FALCO 360, a resposta da Nassau ao “novo cangaço”

Nos últimos anos houve um aumento significativo de crimes efetuados por quadrilhas pesadamente armadas, com organização similar a militar e que enfrentam as forças policiais, muitas vezes em superioridade numérica e de equipamentos. Esse fenômeno, antes restritos a algumas grandes metrópoles, onde existem verdadeiras “fortalezas” para dificultar o acesso da polícia (e muitas vezes do Estado), começou a migrar para diversas regiões do país, principalmente no interior, onde cidades inteiras são sitiadas e sua população aterrorizada. O chamado “novo cangaço”, em alusão aos bandos armados que aterrorizavam as pequenas cidades nordestinas na primeira metade do século 20, agora ressurge de forma ainda mais sofisticada (e cruel), com crimes violentos, assassinatos e ações utilizando táticas de guerra e armamentos de uso restrito.

 Para combater essas ameaças, as forças policiais precisam investir pesadamente em inteligência, criando novas estratégias para antecipar esse tipo de delito, mas também possuir meios para responder e contra atacar, de forma rápida, eficiente e enérgica.

 Foi pensando nisso que a empresa brasileira Nassau Security Group, com sede em Barueri (SP), apresentou ao mercado a viatura blindada Falco 360, cujo projeto surgiu com a necessidade do desenvolvimento de uma “Unidade Tática de Intervenção” (UTI), com características específicas para o enfrentamento, pronta-resposta e perseguição destes grupos.

 O projeto é uma evolução de outras viaturas táticas leves, com capacidade para transportar uma pequena equipe tática, completamente equipada, de forma rápida e segura, com a chamada blindagem 360º, ou seja, que protege os seus ocupantes de disparos vindos de todas as direções, apresentadas recentemente, como a Combat Armor Patrol e o Agrale Marruá AM200 CD Blindado III-Plus. Todavia, com um grande salto relativo ao desempenho, devido a sua motorização mais potente, sistema de suspensão projetado especificamente para o projeto e maiores ângulos de ataque e saída, melhor distribuição de peso, que torna a viatura mais estável e com centro de gravidade equilibrado, além de um maior campo de visão e sistemas eletrônicos embarcados que garantem uma melhor consciência operacional.

Testes de pista

Com capacidade de para policiais completamente equipados, o protótipo, que ficou pronto em julho deste ano, foi construído sobre uma plataforma Amarok V6 High AC4, da Volkswagen, de forma que o aumento de massa proporcionado pela blindagem não comprometesse sua estrutura, que teve seu motor preparado eletronicamente para alto desempenho, com uma potência de 300 cv. Possui sistema de tração 4×4 integral e sob demanda, que aliada a sua suspensão modificada, permite comportamento dinâmico bom e seguro, mesmo em grandes velocidades, ou em condições off-road.

Em testes realizados em 15 de julho, no “Haras Tuiuti”, em Tuiuti (SP), atingiu 100 km/h em 12,3 segundos, com “manobra de Stall”, e 13,3 sem a manobra, atingindo 0,62 g de pico de aceleração, apesar de toda sua massa, graças a seu sistema de tração que distribui toda a potência e torque produzido de forma inteligente às quatro rodas. Na aceleração lateral, executado em um circulo de 22 metros, atingiu a média de 0,76 g, e no teste de frenagem, a partir dos 100 km/h, parou totalmente em 57 metros. Valores realmente impressionantes para um veículo de seu porte.

Também foi executado o famoso “teste do Alce”, que simula a capacidade de um veículo desviar subitamente de trajetória a 60 km/h, e a viatura se mostrou capaz de realiza-lo plenamente e com muito baixo índice de tombamento, o grande problema desse tipo de viatura.

Testes off-road

Nos testes off-road, a Falco 360 superou facilmente todas os obstáculos da pista, com rampas de até 66%, escadas e trechos com valas intercaladas, que demonstraram que, quando um ou dois pneus perdiam o contato com o solo, normal nesse tipo de terreno, o sistema de tração demonstrou capacidade para sua transposição.

Sua blindagem é padrão Nível III, de acordo com as normas NBR 15.000 e NIJ 0108.01, resistente a disparos de fuzil 5,56×45 mm e 7,62×51 mm FMJ (“Full Metal Jacket”, Projétil encamisado), e é composta por chapas de aço balístico (a mais leve e resiliente), recobertas por uma camada de polímeros elastômero de alta resistência estrutural (com nióbio e grafeno em sua composição), que aumenta a resistência do material, permitindo a utilização de chapas mais leves, porem mais resistentes, e possui “overlaps” (materiais de sobreposição em aço) em todas as áreas de interseção das portas com a carroceria. Seus pneus especiais “all terrain” e aro 20”, são do tipo Flats Over, que mesmo depois de terem sido alvejados, ou avariados, conseguem manter a viatura em deslocamento, e suas calotas também são balísticas.

Toda a superfície externa da Falco 360 é recoberta por um camada de polímeros elastômero de alta resistência estrutural, que possui nióbio e grafeno em sua composição, garantindo grande resistência a baixo peso

Além disso, possui para-choque de impulsão; proteção anti-tumulto; piso contra granadas e artefatos explosivos improvisados (“improvised explosive device”, ou IED); proteção integral do motor, radiador e outras partes importantes; seteiras (“guns ports”) frontal, laterais e traseira; preparação para utilização de diversas tecnologias embarcada de comunicação, contra medidas eletrônicas, rastreamento dinâmico de alvos e tecnologia para drones; câmeras que cobrem 360º; guincho de 12.000 lbs e diversas outras customizações que visam atender todas as possíveis as necessidades táticas existentes.

Todas essas modificações aumentaram o peso da viatura em 920 kg, porem, devido a sua distribuição, impactando muito pouco no desempenho da viatura (graças as alterações de motor e suspensão) e permitindo uma autonomia de cerca de 400 km.

Os pneus aro 20’’ são do tipo Flats Over “all terrain”, que permitem a rodagem mesmo depois de terem sido alvejados, e as calotas possuem proteção balística.

O interesse das policias

Apesar de ainda estar na fase de testes, a Falco 360 já despertou o interesse de diversas forças de segurança brasileiras, já tendo sido apresentado às Policias dos Estados de São Paulo no mês de julho e Rio de Janeiro, em agosto.

 No dia 16 de setembro, foi apresentado á Policia Militar de Minas Gerais (PMMG), na Diretoria de Apoio Logístico (DAL), em Belo Horizonte (MG), para policiais da corporação, dentre eles o coronel Marcelo Ramos de Oliveira, diretor de Apoio Logístico, o tenente-coronel Juliano José Trant de Miranda, comandante do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o major Antônio Carlos Corrêa Júnior, chefe da Gestão de Resultado e Tecnologia (DAL 5), e outros oficiais. Diversos integrantes de grupos de operações especiais, como o BOPE, GATE e ROTAM, acompanharam a apresentação e testaram com entusiasmo a nova viatura, destacando principalmente suas características de proteção e mobilidades, para situações de enfrentamento com baixo tempo de resposta.

A chegada e apresentação da FALCO 360 à PMMG

 Já estão sendo agendadas apresentações ás policias de outros Estados, para a Força Nacional de Segurança Pública, em Brasília (DF) e, nos próximos meses, deverá ser liberada para realizar testes na Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP).

 Por se tratar de uma viatura versátil, que pode ser empregada em diversas situações táticas de enfrentamento, não só a no “novo cangaço”, mas em comunidades e aglomerados controlados por quadrilhas de trafico de drogas e milicianos, a proposta do projeto é a criação de kit específico para cada corporação e missão, que seja adaptável às viaturas do tipo picape e SUV já utilizadas por estas, e que possua uma rede de fornecedores nacionais, garantindo uma diminuição de custos e manutenção da operacionalidade.

De acordo com Mario Zoadelli, diretor-presidente da Nassau, “é uma inovação no segmento, um veículo verdadeiramente moderno, com uma gama de itens embarcados realmente preparado para a guerra urbana e rural, atendendo uma demanda das policias do Brasil e exterior”.

O Falco 360 pode atender uma grande demanda nas polícias brasileiras e sul-americanas

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Comentários

16 respostas

  1. Interessante o uso da Amarok como plataforma e quê faz todo sentido, já que é a caminhonete média mais utilizada para a função de policiamento, além de outros motivos, como volume interno/espaço, motorização/potência, dimensão (especialmente lateral, pois é mais larga, o que propicia maior estabilidade em manobras).
    Realmente ficou bem interessante.

  2. “Todavia, com um grande salto relativo ao desempenho, devido a sua motorização mais potente.”
    Porém entretanto com maior consumo de combustível.
    Não se consegue uma coisa sem se perder outra em engenharia.
    É um bom projeto sim,as já temos o Marruá blindado, e mesmo a Amarok sendo um veículo civil muito vendido, o que propicia maior disponibilidade de peças de reposição e ampla rede logística (o mesmo oferecido pela Agrale),não há mercado para dois ou mais projetos como este no Brasil.
    Até porque infelizmente nosso governo (via suas várias autarquias),não é o melhor “comprador” do mundo !
    Mas desejo sorte a empresa desenvolvedora.

    1. Você está enganado ela não tem muita venda , manutenção caríssima, peças uma salada total, tem uma versão que para fazer o motor fica mais caro que o valor comercial da Amarok…

      1. Sim. E basta ver o custo da versão civil, que ultrapassa os 300 mil.
        A Amarok é um projeto mais novo, tem motor mais moderno, eletrônica que o Marruá não tem, e faz tudo o que o Marruá faz com mais performance e conforto. Adicionem na equação os locais de reparo, custos de manutenção e logísticas de peças. Incomparável.

    1. Tu análise é mais no sentido de gosto pessoal, do que avaliação dos fatos… E por que afirmo isso?! Porquê sequer cita a Chevrolet S-10.

      1. A Hilux é da fato a melhor e seu custo fica também abaixo do AM200 é próximo da Amarok. Entre as duas, sem dúvida a primeira.
        Já andei com as duas e considero, de longe, a segunda com acabamento mais espartano que a primeira. Ford, depois do que fizeram com o Troller, que era um produto nacional muito valorizado, merece total desconsideração. A S-10 é um ótimo veículo. Gostei mais dele do que da Triton.

  3. Porquê eu tenho uma , 2019 e dá vários problemas, EGR e porai a fora , várias problema na eletrônica, não tem peças e se der pau no motor, pra fazer o valor sai mais caro do que a
    caminhonete!!!
    Não citei a S10 porque estamos falando de caminhonete que mais aguenta pau, que não é o caso da S10 que aliás é muito usada pelos órgãos públicos e frotistas, mas nem se compara com uma Hilux e uma L 200 !!!
    Não é questão de gosto é questão de conhecimento mesmo , é simples dá uma pesquisada, tem várias comparações entre as quatro caminhonetes e no quesito pau pra toda obra Amarok fica praticamente em última…

  4. A minha é usada mais na cidade e viagens para o interior, anda 8km de estrada de terra bem pavimentada até uma simples fiat strada resolveria meu problema, mas preciso de caçamba grande
    Foi tirada zero e já deu problema umas 4 vezes, imagina se fosse usada no interiorzao no dia a dia de uma fazenda… não aguenta!!! Muita tecnologia embarcada !!!

    1. Concordo, tem canais de mecânica falando justamente dos problemas da Amarok.
      Seria mais que bem vindo a Agrale rever as questões dos custos de produção a fim de não inviabilizar comercialmente o Marruá e suas versões.

  5. Ficou bacana mas bem que poderiam, como mencionado, ter utilizado a Hilux ou a L 200(que é um trator).

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