Um radar, múltiplas funções

O radar de solo TRML-4D da alemã Hensoldt agrega robustez, modularidade e disponibilidade para o operador em vários cenários, inclusive em ambientes com elevada interferência eletrônica. A versão naval (TRS-4D) vai equipar as fragatas da Classe Tamandaré na Marinha do Brasil e podem ser uma opção para as soluções de defesa antiaérea de m dia alcance estudadas pelo Exército Brasileiro.

Vigilância, alerta antecipado e mais uma gama de funcionalidades estão disponíveis para o radar de solo TRML-4D da alemã Hensoldt. Lançado há pouco tempo, trata-se de uma variante do consagrado e confiável radar naval TRS-4D que vai equipar as fragatas da Classe Tamandaré.

Com arquitetura modular e aberta, o TRML-4D é um radar de varredura eletrônica ativa baseados em arsenieto de gálio (GaAs) e módulos T/R, com sistema de identificação amigo/inimigo (IFF, “identification friend or foe”) no Modos 1, 2, 3/A, C, 4, 5, S.

“A arquitetura modular e a capacidade de definição por software permitem que o sistema seja personalizado para as exigências do operador e que a sua capacidade seja incrementada de modo a estar atualizado ao longo do ciclo de vida. Isso representa um potencial de crescimento significativo para lidar com ameaças futuras, implementar contramedidas eletrônicas (ECCM) mais elaboradas ou adicionar mais recursos de classificação, discriminação e identificação (CDI) no software de processamento de radar”, explicou Luis Gueren, diretor marketing da Hensoldt para América Latina.

O TRML-4D tem a capacidade de rastrear mais de 1.500 alvos simultaneamente e, por meio do uso da tecnologia AESA, operador consegue definir uma faixa específica dentro da cobertura do radar onde a informação é atualizada em menos de um segundo, recurso idealmente usado para o monitoramento de uma área mais sensível, enquanto mantém todo o espaço aéreo ao seu redor vigiado.

O sistema AESA também permite o modo de varredura dupla de um setor sensível em uma rotação (“cued search”); rápido rastreio e atribuição de arma e varredura múltipla de alvos durante uma rotação (“cued track”) e rastreio de alvos em sobrevoo no terreno.

Pelo fato da taxa de atualização de rastreamento ser mais ágil, o radar cria padrões confiáveis com rapidez com menor número de varreduras, aumentando o tempo disponível para a reação das defesas. Somando a calibração de todo o conjunto da antena AESA e combinando com a abertura da antena que atua na banca C, os rastreamentos são precisos contra alvos pequenos e grandes, em qualquer cenário.

O TRML-4D é resistente a contramedidas eletrônicas, com um sistema próprio (ECCM) que é ativado automaticamente para assegurar o seu funcionamento pleno mesmo diante de interferências.

A arquitetura e a robustez dos sistemas do radar apresentam baixo tempo médio de reparo, aumentando as possibilidades para o operador em missões de maior duração e com baixo apoio para manutenção. A confiabilidade dos componentes, em conjunto com os sistemas de testes integrados, garante disponibilidade superior a 90%.

Diferentes usos e missões

Com alcance de 250 km, cobertura de 360º em modo rotativo ou 100º fixo, o TRML-4D detecta alvos com 0.01m² de RCS, aeronaves de caça a 120 km de distância ou mísseis supersônicos a 60 km de distância.

O sistema é transportável em contêineres padrão de 20’e pode ser montado em qualquer tipo de plataforma, seja um caminhão ou outro veículo definido pelo operador. Outra vantagem está na operação que pode ser feita de maneira remota.

Em termos de missões, junto àquelas de vigilância, pode ser empregado como radar de contrabateria localizando peças de Artilharia.

O TRML-4D pode atuar em conjunto com um centro de comando e controle e com vários lançadores, trabalhando de forma independente ou inserido no contexto de uma rede de defesa aérea. Neste último caso, a situação tática capturada pelo TRML-4D compõe o mosaico global recebido pelo centro de comando e controle, formado por imagens de outras fontes e radares.

“O Brasil vai operar o radar naval TRS-4D nas fragatas da Classe Tamandaré, o que por si só já se apresenta como uma vantagem, tanto pela experiência operacional e quanto logística, tendo em vista a comunalidade de peças entre os dois sistemas”, completou Gueren.

O sistema integra hoje uma solução da Diehl para sistemas de defesa antiaérea de média altura utilizando o IRIS-T SLM. O mesmo pacote pode ser oferecido para o Brasil no âmbito do programa de aquisição de um sistema de defesa antiaérea de média altura, que visa equipar as Forças Armadas brasileiras como um todo.

Adaptável a cenários de ameaças futuras

O projeto do TRML-4D é baseado em arquitetura aberta e modular, baseada em software, tornando qualquer adaptação, integração de novas capacidades, atualização ou modernização um processo muito mais simples, rápido e econômico.

Assim, mesmo que haja a rápida transformação de um cenário ou o surgimento de uma nova tecnologia, o operador continuará com um sistema de vanguarda com investimentos mais baixos.

O sensor pode ser entregue com uma interface opcional permitindo a implementação de novos ou otimizados modos de radar, como a adaptação baseada em software de modelagem de feixe, formato de ondas etc. As novas capacidades podem ser desenvolvidas nacionalmente, por cooperação com os fabricantes originais dos equipamentos (OEM).

A Hensoldt tem mais de 60 anos de história, sendo reconhecida internacionalmente pelas suas capacidades com sistemas optrônicos, radares e guerra eletrônica para plataformas terrestres, navais e aéreas, do projeto à produção.

 

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Comentários

3 respostas

  1. Paulo, um detalhe importante que vi nesta guerra na Ucrânia foi o uso intenso de mísseis de cruzeiro por parte da Rússia para neutralizar os sistemas de defesa antiaéreos ucranianos (apesar de que uma certa parte ainda está operando).
    Imagino que num ataque ao nosso país, esses alvos seriam os primeiros a serem atacados, além de hidroelétricas e usinas de energia.
    Pergunto se nosso Estado-Maior Conjunto das FFAAs se debruçam neste momento sobre notável possibilidade.

  2. O radar de solo TRML-4D não iria entrar na mesma categoria que o Saber M200 que o exercito já está em estudos?

  3. Eu penso que seria a melhor opção para ambas as forças, tanto para o EB quanto para a MB justamente por otimização de recursos.

    Eu fiquei com uma dúvida.
    O SABER M/S200 não poderia substituir estes radares em ambos cenários EB e MB a fim de nacionalizar ainda mais as nossas capacidades?

    Tecnicamente seria possível o SABER S/M 200 trabalhar com o sistema de misseis IRIS-T?

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