UT30BR2 e sistema antidrone, a evolução do SARC

Na última terça-feira, dia 26 de novembro, foi apresentado o primeiro protótipo do novo sistema de armas remotamente controlado (SARC) UT30BR2 para militares da Diretoria de Fabricação (DF), do Exército Brasileiro (EB), na sede da empresa brasileira ARES Aeroespacial e Defesa.

Este sistema de armas é uma versão atualizada e melhorada da UT30BR, que já está em uso pelas brigadas mecanizadas do EB e que teve o primeiro contrato de atualização de oito para a nova versão assinado em abril do ano passado, durante a LAAD 2023. A entrega deste protótipo para ser testado está prevista para ainda este ano.

PODER DE FOGO

A UT30BR em operação no EB

O SARC UT30BR é uma “torre não tripulada” (“unmanned turret”) equipada com um canhão automático Mk44 Bushmaster II, de 30x173mm, uma metralhadora coaxial de 7,62x51mm e um sistema lançador de granadas fumígenas de 76 mm. O canhão possui funcionamento elétrico, tipo “chain gun”, no qual o conjunto ferrolho movimenta-se ciclicamente, sem a necessidade da utilização dos gases oriundos dos disparos, o que proporciona um índice muito baixo de incidentes de tiro e simplicidade na manutenção.

A versão UT30BR2 teve seus componentes eletro-mecânicos aperfeiçoados, com um novo sistema de retraimento/expansão da torre (que serve para colocar em modo de operação e em modo de transporte), e com novos optrônicos, muito mais modernos e de ultima geração, com destaque para o módulo COAPS-L que a coloca no mesmo patamar dos sistemas mais avançados do mundo.

Apresentado ao público pela primeira vez em 2022, durante a feira Eurosatory, o COAPS-L (Commander Open Architecture Panoramic Sight-Light), da Elbit Systems, é um sistema de visão/mira panorâmico, com capacidade de cobertura de 360º, estabilizado e de alta definição, que fornece detecção de alvos diurnos e noturnos, para reconhecimento, identificação, aquisição e rastreamento de ameaças, utilizando sensores de ponta e análise de vídeo avançada por inteligência artificial, aumentando a consciência situacional do comandante e a capacidade de acerto do atirador. É considerado o “estado da arte” em sua categoria e possui uma arquitetura aberta permite integração com os sistemas de comando e controle, ampliando as capacidades operacionais. Por ser leve, compacto, modular e de baixo custo, torna-se uma solução atrativa para ser utilizada em diversas plataformas diferentes, como carros de combate, blindados leves, viaturas táticas e viaturas terrestres não tripulados (UGVs). De acordo com Leonardo Degethoff, desenvolvedor de negócio da ARES, a empresa  tem plena  capacidade de produzir localmente o COAPS-L e já possui planos neste sentido.

Os atuais requisitos do EB não incluem a integração como mísseis anticarro (“anti-tank guided missile” – ATGM), porem a UT30 já está preparada para utilizar diversos deles, e essa funcionalidade poderia ser implantada nos SARC UT30BR2 sem maiores complicações.

Versão do SARC UT30 com misseis anticarro

ANTIDRONE

Ainda dentro do escopo de buscar melhorias constantes dos sistemas em uso pela Força Terrestre, a DF e a ARES estão desenvolvendo um “Kit Antidrones” para ser instalado na UT30BR2.

Em maio deste ano foi assinado o contrato 1501/22, um termo de subvenção entre a ARES e a FINEP, utilizando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para a execução do Projeto “Sistema de Defesa Anti-ARP” (Aeronave Remotamente Pilotada), com vigência de 36 meses.

O projeto ainda está em sua fase conceitual, mas, na proposta atual, o sistema possuirá uma série de pequenos radares de aquisição de alvos de curto alcance, novo sistema de comando e controle (C2), com datalink e conexões para integração com os sistemas de defesa aérea disponíveis (como os radares da família SABER e a futura versão do Guarani antiaéreo, cujo projeto está previsto para começar no próximo semestre), além da instalação de um dispositivo que permita o disparo de munições de explosão programável do tipo ABM (“airburst ammunition”), fazendo com que um canhão de baixa cadência (200 TPM) possa engajar e destruir a atual geração de aeronaves e munições remotamente pilotadas (“loitering munitions”), mais conhecidas como “Drones Kamikazes”, com grande economia de disparos.

A integração da UT30BR2 nas viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP) 6X6 Guarani, que já possui 13 da versão UT30BR em operação (em processo de conversão para BR2) e planeja adquirir pelo menos mais 22, aumentará em muito a capacidade das forças mecanizadas que, quando entrar em operação, será o mais sofisticado da América Latina.

O general Tales Villela, diretor de fabricação do Exército, apresentou o conceito da UT30BR2 com o sistema Anti-ARP na “Future Armoured Vehicles Survivability”, em Londres.
Observem os radares, em vermelho.

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Respostas de 6

  1. Show de matéria como sempre Bastos !!! Bacana saber que só depende do EB solicitar e pagar a integração de ATGM nestas torres. Agora é aguardar um desenvolvimento desta integração para a Remax , a torre remota que temos em maior quantidade(não que se vá equipar todas ).

  2. Em minha modesta opinião, ainda há espaço para investir na verdadeiramente nacional, TOR-30mm.
    Utilizando alguns M113 como plataformas.
    Diminuindo assim nossa dependência externa.

  3. Para mim, seria mais prudente adquirir Guaranis com esse torre e substituir os veneráveis Cascavéis ao invés de modernizar esses últimos. Os Guaranis possuem melhor mobilidade e blindagem que o antecessor.

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