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Afinal, o Gripen da FAB terá MFS-EW?

Em setembro de 2020 lançamos uma matéria aqui no site para esclarecer uma dúvida dos leitores, se o sensor passivo de busca de alvos por infravermelho, o IRST, equiparia os caças Gripen E/F da Força Aérea Brasileira (FAB). Menos de um ano depois, a nossa análise provou-se correta com a divulgação das primeiras imagens do Gripen E de série da FAB, visto na Suécia antes da sua entrega formal para o Brasil.

Agora, com a divulgação de uma série de fotos inéditas relativas à entrega dos quatro primeiros exemplares de produção da FAB, outra dúvida dos leitores paira no ar. Afinal, o Gripen da FAB é equipado com o Multi Function System – Electronic Warfare (MFS-EW)?

O questionamento surgiu pelas diferenças de forma e tamanho do wing tip unit (WTU) dos exemplares da Suécia e do Brasil. O WTU é o pilone de ponta de asa que, além de ser um ponto de fixação de um míssil ar-ar de curto alcance guiado por infravermelho, incorpora parte dos sistemas de guerra eletrônica da aeronave.

WTU do Gripen C.

Antes de responder à dúvida, é preciso destacar que o Gripen possui algumas características que fazem parte da essência e, dessa forma, são indissociáveis: a elevada capacidade de fusão de dados, o avançado sistema de armas, a arquitetura modular, a guerra eletrônica e a guerra centrada em rede, citando alguns exemplos. Em resumo, não é possível retirar essas capacidades da aeronave a pedido de um cliente.

O MFS-EW é o conjunto de soluções de guerra eletrônica do Gripen. A T&D já explorou, neste artigo, cada uma delas com profundidade. Mas resumidamente, trata-se dos lançadores de chaff/flare para despistar mísseis guiados por radar e por infravermelho, respectivamente; o radar warning receiver; missile approach warning system; laser warning system; decoys; e mais uma série de recursos que têm o objetivo de confundir, saturar e interferir nos sistemas eletrônicos inimigos para que o Gripen possa se defender de ameaças e ter liberdade de operação em ambiente hostil permeado por interferências e defendido por sistemas de defesa antiaérea. Os equipamentos instalados no WTU são uma parte do MFS-EW.

Assim, o MFS-EW é uma suíte, algo complexo que está espalhado por todo o avião, e não em um único local, como no WTU.

Voltando à dúvida, o Gripen E da FAB possui ou não o MFS-EW? A resposta é simples: sim, possui.

Mas afinal, por qual razão o formato e o tamanho dos WTU do Brasil e da Suécia são diferentes?

Por se tratar de um sistema sofisticado e de elevada importância no campo tático, as características e capacidades dessa suíte são revestidas de grande sigilo e confidencialidade.

Entretanto, é preciso ressaltar que o cenário tático, operacional, geopolítico e as ameaças vivenciadas pela Suécia e pelo Brasil são distintos.

Dessa forma, não significa que o Brasil está comprando um sistema mais simples e de menor capacidade, ou um downgrade da versão sueca. Mas é possível que cada um deles esteja dimensionado às demandas e necessidades particulares. É possível que a Suécia tenha solicitado um sistema específico para contrapor às ameaças ao seu redor.

A chegada do Gripen para a FAB, com os sistemas e armamentos associados, coloca o Brasil no nível das mais modernas forças aéreas do mundo, criando um abismo em relação aos demais países da América Latina pelas próximas décadas.

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Respostas de 26

  1. Está muito incerto em que nível o F-39 é inferior ao Gripen-E.
    De certo o Gripen-E está preparado para enfrentar ameças maiores, como o Su-35, Su-57 ou sistema de defesa aérea S-300 e S-400. Se o F-39 não é capaz de combater essas ameaças, me desculpem, mas ele é inferior ao Gripen-E.
    Um vizinho da América do Sul poderia implantar caças modernos, ou defesas anti-aéreas mais modernas, nos superar numericamente, implantar navios mais modernos em muito menos tempo do que a FAB poderia adquirir novas plataformas, ou modernizar os novíssimos F-39. Acho que os históricos do F-5, A-1 e A-4 já deixaram isso bem claro. Lembremos que os F-39 estão substituindo aeronaves de quase meio século de uso.
    Um cruzador, destroyer ou porta-aviões chinês, francês ou inglês, por exemplo, seria capaz de oferecer um nível de ameaça superior ao que encontramos no momento na AL, e o Brasil continua pensando somente no vizinho atrás do muro. E aí, se enfrentarmos uma ameaça dessas no futuro? Eles vão sair correndo quando souberem que nossas aeronaves tem o menor custo operacional dentre os pares?
    Se isso era o que FAB poderia comprar, me parece que continuaremos com uma FA cerimonial.
    Ao custo de por volta de USD 135 mi a unidade (salvo engano) os contribuintes deveriam contar com uma proteção mais condizente com as ameaças externas, dimensões do país, importância econômica e importância geopolítica.
    Os inimigos externos estão claramente declarados, e o ambientalismo poderá ser uma das justificativas, ou desculpa furada, para tomarem o que é nosso.

    1. Helder,

      O valor do contrato do Gripen envolve muito mais do que a compra de um exemplar, mas a transferência de tecnologia, que é um capítulo a parte. O cálculo do valor total do contrato pelo número de aeronaves leva a equívocos.

      O cenário tático e tecnológico evolui constantemente. Num prazo relativamente curto, uma nova tecnologia pode entrar em cena. Um sistema não fica atualizado por cinco, dez, quinze, vinte, trinta ou mais anos se não for submetido à constantes processos de atualização e modernização.
      O Gripen não é feio apenas dos sistemas embarcados, mas deve-se levar em conta os armamentos associados, assim como a capacidade humana, o preparo e o treinamento da Força. Assim, a diferença está na soma de uma série de capacidades, não de apenas uma.

    2. “Um vizinho da América do Sul poderia implantar caças modernos, ou defesas anti-aéreas mais modernas, nos superar numericamente, implantar navios mais modernos em muito menos tempo do que a FAB poderia adquirir novas plataformas, ou modernizar os novíssimos F-39.”

      Meu caro, o Gripen possui sistemas totalmente modulares. Havendo necessidade de aumentar o espectro de detecção da suíte de EW, basta adquirir os sensores necessários, retirar os “antigos”, instalar os novos e ajustar o software. Isso rudo não demanda grande trabalho nem muito tempo. Você dizer que uma adequação dessas seria muito mais demorado do que a implantação de novos caças, navios, baterias de SAM, etc, por possíveis inimigos, é totalmente descabido.

        1. Eu copiei no meu comentário, o terceiro parágrafo do seu comentário inicial. Você não quis dizer que os vizinhos poderiam se equipar com novos equipamentos e meios militares mais rapidamente do que a FAB poderia modernizar os F-39? Não foi isso? E eu respondi que, trocar o hardware e atualizar o software do RWR seria algo simples e rápido. O que foi que vc não concordou?

          1. Flanker,
            É modular. Modular se troca.
            O problema é essa troca. Como eu disse logo em seguida ao trecho que você colou, temos um péssimo histórico de atualizações. Quando começaram a falar em modernizar os cansados Tiger II o Chile voava com seus modernizados Tiger III, ou foi muito perto disso. E o F-5 teve sorte, foi concluído tarde demais, mas pelo menos foi concluído. O A-1 e os A-4 não tiveram a mesma sorte. O A-1 é um caso à parte, era uma excelente plataforma, mas aqui não passa de uma estrela apagada. Se você conhece a Aviões de Guerra, a Guerra Moderna, e mesmo a Tecnologia & Defesa dos anos 90 e 2000 sabe do que falo.
            Ainda em seguida a isso, falei das lições das Falklands. Quem ficaria do lado de quem num eventual conflito com o Brasil? Como eu disse, não são os sul-americanos que estão continuamente contestando nossa soberania. Qual a garantia de que os upgrades e updates estarão na prateleira, embrulhadinhos com lacinhos de fita e tudo, esperando o office boy da FAB?
            Ao contrário do que a imprensa, e até alguns politicos e ministro dizem, nós temos inimigos declarados, só não usam força militar. Por enquanto.
            Estes são muitos, e nenhum é sul-americano.
            A França, por exemplo. Não é de agora com Macron que vem contestando nossa soberania. Desde François Mitterrand, e até de antes dele, que os franceses vem falando em internacionalização e contestando nossa soberania. E veja, a França faz fronteira com o Brasil, através da Guiana. Não esqueça, Guiana é França. França é Rafale F3/F4, Charles DeGaule, Satélites, E-2, E-3, EW e muito mais. O mosquito aquenta? Precisamos de muito mais que um sistema aéreo, claro, mas o foco aqui é o F-39.
            Depois eu falei do custo. Ah, mas tem a “transferência…”, (nem vou terminar). O que está envolvido nessa transferência? Ninguém sabe os detalhes das possíveis 3 ofertas da Dassault, por exemplo, sabe? E da Sukhoi? Mas deixemos esses de lado. Meu caro, dá um livro, de verdade. Tem muita coisa que não posso falar, mas que gente de outros sites sabem muito bem do que se trata.
            Bom, voltando para cá, falando de transferência, você sabe valor unitário dos Rafales+”transferência” indianos? Pois é. E perdemos também a do Su-35 (não estou falando da participação no Pak-fa, Su-57, esquece isso) mas, novamente, isso é outro assunto.
            Provavelmente não poderíamos manter a operação de um F-35, mas o custo unitário dele é muito, muito, inferior ao do F-39. Acho que com esse custo, o contribuinte DEVERIA esperar o Top dos Top entre os Gripens (melhor até que o sueco).
            E aguarde, haverá mais algumas matérias sobre o Gripen.
            Te adianto que o principal sensor dele ainda vai dar algumas matérias e discussões entre vocês.
            Na maioria dos casos as paixões se sobreporão à razão (novamente)
            De minha parte, hoje, um pouco mais velho e com outras prioridades e responsabilidades, olho para essas duas últimas décadas de espera, discussões, debates, esperanças, e até torcida (por que não? Desde que esta tenha limite, não vejo problema), vejo quando tempo perdi, meu caro. No final a política anti-Brasil conseguiu vencer novamente. Novamente.
            Sabe aquele Grand Prix de F1 em que o box manda nosso piloto tirar o pé na última volta? Você deve ter visto isso. Pois é, parece que o Box mandou de novo.
            Novamente, não nos esqueçamos que o processo se desenrolou em meio a governos corruptos, com deputados e líderes sindicais se envolvendo. Acho que isso deu até inquérito. Tivemos também o ABC Paulista se sobrepondo à São José dos Campos, e por aí vai.
            Acho que para mim já deu. Eu tenho o privilégio de conhecer forças aéreas de ponta, estive em muitos shows aéreos com lendas que para mim, na minha juventude, eram um sonho distante, coisa de revistas que eu colecionada na época. Como Tecnologia & Defesa, Segurança & Defesa, Aviões de Guerra, Guerra Moderna, Flap, e outras. Vi a disputa do YF-23 com o YF-22 na revista e nunca imaginei tirar foto ao lado de um F-22 algum dia.
            Para um amante da aviação militar, ter acesso aos F-4, F-15, F-16, B-1, B-52, E-2, A-6, Eurocopter Tiger, F-18, Panavia Tornado, Rafale, Harrier, Harrier II, C-5, F-22, V-22, dentre tantos outros modernos e antigos, além de Thunder Birds, Blue Angels, Snow Birds, etc, é mais que realização de um sonho.
            Esse sonho eu tive o privilégio de tirar das revistas para a vida.
            O de ver a FAB forte, à altura de nossas ameaças, eu vou deixar nos sites e blogs. Já deu.

  2. Caraca bancamos desenvolvimento para comprar a versão “básica” , minhas desculpa ao autor mais “dimensionamento de ameaças” é muito relativo e soa como desculpa, hoje quem é seu amigo manhã é seu inimigo, uma força armada que nao pensa assim é ingênua.

    Se possível João Paulo poderia verificar o porque os Gripens BR tem o radome do radar encurtado também? tomara que nao tenho “economizado” nisso também.

    PS: Tomara que o F39-F venha COMPLETO para guerra eletrônica, ainda temos esperança

    1. O F-39E é uma designação da FAB para o Gripen E. A FAB designou o Mirage IIIE/D de F-103E/D e o Mirage 2000 C/B de F-2000 C/B.

      O Gripen da FAB e da Suécia possuem o mesmo display de cabine, mesmo HUD, mesma capacidade de armamentos, mesmo radar, IRST, motor, etc. Naturalmente existem diferenças entre as versões de acordo com as necessidades de cada país.

      O ponto do radome é outra questão que gera dúvidas, mas trata-se do mesmo radar. A mudança de ângulo ou a distorção causada pela lente utilizada na foto pode causar essa impressão. Mas é o mesmo radome.

      1. Não é distorção de imagem causada por uma lente ou ângulo diferente. Realmente o radome do radar teve seu formato levemente modificado, devido a mudanças no radar. A própria FAB admitiu isso.

          1. João Paulo, eu li no Poder Aéreo, que uma fonte de dentro da FAB teria informado aos editores daquele site, que o radome dos Gripen E teriam sido reprojetados em dunção de um melhor desempenho do radar e também em função da maior recepção ďe irradiação pelo IRST.

  3. Tem gente aqui que leu ”lé” mas entendeu ”cré”. Não é possível. Tá bem explicado na matéria e acho que vai ser preciso desenhar mesmo.

    1. Concordo Welington. Muitos aí só leram o título, ou foram incapazes de compreender o texto. Ainda há aquele complexo de “vira-lata” que paira sobre nossas cabeças. Crer na dinâmica de nossa Força Aérea, é depositar confiança em nós mesmos!

    2. Aí que entra o sério problema que temos na atualidade. Não vou entrar no termo usado para isso para não gerar problema, mas muitos lêem e não compreendem. Para mim,ficou bastante claro. E concordo com a decisão da FAB, afinal, o SU57 nem operacional em seu país de origem está.

  4. Sou desenvolvedor de software há mais de trinta anos, e atualmente estou estudando o assunto equipamentos militares, para tentar desenvolver um jogo, que possa simular vários conflitos entre todas as 171 nações armadas do globo terrestre.

  5. Tenho certeza que independente das diferenças de ambos os caças , temos o melhor no continente ,sem contar os armamentos e os E-99 coloca qualquer força aérea na região no chão em questão de horas !
    A única coisa que falta neles , é o símbolo do GDA !!!!!

  6. Bobagem, é um p… avião! Impõe respeito a qqer um que tenha alguma intenção ofensiva. Neste momento é só o que o Brasil precisa. De nada adiantaria termos F-35s (duvido muito que os americanos liberassem sua venda para nós) se uma das 3 grandes potências militares resolvessem nos atacar de verdade.

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