo com informações que obtive, a demanda apresentada para a VBCMrt-MSR é de cerca de 100 viaturas para equipar as unidades tipo batalhão de infantaria mecanizado (BI Mec) e regimento de cavalaria mecanizado (RC Mec).

    2. O EB tem previstos 12 BIMec.
      São também, se não contei errado, 15 RCMec.
      Cada uma dessas 27 Unidades tem um Pel Mrt P, com 4 Peças de Mrt 120 previstos.
      Fora AMAN, ESA, EsLog e CIBld.

      Provavelmente, não serão todos os RCMec q receberão o modelo embarcado, ou são um pouco mais do q 100.

      1. Caro Velho Alfredo

        Não só a Cavalaria, mas a infantaria mecanizada quer também….posso estar enganado, mas acredito que os Pelotões de Apoio das Cia Fz dos BI Mec também demandam essas viaturas (passando de morteiros 60mm para 81mm), tal mudança inclui que o pelotão de morteiros médios da CCAP (que era 81mm) será migrada para um Pelotão de Morteiro Pesado (120mm) aumentando assim o apoio de fogo de todo batalhão.

        Abraço.

      2. Obrigado pela resposta. Talvez com 120 unidades se consiga mobiliar todas as Unidades citadas por ti.

  5. Bastos, tem-se falado muito no embargo de componentes alemães l, como a transmissão da ZF, para a produção do Guarani para as Filipinas. Já li, inclusive, que esse embargo incluiria também o fornecimento de componentes para os exemplares produzidos para o EB. Na imprensa em geral, falam que esses componentes já estariam sendo produzidos por empresas nacionais. Eu não conheço nenhuma empresa brasileira que produza transmissões, em especial para uso em veículos militares deste porte. O que você tem de informações sobre todo este imbróglio?

    1. Tenho sim: É informação totalmente falsa, plantada por uma mídia de massa sem credibilidade e replicada por “mídias especializadas” sem a menor responsabilidade (coincidente a mesma que que bradou o cancelamento da UT30)

      1. Caro Bastos,
        Nesse caso e principalmente no da redução das encomendas do Guarani, não caberia uma Nota do Exército à imprensa?
        É uma notícia ou boato muito relevante para a o EB manter silêncio, pois acaba prevalecendo o ditado “quem cala consente”.

      2. Obrigado pela resposta, Bastos. Tem-se observado nos últimos 2 ou 3 meses o surgimento de notícias que desacreditam e sugerem incompetência e/ou má gestão do EB em seus programas. Notícias que citam fontes do tipo “um general disse”, “conforme informações obtidas”, etc. No caso desses componentes, não citam quais seriam e nem qual empresa nacional estaria produzindo-os. É uma guerra de bastidores, dentro do próprio governo, com motivações políticas.

  6. Boa tarde.
    Sr. Paulo Bastos, neste projeto descarrega o morteiro do Guarani e monta para o 1º disparo. Quanto tempo leva para o primeiro disparo? Depois desmonta e carrega no Guarani e sai do local para não ficar muito tempo no local e correr o risco de tiro de contrabateria. Correto? Quanto tempo para esta etapa? Me parece tudo lento demais. Estou errado?

  7. Bem observado o ponto de vista e corroboro com a ideia de ser um exemplar pouco eficaz no combate, diferente de um projeto com o Morteiro já instalado sem a necessidade de “monta …desmonta”….acho que a engenharia aplicada poderia ser melhor trabalhada, automatizando algumas fases na utilização ….”Na verdade são somente comandante, motorista, atirador, auxiliar do atirador e municiador” pelo espaço interno ter 5 tripulantes para uma única atividade fim, acredito que é desperdiçar um veículo de transporte de tropas do nível do Guarani, acredito ser mais viável esse esforço financeiro e de material na obtenção de mais meios rebocados ou na aquisição de mais Unidades do Projeto como se segue em seu escopo original: “8) O Termo de Contrato nº 120-2016-COLOG/D Mat, de 22 de dezembro de 2016, cujo objetivo é a aquisição da Viatura Blindada Guarani, estabelece a fabricação de 1.580 (mil quinhentos e oitenta) Viaturas Blindadas (VB), aditivado para 1.260 (mil duzentos e sessenta) VB, e que outras versões desenvolvidas com base na mesma plataforma poderão ser incluídas na quantidade contratada, entre as quais a VBC Mrt-MSR. Além…. Os sistemas de Armas embarcados na VBC Mrt-MSR devem ser do calibre 120 mm, compatível com munições padrão OTAN”. PORTARIA – EME/C Ex Nº 878, DE 26 DE SETEMBRO DE 2022
    Aprova a Diretriz de Implantação do Projeto Viatura Blindada de Combate Morteiro – Média sobre Rodas (EB20-D-08.056).

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