Venezuela recupera blindados

Por Lisandro Amorelli (*)

O Exército Bolivariano de Venezuela (EBV) vem implementando um grande esforço de manutenção e recuperação de seus armamentos, principalmente através de seu 6º Corpo de Engenheiros, no programa chamado “Campanha Bicentenário”, buscando manter sua força chegando a recolocar em atividade sistemas de armas transformadas em monumentos há vários anos.

O foco são veículos de origem chinesa e russa recebidos na última década, bem como a recuperação, repotenciação e recolocação em serviço de materiais militares  ocidentais (britânico, alemão, francês e norte-americano) afetados pelos embargos de armas, que foram incorporados nas décadas de 1970 e 1980, como anfíbios 4X4 Dragoon, transportadores 6X6 Rheinmetall TPz-1 Fuchs, carros de combate leves Scorpion 90 e utilitários Jeep Warrior. Durante as últimas semanas, o EBV também apresentou o desenvolvimento de modelos de viaturas especializadas a partir da modificação de veículos mais antigos.

Alguns dos equipamentos apresentados são:

Commando V100

Blindados anfíbios 4X4, com 7,35 toneladas, fabricados em 1964 pela Cadillac Gage (hoje Textron) e adquiridos, cerca de 50, em 1969, na versões de reconhecimento. Os veículos estão sendo recuperados pelo Centro de Manutenção de Blindados (CEMABLIN), porém, a 61ª Brigada de Condicionamento de Engenheiros Agustín Codazzi (61 BAIAC) está transformando alguns em viaturas de engenharia de combate e equipadas com sistemas antiminas. Estes receberam o nome de “Caimán Patrullero”.

Dragoon 300

Similar aos Commando, porém mais pesados, com 12,7 toneladas, e produzido pela Arrowpointe Corporation (hoje General Dynamics), foram adquiridas 101 viaturas em 1985, sendo que as primeiras entregas ocorreram em 1987, em versões de transporte de tropas, porta-morteiros, posto de comando, recuperador e veículo de combate com canhão 90mm. As obras, realizadas no CEMABLIN, incluem a revisão do motor, sistemas de rolamentos e armamento.

Scorpion 90

Carro de combate leve fabricado pela britânica Alvis Vickers (hoje BAE Systems), armado com um canhão de 90mm e pesando 8 toneladas, que adquiridos 78, no final dos anos 80. Os trabalhos neste veículo também incluem grande manutenção e revisão de motores, rolamentos e transmissão. Embora não haja informações oficiais, uma câmera térmica da empresa belga Pegasus Technologies está sendo instalada para fornecer visão infravermelha através de um monitor MFD.

 Posto de comando FV105 Sultan

A Venezuela adquiriu quatro dessas viaturas junto com os Scorpion 90. Estão sendo recuperados e modernizados com novos equipamentos de comunicação e sistemas de controle de drones.

AMX-13 VCI

A história da família de blindados AMX-13 na Venezuela remonta a 1954, quando 40 tanques leves AMX-13 M51, equipados com um canhão de 75 mm, foram adquiridos da fábrica Creusot Loire. No final da década de 80, foram substituídos pelo AMX-13 C90, com canhão de 90 mm.

O AMX-13 VCI é um veículo blindado de combate de infantaria de 15 toneladas, incorporados em meados da década de 1970. Os trabalhos incluem a remoção de componentes fora de serviço, revisão de motores e rolamentos, novos sistemas de comunicação de origem chinesa, sistema NBC e visão noturna. Há também uma proposta para instalar uma torre MB2-04, de origem russa, que carrega um canhão de 30mm e metralhadoras Kord 12,7mm e PTK 7,62 mm, e ao menos um foi transformado em veículo de desminagem.

Veículo de desminagem IMI LAR-160

Em meados da década de 1980 a Venezuela comprou vários desses sistemas, originalmente dotados com dois lançadores da  Israel Military Industries (IMI) com 12 foguetes, de 160mm, cada montados em chassi de blindados AMX-13. Foram desativados há alguns anos e encontravam-se abandonados em um depósito. Nos últimos meses, um certo número sendo recuperados e transformados em veículos de desminagem pelo 61 BAIAC.

Carro de combate AMX-30

Em 1971 foram recebidos diretamente do fabricante francês GIAT (hoje Nexter), 82 veículos AMX-30B e quatro recuperadores AMX-30D. Com 36 toneladas de peso, uma blindagem de 80mm e um canhão de 105mm. Passaram por um processo de atualização no final dos anos de 1980, que incluiu a troca do motor original de 650 CV, por um Teledyne AVDS-1790-2C-12V, de 750 CV, sendo renomeados para AMX-30V.

Um segundo processo de modernização teve início em 2016, no qual as unidades concluídas foram batizadas de AMX-30VE, e incluem um novo sistema de controle de incêndio, câmeras diurnas e térmicas, sistema de navegação com GPS / GLONASS, gerador de backup e um novo sistema de rastreamento. Sabe-se que, recentemente, um novo lote de 10 unidades foi entregue.

Recuperador M74 Sherman

Baseado no chassi dos carros de combate M4A3 Sherman da Segunda Guerra Mundial, estima-se que a Venezuela recebeu dois exemplares nos anos de 1950. O exemplar recuperado estava em exposição estática no Forte Paramacay, no Estado de Carabobo.

Lança-pontes MAN MLC-70 Leguan

Veículo equipado com ponte tipo tesoura, que quando estendida tem 26 metros de comprimento e quatro de largura, montado em caminhão Rheinmetall MAN OAF 36.422 VFAE 8X8. Foram adquiridos 10 desse sistemas, diretamente da KMW, no final dos anos 80.

Canhão antiaéreo de 40mm Bofors M1

Chegaram no início da década de 1950. O EBV divulgou fotos mostrando a recuperação de algumas unidades.

Obuseiro de 155mm M114A1

Vindos dos Estados Unidos entraram em produção em 1942 e chegaram à Venezuela em meados da década de 1950. Têm um alcance de aproximadamente 14,6 quilômetros.

 

(*) Oficial da Reserva da Fuerza Aérea Argentina e atualmente integrante da equipe de Pucará Defensa, mídia especializada argentina, dirigida por Santiago Rivas e João Paulo Moralez (correspondente na Argentina e editor-adjunto da revista Tecnologia & Defesa, respectivamente).

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Respostas de 7

  1. Se não fosse pela ajuda da Rússia, China ou até mesmo o Irã, seja por meio financeiro ou envio de especializados para a modernização, duvido muito que hoje estaríamos vendo notícias como esta. Ajudaram e estão ajudando sim e não há como negar isso.

  2. Realmente Welington, se não fosse o apoio vindo desses países que você citou, o regime venezuelano nunca conseguiria colocar esses veículos para rodar novamente, já que aquele país está sobre graves sanções internacionais, além e claro, de a semelhança da maioria dos países latinos, a venezuelana não tem uma indústria de defesa considerável.

  3. Boa tarde Paulo Bastos,

    Já sabe que blindado 8×8 o exercito escolheu? sei que eles estavam avaliando as propostas ate o dia 21/05/2021.

    Abraço,

    1. Alex, como eu disse na matéria do VBC Cav, foi criada uma comissão para avaliar os RFI (requerimento de informações) entregues.
      A partir dessa etapa serão criados os requisitos e, aí sim, haverá a chamada para as propostas, o RFP, que pode ser nesse ou no próximo ano.
      Ou seja, por enquanto, não tem nenhuma decisão.

  4. Peças de museu (alguns tirados de exibição estática), mas modernizadas com tecnologia russa e chinesa podem ser interessantes no campo de batalha.

  5. Se alguns consideram nossos Leopard 1A5 BR defasados, imaginem esses ai apresentados! KKKKKKKKKKK. sucata ambulante…. Zumbis de 1950…. Para fazer filmes de guerra antiga….kkkkkkkkkk

  6. Dinheiro joga fora. Td pra inglês ver…. Se tiverem algo razoável, não passam de 30 carros um pouco mais efetivos. Mas se forem ao combate mesmo…… Só o s400 vale algo, o resto…..e 6 Sukhoi meia bocas.

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