Por Redação de Zona Militar (*)
O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Argentina (FAA), brigadeiro Xavier Julián Isaac, confirmou em entrevista recente à Zona Militar que o projeto de modernização do sistema de armas EMB-312 Tucano da Embraer, que havia sido planejada para iniciar este ano, foi adiado para 2021.
Questionados sobre o futuro dos turboélices brasileiros que atualmente são fornecidos pela III Brigada Aérea, respondeu que “atualmente não está em nossos planos substituir o Tucano. Pelo contrário, está previsto iniciar a modernização a partir do próximo ano. Estávamos pensando em começar este ano, mas os preços que passaram não eram os melhores, portanto, foi solicitada uma melhoria. No ano que vem vamos retomar o projeto”.
Embora não tenham sido fornecidos maiores detalhes sobre o alcance da modernização, espera-se que o projeto local siga as diretrizes dos trabalhos realizados nos Tucano da Força Aérea Colombiana (FAC) e do projeto previsto para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Vale lembrar que para fazer frente à atualização de seus T-27, a FAC centralizou o projeto na Corporación de la Industria Aeronáutica Colombiana S.A. (CIAC), empresa que precisou ser previamente certificada pela Embraer para executar a modernização. No total, o CIAC modernizou, entre 2014 e junho de 2020, quatorze aeronaves, trazendo-os para o novo padrão AT-27M. As obras incluíram troca do trem de pouso, revisão dos sistemas de combustível e hidráulico, modernização da aviônica (fornecida pela Collins Aerospace) e vidro do cockpit (Cobham).
Por sua vez, a FAB havia estabelecido em 2018 seu próprio projeto de modernização da aviônica de seus T-27. O chamado Projeto T-27M teve como objetivo solucionar as deficiências causadas pela obsolescência e problemas logísticos que afetaram a disponibilidade da frota de cerca de 60 aeronaves, planejando uma atualização dos painéis de instrumentos de acordo com o padrão glass-gockpit. Isso incluiu a substituição de alguns componentes e a instalação de um EFIS, composto por três telas LCD de alta resolução, compatível com a tecnologia Synthetic Vision. Apesar de não ter havido grandes novidades a este respeito (exceto para um novo processo licitatório), em 2019, a Diretriz de Planejamento Institucional (DIPLAN) estabeleceu que deveriam “Coordenar as ações necessárias para o equacionamento das obsolescências do T-27, de modo a garantir sua operação até, pelo menos, 2030”.
Considerando o novo papel do EMB-312 Tucanos da FAA, é provável que a modernização avance em direção semelhante à adotada pela FAC e, se também será confirmada, em uma atualização e um walk-through estrutural, podendo até considerar uma modernização que inclua outros projetos em desenvolvimento, como o pod FixView POA, o que permitiria maiores capacidades de detecção e observação. Paralelamente, a FAA tem mantido esforços para garantir a operabilidade do sistema de armas com licitações previstas nos planos anuais, com as últimas contratações para atendimento à reforma de componentes críticos, como manutenção do sistema de ejeção, e aquisição de sistema de fragilização em domo.
No que diz respeito à capacidade de desenvolvimento local, o Brigadeiro Isaac observou como prioridade para o Tucano a homologação do novo pod subalar de 12,7 mm que é desenvolvido em conjunto pela Dirección General de Material y el Departamento Ingeniería del Área Material Río IV.
Até agora, o pod EX-TRD 01 atingiu o estágio de protótipo, enquanto os testes do calibre 7,62 mm passaram na base de certificação. A próxima etapa envolverá a adoção da configuração final para 12,7 mm.
A chegada do novo avião de treinamento Beechcraft T-6C + Texan II marcou o fim da carreira do EMB-312 Tucano na Escola de Aviação Militar, onde prestou serviço valioso e ininterrupto por anos. Porém, isso não significou o fim da aeronave na FAA, mas a partir de fevereiro de 2018 eles começaram uma segunda vida ao passarem a fazer parte do II Esquadrão Operacional, dependente da III Brigada Aérea Reconquista.
Nota de T&D: Um dos principais motivos alegados para o atraso do projeto de modernização dos Tucanos foi que o valor cobrado pela Embraer ser considerado alto e estão aguardando uma oferta com um custo mais baixo.
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