VBC Cav 8X8 – A disputa tem inicio

Na última quinta-feira, 04 de março, a Diretoria de Material (DMat), órgão do Comando Logístico do Exército Brasileiro (EB), tornou pública a realização de Consulta Pública (Request for Information – RFI) Nº 01/2021, com objetivo sondar o mercado nacional e internacional acerca da capacidade de fornecimento visando à execução do Projeto de Obtenção da Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) e coletar contribuições para o aperfeiçoamento das descrições contidas na Minuta dos Requisitos Operacionais e na Minuta dos Requisitos Técnicos, Logísticos e Industriais e realizar pesquisa de preços.

No dia seguinte (05), foi publicado no Boletim do Exército 09/2021 a portaria EME/C Ex Nº 320, de 24 de fevereiro, que altera e corrige a redação da portaria EME/C Ex nº 275, passando o VBC Cav 8X8 do Programa Estratégico do Exército (Prg EE) Obtenção da Capacidade Operacional Plena (OCOP), dentro do Subprograma Forças Blindadas (SPrg FBld), para o Prg EE GUARANI.

A intenção inicial é de se adquirir 221 veículos, preferencialmente até 2026, além do planejamento e implantação de suporte logístico integrado (SLI) durante esse período, semelhante àqueles apresentados para as modernizações do Cascavel e do Leopard.

O GDELS Mowag Piranha possui uma versão (na foto da versão IIIC) com uma torre CMI CT-CV, equipada com um canhão de 105mm (Imagem: GDELS Mowag)

O EB busca como objetivo mais poder de fogo e capacidade de combate anticarro, aos regimentos e esquadrões de Cavalaria mecanizados, principalmente no âmbito das Brigadas Guarani, complementando e depois substituindo, as VBR EE-9 Cascavel, as quais devem ganhar um tempo adicional de serviço de mais 15 anos.

Os requisitos iniciais desse programa, o EB20-RO-04.058, ainda com a designação VBC AC-MSR e criados no âmbito do antigo Grupo de Trabalho (GT) NOVA COURAÇA, foram publicados em fevereiro de 2020 e devem sofrer algumas pequenas alterações, porém seus principais pontos deverão ser mantidos, que são:

  • Sistema de tração 8X8;
  • Armamento principal (canhão) de calibre mínimo de 105mm;
  • Dotação de sistema de comando e controle (C2) interoperável com o sistema da Força Terrestre e com as versões adotadas nas viaturas de família de blindados Guarani; e
  • Comunalidade entre os diversos subsistemas com o projeto de modernização da VBR EE-9 Cascavel.
O Patria AMVxp possui um protótipo equipado com uma torre Hitfact, a mesma que equipa o Centauro 2 (Imagem: Patria)

Esse programa deve movimentar o mercado internacional de defesa e se espera a participação de diversas empresas do segmento, sendo que, até o momento, já houveram negociações ou sondagens dos seguintes veículos:

  • Centauro 2, da Iveco-Oto Melara Consortium (CIO);
  • Piranha, da GDELS Mowag;
  • AMVxp, da finlandesa Patria;
  • ST1, da família VN1, da chinesa Norinco;
  • Tigon, da sul-coreana Hanwha.

Algo que se deve ter ciência é que apenas os blindados da família Centauro/Centauro 2, da CIO, e o Tipo 16, da japonesa Mitsubishi, foram desenvolvidos especificamente para a função que o EB está buscando, sendo o restante viaturas de transporte adaptadas, e que a maioria ainda se encontram na fase de protótipos, exigindo um maior investimento inicial.

O alemão Boxer, da Artec, é um veículo modular, e um de seus módulos em desenvolvimento possui uma torre CMI 3105 , equipada coo um canhão de 105mm. Apesar das inegáveis qualidades desse veículo, seu alto custo de aquisição e manutenção dificulta sua utilização em exércitos com menores recursos.

Em breve, mais informações sobre esse programa estarão disponíveis nas páginas de Tecnologia & Defesa.

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Comentários

16 respostas

  1. Bora centauro 2 !!! Esse é o carro que o exército brasileiro precisa e merece para dar o salto de qualidade

  2. No período de desenvolvimento do Guaraní 6×6, havia informações de que o Guaraní 6×6 já vinha com um espaço entre eixos para inclusão de outro eixo e alongamento da estrutura para uma versão 8×8.
    Pelo jeito essa informação era falsa.
    Espero que ao menos desta vez o EB desenvolva uma versão 8×8 com maior número de peças e desenho baseado no Guarani.
    Chega de importar projetos importados, já temos a capacidade (na verdade sempre tivemos) para desenvolver e fabricar algo localmente.
    É esperar para ver cenas dos próximos capítulos.
    Pior que o final já vejo se desenhado no horizonte.

  3. ”Algo que se deve ter ciência é que apenas os blindados da família Centauro/Centauro 2, da CIO, e o Tipo 16, da japonesa Mitsubishi, foram desenvolvidos especificamente para a função que o EB está buscando, sendo o restante viaturas de transporte adaptadas, e que a maioria ainda se encontram na fase de protótipos, que exigiria um maior investimento inicial.”

    Não precisa de mais.

  4. O Centauro 1 ou 2 tropicalizado, com ajustes para utilizar peças do guarani. A torre Hitfact com produção nacional da ares/imbel, proposta que já foi ofertada alguns anos atrás. A torre poderia entrar até na modernização dos Leopard, que futuramente seriam retirados e colocados no próximo blindado nacional. Lembrando que a Hitfact pode usar canhão de 105 e 120 mm. Seria o cenário ideal comunidade altíssima entre todos os veículos do EB e com grande nível de nacionalização

    1. Centauro I ou Centauro II ”tropicalizado”, não creio que a Itália vá querer um concorrente no mercado. Faz muito mais sentido o Exército Brasileiro adquirir o Centauro II com canhão de 120mm com transferência de tecnologia. O que tudo indica que será isso tendo em vista que os demais concorrentes desse programa, são apenas protótipos, ou seja, se levaria alguns anos para que o Exército Brasileiro detenha, caso escolhesse algum concorrente ainda possui somente o protótipo. Nós já temos a fabrica da IVECO aqui e a parceria entre IVECO-Brasil nunca esteve tão boa. Não tendo dúvidas de que será o Centauro II com canhão de 120mm. Será um salto tecnológico e de poderio bélico absurdo em nossa região. Ai é torcermos para que tenhamos um ‘tank’ também com canhão de 120mm no futuro.

    1. Prezado Colombelli: o senhor como especialista considera que o Centauro II seria uma alternativa aos Leopards ou uma complementação em determinados cenários? Obrigado!

      1. A pergunta não foi para mim mas são viaturas que se complementam. Alias o 8×8 vai ser utilizado junto comas brigadas mecanizadas com 6×6. Ele é caça Carros. Salvo melhor juízo!! O Colombelli é do ramo!!!

  5. Gostaria também de externar a minha predileção pelo Centauro II dotado com canhão de 120mm.
    Um outro ponto, só com um foco adicional: considero que o Urutu e o Cascavel foram inquestionáveis sucessos no mundo todo, não só devido ao desempenho operacional testado em combate mas também porque suas peças e acessorios em grande parte foram oriundos de veiculos civis fabricados em série. Assim a predileção pelo Centauro II não é só porque outros concorrentes tenham sido derivados de aplicações mais leves a partir da qual foram adaptados, mas sim por suas qualidades destacadas em matérias divulgadas pela imprensa especializada.

  6. O AMV da PATRIA mantém a capacidade anfíbia mesmo armado com a torre mais pesada? Caso mantenha pode ser uma vantagem para o Brasil devido a grande quantidade de cursos d’água em nossa topografia, caso não mantenha essa capacidade acho que o centauro II 120mm seria o melhor.

  7. Centauro 2, da Iveco-Oto Melara é o escolhido, os outros só tão fazendo figuração pra dizer que tem concorrência

  8. Vão adquirir, muito provavelmente, o Centauro II. Uma VBC sobre rodas, que não tem a função primária do enfrentamento cara a cara, do choque direto, etc, mas que é armada com canhão 120 mm, mais potente que o canhão do nosso MBT. Não seria mais lógico primeiro solucionar a questão dos Leopard 1A5? Substituí-los por um CC mais moderno ou ao menos aplicar uma modernização profunda, que incluiria também a substituição do canhão 105 mm por outro 120 mm? Depois disso solucionado, aí sim se partiria para o Centauro II ou similar.

  9. Incrível a semelhança do natimorto EE-18 Sucuri com o Centauro… sem dúvida, uma concepção a frente de seu tempo nos idos de 80…

  10. Bem, tenho cá minhas dúvidas de que haverá de fato uma concorrência justa e igual para todos.
    De qualquer forma, em havendo o próximo passo que é o RFP, esperamos que as empresas que se apresentarem façam com que os italianos da Iveco se esforcem para oferecer uma proposta realmente vantajosa para o exército. Do contrário, há quem dentro da força simpatizaria muito com um Patria 8×8 nas cores verde-oliva há muito tempo.

  11. Gostaria externar que estamos atentos a todos os comentários feitos pelos senhores na Tecnodefesa (a quem agradeço pela matéria) . Estamos atentos às suas observações e buscando a melhor opção para nosso Exército. Fiquem à vontade para participar também de forma oficial na Consulta Pública, que está aberta tanto para empresas como para pessoas físicas. Obrigado!!!

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