Nora-B52, uma nova opção desponta no mercado

Durante uma entrevista recente, o presidente sérvio Aleksandar Vucic declarou que seu país estava prestes a fornecer 48 obuseiros autopropulsados sobre rodas Nora-B52, produzido pela Yugoimport SDPR, para “um país amigo que não está em guerra” (deixando claro não se tratar da Ucrânia), mas que, segundo informes, seriam destinados à Argélia.

A versão proposta seria o Nora-B52 NG, que foi apresentado na última edição da Partner – International Defence Exhibition, ocorrida em Belgrado entre os dias 25 e 28 de setembro deste ano.

Apresentação do Nora-B52 NG na Partner 2023

Equipado com um tubo de 155mm e 52 calibres, padrão OTAN, o obuseiro sérvio pode disparar em alvos a uma distância de até 52 km, dependendo do projétil escolhido, e possui um sistema de carregamento automático, alimentado por 30 projéteis, com mais seis armazenados no interior do veículo, permitindo uma cadência de quatro tiros por minuto.

Possui a capacidade MRSI (“Multiple Round Simultaneous Impact”), que permite disparar três projéteis a uma distância de 30 quilômetros e está equipado com uma unidade inercial, acoplada a um sistema de posicionamento por satélite que pode receber sinais das constelações GPS, GLONASS e GALILEO.

O Nora-B52 NG é uma evolução do Nora-B52 M21, possuindo uma completa automação do módulo de disparo, que é controlado a partir da cabine, por uma tripulação de quatro pessoas. O M21 possui uma tripulação de cinco militares e um carregador semiautomático, com 12 projéteis para pronto uso e mais 24 no veículo, mas que permite a utilização de munição mais antiga, como a M107, muito utilizada pelo Exército Brasileiro (EB).

O Nora-B52 M21 possui plataforma MAN 8X8

O Nora-B52 pode utilizar diversas plataformas 8X8, dentre elas a Kamaz 6560 e MAN TGS, e possui proteção blindada padrão STANAG 4569, level 2. Mais de 120 viaturas já foram entregues e estão em operação em cinco países.

É interessante destacar que a Yugoimport foi uma das oito empresas que responderam a consulta pública (“request for quote” – RFQ) número nº 01/2022, publicada pelo Comando Logístico (COLOG) do EB em agosto do ano passado, para a obtenção da viatura blindada de combate obuseiro autopropulsado 155mm sobre rodas (VBCOAP 155mm SR). Posteriormente, um dos representantes da empresa relatou a T&D que haviam desistido de participar da disputa, porém parece que mudaram de ideia.

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Comentários

12 respostas

  1. Infelizmente acredito que essa não será a plataforma a ser escolhida pelo EB. Considerações puramente técnicas não serão o fator exclusivo para a tomada de decisão. Haverão fatores políticos envolvidos.

    1. Politicamente falando, tende à ser francês ou indiano, sendo este último condicionado à aquisição dos KC-390 pela Índia. Já o sistema israelense, pelo mesmo critério, podemos esquecer.

      1. Koprowski, as duas opções indianas, o AWE Dhanush MGS e o Bharat Forge MArG 155-BR, não se enquadram nos requisitos do programa VBCOAP 155mm SR por ainda estarem em fase de projeto.
        Porém nada os impede de participarem do certame (o que deve acontecer) para fazer marketing internacional, como ocorreu com os blindados Eitan, Kestrel e Wahash FSV no VBC Cav, e que foram desclassificados na primeira peneira…
        Veja quem tem reais possibilidades aqui: http://tecnodefesa.com.br/vbcoap-155mm-sr-uma-analise-do-mercado/

        1. Bastos, dei outra olhada na matéria do link e pela foto,e após dar uma pesquisada, o SH-15 tbm desce o tubo e o apoia no meio da cabine(não tanto quanto se vê na foto do Caesar), isso pode ser um diferencial positivo pro veículo chinês na disputa em detrimento do Atmos que, conforme sua resposta na matéria em questão, não foi feito pensando em caber em um Hercules etc. ???

        2. Porque ao invés de apenas comprar o nosso Exército não aproveita o que há de melhor em nossa tecnologia de defesa, que está pronto, consubstanciado no Sistema de Artilharia 155mm/52 AP SR Tupã, da Avibras Aeroespacial, que chegou a ser anunciado na Eurosatory de 2014, em uma parceria com a Nexter para adaptar o sistema de CAESAR nos veículos da família Astros MK6, com chassi Tatra T815-7 6X6, aproveitando também toda a estrutura de comando e controle (C2) e meteorológico do Sistema Astros 2020, padronizando a frota da Artilharia. Este programa chegou a ter um convênio entre a empresa, o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) para seu desenvolvimento.

  2. Eu li o titulo tão rápido antes de entrar na noticia, já que estava indo ler sobre o novo monoculo OLHAR, que imaginei que o sistema estava desapontando no mercado, ainda bem não é o caso

  3. quais são as chances do veículo eslovaco da Konstrukta? não vejo nada sobre ele e na matéria anterior ele também é citado

    1. No artigo “VBCOAP 155mm SR – Uma análise do mercado”, o Zuzana 2 da Konštrukta é citado como uma das seis opções atuais que atendem todos os requisitos do programa.
      A empresa eslovaca me informou que concorrerá com ele e com o Bia 6X6, porem este ultimo ainda é um protótipo (foi lançado este ano na DSEI), portanto sem chances de entrar no “short list”.
      Pretendo, mais para a frente, escrever um artigo sobre este sistema (desde que a empresa me forneça as informações que necessito).

  4. Olá Paulo.

    O projeto do BIA 6×6 basicamente se trata da evolução dos mecanismos de carregamento, direção\apontamento e fogo oriundos do ZUZANA\DANA, modernizados e adaptados, como no caso do EVA, e do DITA e MORANA do CSG Group.

    Assim, pode-se dizer, a priori, que estes modelos não são exatamente um projeto novo, mas versões muito modificadas e atualizadas dos mesmos sistemas adotados (e provados) anteriormente, inclusive com a adoção de calibre e munição padrão OTAN, como requer o EB para a VBCOAP SR.

    Particularmente entendo lamentável a decisão pela restrição imposta pelo exército nos RO deste processo no sentido de fechar as portas à maioria dos novos sistemas hoje propostos no mercado, e que, como os obuseiros acima, são produtos com grande capacidade e modernidade, sem que haja, até o presente momento, qualquer indicativo fático que prove sua inapetência para atender os RO e RTLI da VBCOAP SR.

    Do jeito que estão escritas as regras para este certame, dá a entender que isto é, de certa forma, um jogo de cartas marcadas. Senão, vejamos.

    O EVA\BIA, é montado sobre um caminhão já adotado e muito bem aceito pelo EB, no caso do TATRA Force sobre chassi T815-7; considere-se também que a empresa tcheca já indicou a construção de fábrica no Brasil no estado do Paraná, ainda não concretizada. O veículo atende os requisitos postos, assim como o seu obuseiro155\52, principalmente nos aspectos logísticos.

    Sobre uma ótica simplesmente operacional ele atende tudo, ou quase tudo, demandado para a VBCOAP SR. Só não está em linha de produção. E não é, por si, insisto, um sistema que se possa dizer exatamente novo, e que ainda precisa se provar. Idem para MORANA e DITA.

    Essa mesma linha de pensamento relativa aos obuseiros tcheco e eslocavos pode ser aplicada a modelos turcos, sérvios, indianos e outros ainda em fase de desenvolvimento e\ou pré-produção.

    Por fim, uma curiosidade. A Denel Land System praticamente encontra-se em situação pré-falimentar. E no entanto ela teria se apresentado a fim de oferecer o T-5\52, já conhecidos aqui no Brasil, e visto em diversas feiras em anos passados. Também montado sobre chassi Tatra Force T815-7. Pode-se dizer que isto é apenas cortina de fumaça da empresa ou ela de fato tem capacidade de oferecer\atender os RO\RTLI do exército(pergunta).

    1. Flavio, considero a decisão do EB sobre no projeto de aquisição do VBCOAP 155mm SR (que foi a mesma do VBC Cav), de optar somente por produto em “Produção Seriada (Inicial ou Consolidada)”, como mostrei em meu artigo “VBCOAP 155mm SR – Uma análise do mercado”, extremamente pragmática e coerente com sua disponibilidade atual de recursos.

      No citado artigo apresento o que seria produção seriada, bem como os conceitos de projeto, protótipo e lote piloto, conforme documentação da própria da Força Terrestre.

      Os exemplos que citou (Bia, Eva, Morana, Dita ou os indianos) estão todos na categoria de projeto/protótipo, o que obrigaria o EB a disponibilizar mais recursos do que possui para entrar em uma empreitada sem saber se o produto final corresponda com o que foi planejado. E a Força deixou claro que não quer isso.

      O caso do Bia, que de acordo com a empresa eslovaca Konštrukta, será proposto junto com o Suzana 2 (e que deve ser desclassificado na semana seguinte, não entrando nem no Short List), ainda é mais gritante, pois este sistema foi apresentado faz apenas três meses e sequer completou uma seção de tiro, o que faz dele nem um protótipo, mas um mockup funcional.

      Sobre a Denel Land Systems, da África do Sul, ela realmente está passando por graves problemas financeiros, como a Avibras, mas isso não a impediu de participar da concorrência indiana e ser tida como uma das favoritas por lá, superando inclusive as versões locais Dhanush MGS e Bharat Forge MArG 155-BR, exatamente por estes ainda estarem em desenvolvimento, e o T5-52 Condor, mesmo sem ter sido adotado, foi apresentado em 2012, ou seja, ele é um protótipo bem mais maduro!!!

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