Marinha do Brasil cancela programa do KC-2 Trader

Um dos mais conturbados programas da Aviação Naval chegou ao fim. Por meio da Portaria nº 21/MB/MD, de 10 de fevereiro de 2023, o Grupo de Fiscalização e Recebimento das Aeronaves C-1A Trader que seriam usadas para missões de reabastecimento em voo e transporte logístico a partir do antigo porta-aviões A12 São Paulo, que hoje está no fundo do mar a uma profundidade de 5 mil metros no litoral brasileiro.

Histórico

A Marinha do Brasil (MB) comprou oito Grumman C-1A Trader em 12 de agosto de 2010 pelo valor de 234 milhões de dólares dos estoques da US Navy. Já naquele momento, ficou decidido que apenas a metade seria modernizada para um novo padrão incorporando novos motores turboélices Honeywell TPE331-14GR de aproximadamente 1.650shp de potência cada; OBOGS, APU ESA RE100CS, novo painel de instrumentos com quatro mostradores multifuncionais coloridos de cristal líquido; novos rádios HF, UHF e VHF, podendo operar com link tático de dados de forma segura;  sistema de navegação baseado em TACAN, VOR, GPS e navegação inercial; IFF; TCAS; e outros. Os trabalhos seriam realizados pela Marsh Aviation, localizada em Mesa, no Arizona. Posteriormente, outros parceiros integraram o programa como a Elbit Systems of America.

Os demais exemplares seriam desmontados e usados como fonte de peças de reposição.

As aeronaves seriam operadas pelo  1º Esquadrão de Aviões de Transporte e Alarme Aéreo Antecipado (VEC-1) que não chegou a ser ativado.

Designados KC-2, após a modernização, as aeronaves seriam capazes de fazer voos de transporte logístico (podendo levar até 10 pessoas e até lançar paraquedistas até 25 mil pés de altitude) e de reabastecimento em voo, fornecendo uma hora de voo para um Skyhawk ou meia hora de voo para dois Skyhawk.

Numa fase posterior, a MB planejava a expandir o leque de missões incluindo de alerta aéreo antecipado. Para esses, poderiam ser integrados o Eliradar HEW-784 ou o Thales Searchwater 2000AEW.

Resultados concretos

Dos poucos resultados concretos sobre esse programa, além da aquisição das aeronaves, foi o acionamento dos motores do primeiro KC-2 Trader, que ostentava a numeração “27” em 15 de novembro de 2018, na Elbit Systems of America (ESA), em San Antonio, no Texas, o que abriria caminho para o primeiro voo a ser realizado em setembro de 20219 e as entregas no segundo semestre de 2021.

Além disso, foi feito o treinamento da primeira tripulação para voar o KC-2, em 2017, nas aeronaves Beechcraft King Air e no jato de treinamento avançado Boeing T-45 Goshawk incluindo pousos e decolagens embarcado.

Infelizmente, porém, o programa chega ao fim sem que um exemplar se quer tenha voado. Não se sabe, agora, o que será feita com as aeronaves que estão nos EUA.

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Respostas de 22

  1. Já era tempo, passou o Time, agora tem que ver se há multa por quebra de contrato. Esse projeto, devo dar o braço a torcer, foi uma viagem da Marinha.

  2. “Não se sabe, agora, o que será feita com as aeronaves que estão nos EUA.”

    Um programa predestinado ao fracasso, assim seria a modernização do Cascavel

        1. só que a diferença e que os cascaveis já era um programa existente faz tempo e será modernizados aqui e não fora inclusive a Marinha viajou feio nesse programa viu

  3. O que se precisa é ser levantado quanto foi gasto com o projeto.

    Desde o contrato de cara das aeronaves (onde o valor unitário já é conhecido), passando pelas atualizações e modificações, até o gasto com o escritório existente no local, bem como os custos com hospedagem e adicionais dos oficiais (que acredito estarem recebendo em dólar – como em missões de paz) que lá estavam presentes.

    O TCU precisa investigar este programa, mesmo sabendo que não vá dar em nada.

  4. A MB pode operar traquilamente tais aeronaves, sem ficar submetida às ardilosas investidas da FAB produto da inveja e da falta de coleguismo, por se tratarem de equipamentos dotados de sistemas peculiares às operações em navios aeródromos. Além das diversas tarefas originalmente atribuídas a tais veículos aéreos de asa fixa, no mínimo, a MB dependeria menos da FAB no que concerne ao transporte de pessoal e material.
    Não concordo com a decisão tomada, provavelmente pelo almirantado, acerca desses meios aéreos. Seria, como de sempre, a falta de recursos financeiros o motivo fundamental para o cancelamento de tal investimento?
    Uma pena…

    1. concordo contigo! essa aeronaves poderiam muito bem serem aproveitadas para levar algo ou alguém onde as embarcações ou fuzileiros navais estivessem operando. Entre as três forças, a marinha é a pior delas e depende das outras duas para operar. As nossas forças armadas são obsoletas em que tudo é de depender desse governo, continuará assim.

  5. As aeronaves foram compradas 2010, e 2 dos novos motores em 2018. Com isso dá pra ver que a irá da errado.
    Talvez se forem modernizado no Brasil, 2 sairia do papel, já que ia ter mais notícias do projeto

    1. Um show de incompetência, desperdício de dinheiro público e má gestão do orçamento da Marinha.

      Graças a Deus alguém cancelou essa insanidade.

    1. Boa.
      É indignante ver R$ 200 milhões ir para o ralo..
      Isso levando em consideração apenas a prestadora do serviço. Duzentos…
      Isto precisa ser investigado pelo MPM e TCU.

  6. A Marinha seria muito melhor atendida se adquirisse o CASA 295 ASW. É uma aeronave de patrulha marítima, capaz de disparar torpedos e mísseis, excelente para busca e salvamento, capaz de operar sem reabastecer por 11 horas, e que detém excelente capacidade de transporte. Substituiria os Bandeirulhas com mais de 40 anos e eliminaria a necessidade de um avião específico de transporte. Usa os mesmos sensores dos P3AM que operamos.
    Aliás, a aviação de patrulha deveria estar com a Marinha.

      1. Os recursos poderiam vir da desativação da aviação de caça da Marinha, que convenhamos, é risível. Afinal, só teremos caças embarcados daqui a 20 ou 30 anos, e o custo da “manutenção da doutrina” é muito alto. Além disso, o orçamento da FAB com a aviação de patrulha deveria ser transferido à MB, dada a nova atribuição.

  7. Eu sou a favor da asa fixa na Marinha, porém temos que entender que aviões necessitam de um infraestrutura de apoio muito grande e muito cara. Se o MD conseguisse unir a manutenção nível Parque na FAB, o custo seria menor, muito embora vá ficar muito alto se olharmos de modo geral. A Marinha já fez manutenção nível Parque com a FAB e acabou desistindo. Creio que o sonho da Armada em possuir uma aviação de ponta não vai se concretizar. infelizmente!

  8. A MB sempre foi pródiga em primar pela falta de planejamento e continuidade. Exemplos não nos faltam. Cada Comandante impõe seu ponto de vista sobre o restante do Almirantado… ora é foco nos submarinos, ora é foco nos navios de superfície, ora é adquirir NAes ou algo similar. E no final, ficam no mesmo…

  9. Mais um programa na Marinha, sem sentido que fracassa.
    Já passou da hora da força encarar a realidade e parar de sonhar em ser uma força de águas azuis, e colocar dinheiro em um design de força compatível com nosso orçamento e útil de fato em uma eventual guerra moderna.
    Delirar com segunda frota, porta aviões e um monte de submarinos nucleares só vai drenar o dinheiro público e na hora do pau não vamos estar prontos para nada.

  10. O que falta ao nosso MD é entender e aplicar uma real integração das FFAA, principalmente no compartilhamento de estruturas físicas e logísticas focando nos resultados. A economia financeira e de recursos humanos seria enorme, inclusive, realocando e disponibilizando recursos para ciclos de aquisição, pesquisa e upgrades exigidos para o atual e futuros cenários tecnológicos.

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