Os 300 do Exército Brasileiro: Programa Estratégico Guarani alcança nova marca

Por Roberto Caiafa & Paulo Roberto Bastos Jr

A Iveco Veículos de Defesa realizou, na sua fábrica de Sete lagoas (MG), a cerimônia de entrega simbólica do exemplar de nº 300 do VBTP-MSR 6×6 Guarani, com a presença da direção da empresa, militares do primeiro escalão do Exército Brasileiro e autoridades governamentais, no último dia 16 de março.

Além da cerimônia, ocorreu uma demonstração dos desafios impostos pela pista de testes da fábrica aos Guarani, com rampa de 60% de inclinação, subindo e descendo com parada total e posterior retomada do movimento, testes de frenagem, de velocidade e desempenho, estabilidade lateral em rampa especial, e o teste de estanqueidade e flutuabilidade em uma “piscina de mergulho”.

Fábrica da Iveco em Sete Lagoas: berço do Guarani VBTP-MR 6×6. (TODAS AS IMAGENS E VÍDEO DO ARTIGO: ROBERTO VALADARES CAIAFA)

 

A cerimônia aconteceu no complexo industrial da montadora na cidade e contou com a presença do ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira, do Chefe do Estado Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva, do Comandante Logístico do Exército, general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira; do Chefe do Escritório de Projetos do Exército, general Guido Amin Neves, e do presidente da CNH Industrial para a América Latina, Vilmar Fistarol, entre outras autoridades civis, militares e convidados.

Fistarol  entrega ao general Theófilo placa referente ao 300º Guarani.

O Guarani é uma parceria da montadora com o Exército Brasileiro (proprietário intelectual do desenho e concepção do veículo) e representa um dos principais projetos estratégicos das forças terrestres brasileiras para se modernizarem.

O contrato, que estabelecia inicialmente um total de 2.044 veículos a serem fabricados, em diferentes versões, vem passando por adequações impostas pelos cortes  e contingenciamentos no orçamento destinado as Forças Armadas, causando inúmeros óbices e dificuldades para a Iveco, que mesmo assim vem cumprindo rigorosamente o que foi contratado, dentro das limitações impostas.

O Guarani 300 na fábrica da Iveco Veículos de Defesa.
Paulo Bastos no posto do artilheiro da torre REMAX (ARES Aeroespacial): novas capacidades causaram uma revolução na forma de combater do Exército Brasileiro.

Cada Guarani demanda 1.300 horas de trabalho para ficar pronto, e traz consigo uma miríade de fornecedores brasileiros de partes, peças e componentes, existe toda uma cadeia logística que é bastante penalizada a cada contingenciamento ou corte no orçamento militar. Isso foi reafirmado por Vilmar Fistarol de forma enfática, e se dirigindo diretamente ao ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira.

Vilmar Fistarol: A Iveco veículo sde Defesa cumpre sua parte do contrato com extremo profissionalismo, apesar das dificuldades.

No seu discurso, o comandante logístico, general Theophilo, falou sobre o sucesso na implementação do veículo, que já está sendo entregue a cinco Brigadas, sobre a qualificação de pessoal no Centro de Instrução de Blindados e sobre o emprego do Guarani nas fronteiras e operações GLO no Rio de Janeiro.

Final Assembly Line do Guarani em Sete Lagoas, MG.

Um dado importante citado pelo militar, a suplementação orçamentária que o Governo federal autorizou no final de 2017, foi fundamental para permitir um arranjo de produção para 60 Guarani por ano (LRP ou Low Rate Production de cinco exemplares por mês).

O general Theophilo também afirmou no seu discurso que o Reconhecimento do TO (teatro de operações) na República Centro Africana começará em abril próximo, preparando o caminho para as primeiras ações brasileiras que deverão ocorrer ainda no 2º semestre do ano corrente.

Exatamente por isso, Exército e Iveco aguardam sinal verde orçamentário para o inicio da produção do Iveco LMV-BR, blindado sobre rodas selecionado para emprego justamente em missões de alto risco como a que se apresenta na República Centro Africana (MINUSCA).

OBS do AUTOR: A necessidade premente de cobrir a lacuna de veículos blindados adequados para uma Missão de Imposição de Paz da ONU, por parte do Exército Brasileiro, só reforça informações sobre a provável compra de exemplares usados do LMV (ou Lince, como é conhecido no Exército Italiano) para emprego com o primeiro contingente brasileiro (first team deployment) a ser enviado para a República Centro Africana.

O Iveco LMV na configuração definida pelo Exército Brasileiro, sendo guiado na pista de testes da Iveco pelo especialista em blindados de T&D, Paulo Bastos.

 

Novidades do Programa Guarani

A reportagem de T&D observou um interessante desenvolvimento, o “Meio Auxiliar de Instrução” ou MAI, a grosso modo uma reprodução em escala real do posto do motorista do Guarani (cabine), acoplado a uma unidade auxiliar de energia (APU) que fica ao lado.

Estamos aguardando maiores detalhes desse sistema para informarmos aos leitores qual a sua utilização e metodologia de emprego.

“Meio Auxiliar de Instrução” ou MAI. (acima e abaixo-embaixo)

Sobre o veículo numero 300, esse é um número simbólico, pois existem mais de 50 veículos prontos (observados e contados na fábrica), aguardando para serem entregues, incluindo o 300. Em fase de produção, foi observado o VBTP-MSR 6×6 nº 332, e existem muitas peças cortadas e componentes armazenados e disponíveis para a fabricação dos subsequentes.

O Guarani na rampa a 60%, saindo da imobilidade acionando marcha a ré.
Scaffo na cabine de pintura recebendo a mascara de camuflagem e respectivas cores.
Teste de estanqueidade e flutuabilidade na pista de testes da Iveco. (Acima e Abaixo)

“Esse artigo é dedicado a memória de Reginaldo Bacchi”

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