Esquadrões de AMX celebram aniversário na Base Aérea de Santa Maria

Na sexta-feira passada (22), a Força Aérea Brasileira celebrou os aniversários do 1º/10º GAV “Esquadrão Poker” e do 3º/10º GAV “Esquadrão Centauro”, que comemoraram, respectivamente, 77 anos e 46 anos de existência.

Sediados na Base Aérea de Santa Maria (BASM), os esquadrões são os únicos operadores dos caças-bombardeiros Embraer AMX A-1AM/BM. Após 35 anos de operação, essas aeronaves continuam sendo vetores indispensáveis no contexto da guerra moderna.

As unidades têm como missão garantir a manutenção do espaço aéreo brasileiro em uma região estratégica, composta por terrenos de planície e marcada pela presença de diversas unidades do Exército Brasileiro (EB). Simultaneamente, operam em todo o território nacional, cumprindo diversas missões em benefício da Nação.

Essa atuação nacional é sustentada tanto pela missão atribuída aos esquadrões quanto pelas características únicas do AMX. Desenvolvido a partir de um programa binacional entre Brasil e Itália nos anos 1980, o caça é atualmente o único vetor da FAB que utiliza as bombas guiadas por laser Elbit Lizard II e os pods de reconhecimento tático Rafael Reccelite e de designação de alvos por laser Rafael Litening III. Além disso, é o único caça da FAB especializado em missões de reconhecimento tático. No futuro, essas funções serão absorvidas pelo Saab F-39 Gripen, a aeronave mais avançada atualmente em operação na América Latina.

Entre as inúmeras missões já realizadas pelos esquadrões, destacam-se as de ataque a pistas clandestinas utilizadas por criminosos na região norte do Brasil, em plena selva amazônica, conduzidas pelo 3º/10º GAV. Este esquadrão também detém o recorde de permanência em voo da Aviação de Caça da FAB, com 10 horas e 5 minutos.

O Esquadrão Poker, por sua vez, é frequentemente acionado para missões de reconhecimento em áreas de interesse para diversos órgãos federais, auxiliando no combate a crimes ambientais e na vigilância de áreas sensíveis. De forma inédita, em abril deste ano, a unidade realizou o reconhecimento de 19 barragens durante as enchentes que afetaram o estado do Rio Grande do Sul. As imagens obtidas permitiram à Defesa Civil avaliar, em poucas horas, eventuais danos estruturais ou riscos de ruptura nas barragens.

O AMX também demonstrou sua relevância no contexto da CRUZEX 2024, realizada em novembro na Base Aérea de Natal, que contou com a participação de países operando aeronaves modernas, como o F-15C dos EUA, o F-16 do Chile e o próprio F-39E Gripen da FAB. Mesmo em cenários de alta complexidade, o caça AMX se destacou pelo elevado nível de sobrevivência proporcionado por seus sistemas de guerra eletrônica. Além disso, nenhuma das missões planejadas foi abortada por problemas técnicos, evidenciando a maturidade operacional do projeto.

História dos esquadrões

O 1º/10º GAV “Esquadrão Poker” foi criado em 24 de março e ativado em 1º de abril de 1947 na Base Aérea de São Paulo. Incorporando aeronaves Douglas A-20K oriundas do 1º e 2º Grupo de Bombardeio Leve, o esquadrão inicialmente se dedicava a missões de bombardeio e ataque. Entretanto, em 10 de novembro de 1952, realizou sua primeira missão de reconhecimento foto-meteorológico utilizando câmeras K-17B, K-17C e K-20, data que passou a simbolizar a celebração de seu aniversário.

Em 1955, o esquadrão recebeu as aeronaves Beechcraft RT-11 e North American B-25 Mitchell, empregadas em missões de instrução, ataque leve e principalmente reconhecimento. A partir de 1962, passou a operar os Douglas B-26 Invader, deixando de realizar missões de reconhecimento para se concentrar em atividades de bombardeio, ataque e contra-insurgência.

Com a chegada dos Embraer RT-26 Xavante em 1976, o Poker retomou as missões de reconhecimento, especializando-se nessa tarefa a partir de uma instrução conduzida pela USAF na Base Aérea de Santa Cruz em 1977. Pioneiro e único na FAB a realizar reconhecimento tático, o Poker se tornou referência ao penetrar profundamente no território inimigo, fotografar alvos estratégicos e retornar com informações de inteligência. Em 1978, sua sede foi transferida para Santa Maria. A década de 1980 marcou o início de suas missões de ataque, e em 1988 o esquadrão foi reconhecido como uma unidade de caça. Atualmente, é comandado pelo Tenente-Coronel Aviador Edgar Barcellos Carneiro.

O 3º/10º GAV “Esquadrão Centauro” foi o primeiro esquadrão a se estabelecer em Santa Maria, em 1978. Operando com aeronaves AT-26 Xavante, a unidade desempenhava missões que iam desde escolta até ataque e apoio aéreo aproximado. Além disso, até o final dos anos 1990, foi responsável pela formação de líderes da Aviação de Caça, utilizando o Xavante como plataforma comum com o 2º/5º GAV em Natal. Com a chegada do AMX, essa missão foi transferida para o 1º/4º GAV “Esquadrão Pacau”.

A partir de 1998, o Centauro iniciou a transição para os Embraer A-1, consolidando-se como a principal força de resposta da FAB no extremo sul do Brasil. Hoje, o esquadrão é comandado pelo Tenente-Coronel Aviador Felipe de Faria Scheer.

A chegada do AMX trouxe grandes vantagens estratégicas ao Brasil, permitindo operações de longo alcance, penetração em baixa altitude e capacidade de ataque com uma carga útil de 3,8 toneladas de armamentos, além de seus dois canhões de 30 mm com 150 munições cada. O AMX pode atingir qualquer ponto da América do Sul a partir de Santa Maria ou de outras bases no Brasil.

Desde 2016, toda a frota de AMX da FAB está concentrada na BASM. Após as modernizações, essas aeronaves continuam sendo importantes vetores de defesa, especialmente na proteção das fronteiras no extremo sul do país.

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Respostas de 9

  1. Se o Brasil tivesse um programa industrial sério, ao invés de busca caças como o M-346, Tejas etc, deveria partir para programa solo ou em cooperação, de um novo caça baseado no projeto AMX.
    Vale ressaltar que indústrias, tecnologias e dinheiro, temos para isso.
    A própria Embraer, já ofereceu a FAB, uma versão com pós combustor e supersônica do AMX na década de 80.
    O projeto era denominado MPFL.
    Acredito que com os conhecimentos, tecnologias e indústrias que temos hoje, não seria nada difícil.
    Acho que o AMX merecia uma continuidade.

    1. Concordo plenamente! Seria o substituto tanto dos A-1 como de parte dos F-5, além da possibilidade de substituir os AF-4. Podia ser equipado com uma turbina como a GE404 ou a Eurojet200… Radar de última geração, aviônica moderna, maior capacidade de carregar armas e combustível permitiria maior alcance e capacidade de sobrevivência… Poderia ser exportado como um complemento aos AT29, para países da América Latina, África e Ásia… Até imagino em possíveis compradores como México, Equador, Bolívia, Nigéria, Angola, Filipinas… Poderia ser mais um produto de sucesso de vendas da Embraer.

  2. E uma pena que nestes 30 anos praticamente do AMX a Embraer e a FAB não fabricaram um modelo mais avançado nestes 30 anos, hj apenas com menos de 15 aeronaves em serviço e a um ano de ser desativados a FAB ficará sem um importante vetor para o território brasileiro.

    1. Menos de 15? Foram modernizadas 11. Destas, o último aditivo do contrato de manutenção para essas aeronaves prevê o suporte para 5 (cinco) aeronaves, aliás, o mesmo número de células que operaram na Cruzex. Então, daqui até sua desativação no ano que vem, serão 5 A-1M operando e servindo a dois esquadrões!!

  3. Concordando com o que disseram acima, mas fazendo uma observação que, sempre veja as pinturas e limpeza das aeronaves da FAB, parecem perder em muito comparativamente com as de outras Forças Aéreas da AS, vide as impecáveis pinturas da FAA, FACh, FAC e por aí vai.

  4. É uma lastima ter que dar baixa no AMX A-1 no ano seguinte (2025), mas a imprevidência da FAB nos levou a isso, não dá nem para falar em F-16, 346, Tejas; tem que investir no Gripen o máximo que der e encerrar o papo de outra aeronave, ficaremos com o A – 29 e o Gripen.

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