Santiago Rivas (*)
O Exército Argentino (EA) realizou hoje a cerimônia oficial de entrega dos veículos blindados de combate sobre rodas M1126 Stryker 8X8 da General Dynamics Land Systems. A cerimônia foi presidida pelo chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Carlos Presti, e contou com a presença do ministro da Defesa, Dr. Luis Petri, do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas da Argentina, brigadeiro-general Xavier Isaac, do chefe do Estado-Maior da Marinha Argentina, almirante Carlos Allievi, e do chefe do Estado-Maior da Força Aérea Argentina, brigadeiro-general Gustavo Valverde. O embaixador Peter Lamelas também esteve presente, acompanhado por generais e militares dos EUA, bem como por representantes da General Dynamics Land Systems (GDLS).
Os blindados Stryker entraram na pista de treinamento escoltados por drones táticos, formando um movimento conjunto que simbolizava o Núcleo de Modernidade Stryker, onde plataformas blindadas, sensores, sistemas antidrone e capacidades de vigilância multidomínio convergem em um único sistema operacional. Essa escolta aérea representou a integração de equipamentos de última geração e tecnologias emergentes, alinhada ao processo de modernização e fortalecimento de capacidades da Força.
Os veículos blindados, o primeiro lote de quatro unidades de um total de oito adquiridas, foram oficialmente entregues ao 6º Regimento de Infantaria Mecanizada “General Viamonte”, da 10ª Brigada Blindada, parte da Força de Desdobramento Rápido. Os veículos restantes, segundo o general Presti, serão recebidos antes do final do ano.
Durante a cerimônia, foi destacada a integração e a sinergia entre o veículo, a tripulação e os sistemas avançados. Os membros da Seção Stryker — oficiais, motoristas, artilheiros, líderes de esquadrão, operadores de rádio, pessoal de reabastecimento, operadores de drones e artilheiros — estavam alinhados ao lado de cada veículo.

O Stryker está equipado com um motor diesel Caterpillar C7, de 350 cavalos de potência, capaz de atingir velocidades superiores a 100 km/h. Possui um sistema de rolamentos que, juntamente com seu sistema de suspensão hidropneumática e controle de pressão dos oito pneus, permite que se adapte a diferentes condições de terreno. A blindagem do veículo oferece proteção contra disparos de armas leves e estilhaços. Além disso, o Stryker permite a operação remota da estação de armas principal e possui um sistema central de supressão de incêndio.
O modelo M1126 pode transportar até nove soldados e está equipado com sistemas de armas que incluem lançadores de granadas e metralhadoras. Sua estação de armas remotamente controlada (RWS) básica pode acomodar uma metralhadora pesada M2HB QCB, de 12,7x99mm, ou um lançador de granadas automático MK19, de 40x53mm, ambos atualmente em serviço no EA.
O motorista e o artilheiro possuem periscópios que lhes permitem observar os arredores sem se exporem, além de visão térmica para operações em condições de baixa visibilidade.
O Stryker é considerado um veículo robusto, confiável e de fácil manutenção. Seu projeto permite, por exemplo, que o motor e a transmissão sejam removidos e instalados em aproximadamente duas horas, facilitando reparos rápidos em campo.
A integração logística é facilitada pela compatibilidade dos componentes, visto que o EA já opera caminhões Oshkosh, um modelo que compartilha o mesmo motor Caterpillar C7 (em sua versão de 300 HP), bem como o chassi e os pneus do Stryker. Esse equipamento é familiar às bases logísticas e aos batalhões de arsenal, o que agiliza sua integração ao sistema de manutenção do EA.

FORMAÇÃO TÉCNICA E OPERACIONAL
Na Base Conjunta Lewis-McChord, no estado de Washington, foi realizado um programa intensivo de treinamento técnico para membros do EA, no contexto da futura operação dos veículos Stryker. O curso foi ministrado por instrutores especializados da General Dynamics Land Systems, que forneceram treinamento prático focado na familiarização dos participantes com aspectos essenciais do veículo blindado: segurança operacional, manobras de direção e manutenção preventiva.
O curso combinou componentes teóricos e práticos, estruturados para garantir uma compreensão abrangente do sistema. Os tópicos abordados incluíram:
- Sessões de informação sobre segurança operacional específicas para o Stryker;
- Estudo técnico de nomenclatura e sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos; e
- Reconhecimento de subsistemas-chave, como a estação de armas remota, a transmissão, a suspensão hidropneumática, o sistema centralizado de pressão dos pneus e os mecanismos de proteção.
Esta etapa de treinamento teve um foco predominantemente prático, visando garantir o domínio técnico do veículo, sua operação segura e a correta aplicação dos procedimentos de manutenção.
Um componente essencial do curso foi o treinamento tático de direção. Para acessar essa fase, os participantes precisavam passar por uma certificação obrigatória em simuladores oficiais da Stryker, que reproduziam com precisão as condições de operação do veículo.
Concluída essa etapa, a equipe realizou manobras básicas e avançadas sob a orientação de instrutores americanos; exercícios de adaptação a diferentes terrenos naturais ao redor da base; treinamento em desdobramentos táticos, estacionamento seguro, condução em comboio e operação em condições de visibilidade reduzida utilizando sistemas de imagem térmica. Esses exercícios permitiram que eles adquirissem habilidades fundamentais para o uso operacional do veículo blindado.
Outro componente fundamental do treinamento foi o módulo de manutenção preventiva, que focou nos procedimentos de manutenção preventiva e de serviço (PMCS). Essa abordagem é essencial para garantir a disponibilidade técnica do sistema, tanto em operações quanto em atividades logísticas de rotina.

Durante essa fase, as tropas argentinas foram treinadas em:
- Verificação dos fluidos, da pressão dos pneus e do estado geral do sistema de rodagem;
- Protocolos de identificação e reporte de falhas;
- Utilização de tablets digitais fornecidos pela General Dynamics, equipados com software especializado para executar rotinas de diagnóstico e manutenção; e
- Substituição rápida de componentes e aplicação de critérios técnicos na manutenção de campanhas.
Este treinamento facilita a futura integração do Stryker ao sistema de apoio atualmente utilizado pelos batalhões de arsenal e bases logísticas do EA.

(*) Santiago Rivas é jornalista e fotógrafo argentino, especializado em defesa, editor da revista Pucará Defensa e colaborador de Tecnologia & Defesa na Argentina