A viatura histórica localizada na entrada (“Gate Guard”) do 20º Batalhão de Infantaria Blindado (20º BIB), “Batalhão Sargento Max Wolf Filho”, o protótipo do blindado Stuart Porta morteiro, foi retirado de sua posição para ser revitalizado.
Em 1982, a empresa brasileira Bernardini S.A. foi contratada pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx) para o desenvolvimento (e construção de um protótipo) de uma nova versão da família de viaturas de combate utilizando o chassi dos carros de combate leve (CCL) M3/M3A1 Stuart. Inspirados na aparência das viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP) M113, foi criada uma nova carroceria blindada, porem utilizando suspensão original dos Stuart. O motor ficou na parte dianteira, a direita do motorista, mas como existia a proposta de padronizar ao máximo os meios do EB, utilizou-se o mesmo motor utilizado nos blindados 6X6 da ENGESA Cascavel e Urutu, o Mercedes-Benz OM-352 modificado.
O protótipo final media 4,60 m de comprimento, 2,24 m de largura e 2,22 m de altura e seu peso de combate era de 9 toneladas. Era equipado com um morteiro pesado de 120 mm M957 M1, de alma lisa, e sua tripulação era composta por quatro homens: o motorista e três militares para operar o morteiro, que dispunham de uma grande porta traseira para acesso ao veículo. Porem, devido ao seu exíguo tamanho, não possuía um paiol para comportar a munição.
O morteiro ficava na parte traseira, apontado para trás, em uma base fixa ao assoalho, calçada por duas barras fixadas nas laterais, com um trilho semicircular que permitia um limitado arco de giro. Durante os testes de tiro, o recuo da arma fez com que as barras empenassem, obrigando um reprojeto do carro. Optou-se por retirar o morteiro do veículo para seu disparo, e por isso sua frente foi alterada, para permitir a colocação de pinos de fixação para o transporte da base do morteiro.
Este protótipo foi denominado de Viatura Blindada de Combate, Morteiro 120 mm, XM3B1 (VBC Mrt120 XM3B1 Lag), conhecido no CTEx como Projeto M.01.13, e tinha o objetivo de dotar o Exército de uma viatura protegida, mas altamente móvel, destinada a realizar o apoio de fogo das tropas de Infantaria blindadas, com morteiro de 107 ou 120 mm, nos Regimentos de Carros de Combate (RCC), Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB) e Batalhões de Infantaria Blindados (BIB). Porém o projeto não foi adiante, ficando somente no protótipo.
Após os trabalhos de restauro, que serão executados nas oficinas do 20º BIB, a viatura retornará para sua posição de destaque, demonstrando o respeito desta organização militar a nossa história.
Referência Bibliográfica
BASTOS, Paulo Roberto Jr.; HIGUCHI, Hélio; BACCHI, Reginaldo. O STUART NO BRASIL – M3 /M3A1 E DERIVADOS. São Paulo, Brasil. Tecnodefesa, 2015.
Agradecimento pela colaboração ao Sr. Paulo Roberto Bastos Jr., engenheiro de automação e pesquisador militar, especialista em blindados e forças motomecanizadas da América Latina e Caribe, e editor do site da revista Tecnologia & Defesa.
Respostas de 2
Parabéns Bastos pela replicação do artigo. Sempre achei um desperdício deixar a Bernadini (que começou como uma empresa que fabricava cofres blindados) ir para a falência.
NOTA
Tenho muita saudade do engenheiro Reginaldo Bacchi, que participou diretamente de muitos projetos da ENGESA como por exemplo o EE9.
Parabéns pelo lindo trabalho que o senhor e toda a equipe do Tecnodefesa realizam
Sgt Moreno
(CM)
Há alguns poucos dias, li um artigo sobre esta viatura e a informação sobre o seu modelo era diferente. Não lembro onde foi que li. Procurei e não achei Por acaso foi aqui e vocês corrigiram o texto? Tinha até uma foto onde aparecia o lado esquerdo da viatura de ângulo mais próximo.