COBRA 2020 – Exército recebe 950 unidades dos “Uniformes Inteligentes”

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) entregou para o Exército Brasileiro (EB) 950 conjuntos do lote piloto dos “Uniformes Inteligentes”, na quinta-feira (27/8). As fardas serão distribuídas nos próximos 30 dias às Unidades Operacionais para serem feitos os testes de resistência e das funcionalidades de nanotecnologia aplicadas. O projeto é fruto da parceria da ABDI com o Exército Brasileiro, e do contrato com a empresa ASTRO ABC Indústria e Comércio LTDA, empresa vencedora da licitação aberta pela ABDI em setembro de 2019.

Os experimentos de campo serão realizados no período de setembro a dezembro por Organizações Militares específicas, como: Batalhão de Infantaria, blindada, Paraquedista, de Selva, Leve e pelo regimento de Cavalaria Mecanizado. Depois dessa fase, as organizações militares submeterão à Agência e à empresa ASTRO relatórios para análise.  Com os novos usos aprovados, serão entregues outras 400 unidades, correspondentes ao lote final, com correções e adaptações.

“O recebimento do lote-piloto dos uniformes operacionais com aplicações tecnológicas desenvolvidos pela ABDI constitui um marco importante na evolução tecnológica dos uniformes operacionais”, afirmou o Coronel Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, Gerente do COBRA, de modernização do equipamento individual do Exército Brasileiro. De acordo com o coronel, os resultados dessa avaliação contribuirão para ratificar as vantagens que as tecnologias agregadas conferem ao uniforme e, consequentemente, à performance do combatente que o utiliza.

A líder do projeto da Agência, Larissa Querino, explicou a importância do projeto para o setor produtivo. “Com essa iniciativa, a ABDI pretende contribuir para a difusão tecnológica e para a geração de inovações que possam ser incorporadas com sucesso e rapidez no setor produtivo”, disse. De acordo com a especialista, o material de uso militar, junto com o segmento esportivo, é o primeiro setor que incorpora inovações na indústria têxtil. “O sucesso de sua atuação depende da produção e da utilização de produtos e serviços de alta tecnologia e na fronteira do conhecimento”, completou.

Cynthia Mattos, a Gerente da Unidade de Projetos Especiais da ABDI explicou que “as inovações tecnológicas aplicadas ao uniforme têm caráter dual, podendo ser aproveitadas em outros segmentos de mercado”.

A Última etapa contemplará a incorporação de novas funcionalidades baseadas em tecnologias eletrônicas, que deverão ser integradas ao rádio e ao computador operacional da Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL).

O Projeto

Frescor, controle térmico, ação repelente, e ação antimicrobiana em um tecido de alta performance. Essas são as funcionalidades de nanotecnologia aplicadas aos novos uniformes do Exército.

O Uniforme Inteligente é uma iniciativa da ABDI e recebe o apoio do Exército, que já desenvolve o Projeto Combatente Brasileiro (COBRA). O objetivo é atender uma demanda das Forças Armadas por vestimentas mais confortáveis e adequadas às operações militares e, ao mesmo tempo, difundir técnicas inovadoras do setor têxtil.

No início de 2019, foi criada uma força tarefa contando com a participação do Ministério da Defesa (MD), Exército, Marinha e Aeronáutica, IMBEL (Indústria de Material Bélico do Exército), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), SENAI-CETIQT, Instituto Federal Fluminense (IFF) e Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI-USP) . O grupo definiu os itens que deverão compor o Uniforme Inteligente, bem como as funcionalidades, requisitos e tecnologias a serem exigidas no lote piloto do produto. As cinco primeiras unidades a serem verificadas são a primeira entrega do projeto. Às peças, foram incorporadas funcionalidades e tecnologias de última geração.

A ABDI apoia o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) por meio da articulação e cooperação com o Governo (demandante) e empresas fornecedoras de produtos e serviços de defesa. Entre as iniciativas, destacam-se ações orientadas ao desenvolvimento da inovação e à adoção de tecnologias voltadas para o aumento da competitividade do setor produtivo, com o foco em produtos, tecnologias e aplicações para os mercados interno e externo. “Desta forma, promovemos o desenvolvimento da inovação na indústria, por meio do estímulo das competências no setor têxtil e de eletrônica”, explica Larissa.

Projeto COBRA (IMBEL)

Setor Têxtil

A indústria de defesa é um dos principais demandantes de inovação, de novos materiais e de processos inovadores, no entanto os benefícios também transbordam para o uso civil. “No começo trabalhamos com um grupo pequeno, mas depois que essa tecnologia é testada e aprovada, ela entra num conceito dual, ou seja, um conceito que pode atender tanto a área militar quanto a civil”, afirma Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

O presidente destacou também que as funcionalidades impactam toda a cadeia de fornecedores. “A corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco. Não adianta ter elementos díspares de capacidade para determinado fim se um é muito diferente do outro, e aquela falha de um dos elementos, ou aquele não-desenvolvimento, coloca em risco totalmente o uniforme ou o equipamento que está sendo oferecido.”

De acordo com Pimentel, a economia circular também é considerada na estratégia de desenvolvimento dos uniformes inteligentes. A indústria têxtil tem a preocupação de viabilizar novos usos aos materiais, posteriormente, sem ferir a segurança, a confiança e a confiabilidade do que será feito.

 

Texto: Paula Fettermann / ABDI
Imagens: Website da ABDI

 

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Comentários

Uma resposta

  1. Mas que ótima notícia, esse dias a MB havia adquirido uniforme para a tropa de FN e me veio esse projeto na cabeça, de como andava o projeto e seu status. Que bom que estão em andamento.
    E mais uma vez me espanta o grau de desunião das nossas força quando se diz a respeito do uso coletivo de equipamento, materiais e praticas. Os mesmos veem a mídia e diz que isso não acontece e que eles possuem uma enorme sinergia, mas vira e mexe eles tomam a decisão que mais lhes convém. Exemplos não falta.
    Fab desenvolve projeto FX e MB não acompanha com um projeto naval do Gripen, e cogita o F18. Exercito desenvolve o IA2 e FN não participa (claro que é um projeto em andamento e será desenvolvido, mas quanto maior a escala, maiores serão os ganhos. Exercito desenvolve o projeto cobra e MB compra uniforme no exterior. E há outro exemplos por ai. Isso é um claro desperdício de verbas publicas, e para mim é uma falta de comando, pois por onde anda o ministério da defesa nessas questões. Não é caso de obrigar a usar aquilo que não é melhor para a força, mas no mínimo participar do projeto e especificar seus requisitos, se não atender ai estaria liberado para adquirir outra coisa. A Argentina nas Malvinas deu o maior exemplo do que acontece com um força que não pensa como uma unidade e cada uma acha que é um feudo próprio.

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