A FAB comemora seus 80 anos no mesmo contexto em que foi criada em 1941: na guerra

Em 20 de janeiro de 1941 a Polônia, a Noruega, a França, a Dinamarca, a Bélgica, Luxemburgo e Holanda já haviam sido invadidas por tropas da Alemanha. A Inglaterra lutava bravamente para não ter os seus territórios dominados pelas forças alemãs. Países no mundo todo sentiam o gosto amargo de uma guerra que ceifaria milhões de vidas e deixaria centenas de cidades destruídas. Sons de sirenes, de bombas e batalhas acontecendo em vários locais ao mesmo tempo parecia a nova ordem mundial para a época.

A 2ª Guerra Mundial (1939-1945), que representa o maior conflito armado do século 20 e um dos principais da história da Humanidade, consolidou a arma de aviação como ator principal de todos os combates a partir de então.

Se antes a aviação era mais um serviço de muitos exércitos e marinhas em todo o mundo, na década de 1940 ganhou relevância estratégica para decidir o desfecho de batalhas, campanhas e guerras.

Em vários países foi iniciado o movimento de tornar a aviação uma força independente para que pudesse desenvolver as suas táticas e doutrinas.

No Brasil, não foi diferente. A Marinha do Brasil foi a primeira a ter um serviço aéreo, a partir de 1916. As aeronaves faziam a instrução dos seus aeronavegantes, cumpriam missões de fotografia, de caça, de reconhecimento, de ataque e de transporte, por exemplo, mas sempre inserida no contexto do combate naval.

Em 1919 o Exército Brasileiro criou a Aviação Militar e expandiu a sua atuação do Campo dos Afonsos, onde foi criada, no Rio de Janeiro, para todo o Brasil.

Mas em 20 de janeiro de 1941 o caminho da história era outro. O Decreto-Lei Nº 2.961 de Getúlio Vargas, criava o Ministério da Aeronáutica unificando a Aviação Naval, a Aviação Militar e a Viação de Obras Públicas. As estruturas, aeronaves e pessoal desses três serviços, unificados, culminou na chamada Forças Aéreas Nacionais. E, em 22 de maio do mesmo ano, o nome era alterado para Força Aérea Brasileira.

Os combates que se desenrolavam na Europa, norte da África, Leste Europeu e até no Pacífico durante a 2ª Guerra Mundial reverberaram na costa brasileira.

Navios da marinha mercante foram sucessivamente torpedeados por submarinos alemães e italianos. Em 22 de maio de 1942 a tripulação de um B-25 da FAB atacou o submarino italiano Barbarigo, que navegava no litoral brasileiro, marcando o seu batismo de fogo e cunhando a data como o Dia da Aviação de Patrulha da FAB.

Esse fator, somado a muitos outros de ordem estratégica e política, fizeram com que o Brasil declarasse guerra contra a Alemanha, Itália e Japão em 22 de agosto de 1942.

Em dezembro de 1943 o 1º Grupo de Aviação de Caça foi criado e, em 7 de outubro de 1944, já se apresentava para operar fora do território nacional, em Tarquínia, na Itália.

O 22 de abril de 1945 ficou conhecido como o Dia da Aviação de Caça na FAB e, no mês seguinte, a guerra terminava.

No Brasil, a recém-criada FAB já acumulava uma complexa estrutura de operação, de manutenção, de bases, de tripulações e aviões de todos os tipos.

Nessa trajetória de oito décadas fica difícil de enumerar no espaço de um artigo as milhares de contribuições da FAB para o Brasil.

De fato, a Força Aérea é um fator preponderante para o desenvolvimento do Brasil: ao criar o Instituto Tecnológico de Aeronáutica e o antigo Centro Técnico Aeroespacial, hoje Departamento de Ciência e tecnologia Aeroespacial; ao investir em pesquisa e desenvolvimento, incentivar a indústria aeronáutica nacional, tendo como exemplo máximo a Embraer; ao continuar a integração do território brasileiro, prestando apoio em missões humanitárias, com o Correio Aéreo Nacional; ao se dirigir para pesquisas espaciais, fazer o controle do espaço aéreo, a formação de pessoal técnico e especializado.

 

Pela natureza da operação, e apesar de todas as dificuldades de ordem econômica, a FAB mantém o esforço para continuar na vanguarda tecnológica, sendo uma das mais avançadas e bem equipadas em todo o continente.

Hoje a FAB celebra os seus 80 anos exatamente no mesmo contexto no qual foi criada em 1941: na guerra.

Não se trata de um combate convencional, mas de correr contra o tempo, se mobilizar em termos nacionais para atender as demandas que não param de surgir. Transportando insumos, equipes de saúde, pessoas, pacientes, remédios, vacinas, equipamentos e o que mais for necessário para conter a pandemia do coronavírus.

Parabéns para aqueles que neste momento estão patrulhando o mar nas 200 milhas de distância do litoral, interceptando ou policiando o espaço aéreo de voos ilegais. Parabéns para aqueles que, agora, estão em missões de reconhecimento tático a baixa altura, ou voando alto e o mais rápido possível para transportar esperança, nas asas fixas e rotativas. Parabéns para os controladores de tráfego aéreo, olhos permanentes na vigilância do céu do Brasil.

Parabéns, homens e mulheres da FAB, onde vocês estiverem, seja qual for a sua missão.

Pokers, Centauros, Pampas, Avestruzes, Pif-Pafs, Jokers, Jaguares, Escorpiões, Grifos, Flechas, Adelphis, Pampas e Pacaus. Fumaceiros, Apolos e Cometas. Tracajá, Pastores, Pioneiro, Pégasos, Guarás, Cobras, Araras, Onças, Rumbas, Gordos, Condores, Corsários e Zeus. Carcarás, Guardiões e Hórus. Orugans, Phoenix e Netunos. Falcões, Potis, Pumas, Panteras, Harpias e Pelicanos. Parabéns, onde quer que vocês estejam, no Brasil ou além das nossas fronteiras.

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