Por Paulo Roberto Bastos Jr.
Na última segunda-feira, dia 23 de setembro, foi realizada uma demonstração da viatura LMV-BR, a vencedora da concorrência do Programa Viatura Blindada Multitarefa, Leve de Rodas (VBMT-LR), do Exército Brasileiro.
A Revista Tecnologia & Defesa, a primeira mídia a testar o LMV no Brasil, esteve novamente presente.
Do inicio
Em meados da década passada, o Exército Brasileiro (EB) manifestou interesse na possível aquisição de um blindado 4×4 para complementar suas forças mecanizadas no Programa Guarani. Inicialmente, os estudos da Nova Família de Blindados Médio sobre Rodas (FBMR), depois transformado em Projeto Estratégico do Exército (Prg EE) GUARANI, contemplavam a aquisição de uma viatura blindada de reconhecimento leve sobre rodas (VBR-LR).
Em 29 de novembro de 2013, o Estado-Maior do Exército (EME) aprovou o Estudo de Viabilidade do veículo dessa categoria, agora renomeado como viatura blindada multitarefa, leve sobre rodas (VBMT-LR), da classe 4×4, com um peso máximo de oito toneladas, capacidade de carga de uma tonelada, e espaço para uma guarnição de cinco homens.
O EB revelou a intenção de adquirir 186 unidades, 32 em um primeiro momento, por compra direta, via importação, caso necessário, e mais dois lotes de 77 veículos, montados no Brasil e com aumento gradativo da nacionalização de seus componentes.
Após a emissão do RFP (Request for Proposal), em outubro de 2014, diversas empresas manifestaram interesse, sendo que cinco delas apresentaram modelos para participar dos testes comparativos no Centro de Avaliação do Exército (CAEx). Foram eles o IVECO M65 LMV, AVIBRAS/Renault Tupi, INBRA Gladiador BLSR, BAE Systems RG32M LTAV e AM General/PLASAN MLTV, sendo que a espanhola URO, com seu veículo VAMTAC ST5, não conseguiu chegar a tempo devido a problemas alfandegários na saída da Espanha. No Diário Oficial de 03 de outubro de 2014, foi anunciado a pré-qualificação de todos os veículos, exceto o veículo da INBRA, por não cumprir alguns requisitos estabelecidos no programa.
Os testes duraram alguns meses e foram executados no Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro. Tirando alguns pequenos problemas, como capotamento do RG32M e o incêndio do motor do MLTV, destacaram-se os veículos LMV e Tupi, tanto que, em julho eles foram declarados os finalistas do programa e, em agosto, apresentaram Proposta Técnico-Comercial Final referente ao processo de Obtenção por Nacionalização de suas viaturas à Diretoria de Fabricação, também no Rio de janeiro.
Em nota publicada na manhã de do dia 15 de abril de 2016, o Escritório de Projetos do Exército (EPEx) publicou, em reunião Decisória Especial de 06 de abril de 2016, que a Viatura Blindada Multitarefa, Leve de Rodas (VBMT-LR) escolhida foi o modelo LMV da empresa IVECO.
O LMV-BR
O veículo do teste foi o primeiro construído especificamente com os requisitos do programa VBMT-LR, o protótipo dessa versão, possuindo um motor FTP de 190 cv, transmissão automática ZF e proteção balística NATO AEP-55 STANAG 4569, nos níveis 2 para energia cinética e 2A para explosões de minas e os temidos IED (Improvised explosive device, ou Artefatos Explosivos Improvisados). Seu painel também está configurado totalmente no sistema métrico, ao contrario do padrão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e com mais alguns mostradores digitais, conforme os requerimentos do EB
Para esse teste sua velocidade foi limitada eletronicamente para 70 km/h e alterações na cambagem das rodas e calibração dos pneus foram introduzidas para simular um veículo com problemas e que mesmo assim conseguiria manter uma dirigibilidade segura tanto em estradas pavimentadas quanto em qualquer terreno (QT) ou off Road.
Os testes para a imprensa
T&D recebeu o convite formal para esse teste por intermédio de Marcelo Fonseca, da Assessoria de Imprensa da IVECO Veículos de Defesa, e de Giovanni Giordani, Engenheiro de Vendas, que alias coordenou e acompanhou todas as fases do teste.
Como citando anteriormente, as limitações na velocidade final e as alterações nas rodas e pneus causaram uma sensação de direção completamente diferente dos testes que fizemos anteriormente, em setembro de 2014, com Paulo Bastos dirigindo o LMV M65 utilizado na avaliação do CAEx (https://www.blogiveco.com.br/revista-tecnologia-e-defesa-testa-o-lmv-da-iveco/), e em maio deste ano, com Roberto Caiafa com o mesmo veículo de hoje (http://tecnodefesa.com.br/pilotamos-o-lmv-viatura-blindada-multitarefas-leve-de-rodas-vbmt-lr/), porém, conforme o previsto, ele se mostrou seguro mesmo nas mãos de motoristas com pouca experiência com esse tipo de veículo.
O teste começou na pista oval da empresa, onde é possível obter altas velocidades, porem as alterações implementadas demonstraram trepidação no veículo em velocidades acima de 60 Km/h (lembrando que em 2014, cheguei a 100 Km/h nos testes), mas as mesmas não causaram maiores dificuldades em sua condução, e o fato que chamou mais atenção foi o teste de frenagem que realizamos na saída da curva 1, a cerca de 70 Km/h (essa velocidade foi limitada eletronicamente para esse teste), quando mesmo com as alterações implantadas, e toda a trepidação subsequente, o veículo parou rapidamente com uma mínima saída de traseira, mostrando toda a segurança do sistema ABS.
Depois fizemos um trajeto em uma das pistas off Road da empresa, onde alguns obstáculos leves foram superados com extrema facilidade.
Foi efetuado outro teste de frenagem em um declive, cujo resultado foi o mesmo da pista, uma parada segura usando pouco espaço.
Após os testes, participamos de um briefing conduzido por Giovanni Giordani seguido por uma seção de perguntas onde algumas informações interessantes foram apresentadas, como, por exemplo, a expectativa de que o contrato para os primeiros 32 exemplares seja assinado até o final de 2019, e o preço estimado de cada LMV destinado ao EB, algo em torno de R$ 1,5 milhão.
Outras informações comentadas durante e após o briefing serão divulgadas em futuras matérias.
Fotos e Vídeo: Roberto Caiafa
Respostas de 5
Gostaria de ver Tecnologia e Defesa testar também o Guará 4WS e Gladiador II.
Dando um parecer técnico da avaliação dos veículos, já que as informações do CAEX são sigilosas, e acabando assim de vez com um monte de borburinhos sem embasamento técnico algum que surgem nos blogs especializados postados por alguns comentaristas.
Depende apenas da vontade das empresas responsáveis pelos carros citados. Já pedimos isso mais de uma vez, mas quem sempre nos recebe é a Iveco…. A Avibras diz que não pode dar acesso por N motivos, e a Inbra a mesma coisa……
Uma pequena correção que deve ser feita: já recebemos um convite da INBRA para testar o Gladiador II quando o mesmo estiver pronto.
Estamos aguardando e esperamos que essa avaliação ocorra em breve.
No caso da AVIBRAS, infelizmente a política atual da empresa é de não facilitar as coisas para a mídia especializada nacional, o que é uma pena…
Ótima publicação Caiafa.
Na live você comentou que existiram diferenças entre o lince e lvm-br.
Dei uma olhada nos dados técnicos do texto com os dados oficiais e a única diferença que encontrei foi o motor FPT da versão testada, mas acredito que seja uma atualização presente em todos os linces.
As diferenças já estão disponíveis?
O Lince adquirido pelo GIF para ser usado no Rio é de uma versão mais antiga. O LMV-BR é de uma versão atual, com diferenças em motorização e alguns componentes.