Por Cristián Marambio
Mais de cinco décadas de serviço é o notável legado deixado pela frota Bell JetRanger em serviço com a Aviação Naval da Armada do Chile, desde 1970 e que terminou em 5 de julho deste ano.
Sua história
Os primeiros quatro helicópteros foram incorporados novos em julho de 1970, equipando momentaneamente o Esquadrão Antissubmarino de Helicópteros, na extinta Base Aeronaval El Belloto, a leste do Porto de Valparaíso. Eles eram do modelo SH-57 e receberam os números de registro naval de 31 a 34 (n/s 494, 495, 496 e 497). Tinham capacidade de operar com um torpedo General Electric Mk 44, atuando como vetores antisubmarino controlados pela nave-mãe na função Match.
A partir de 1971 os SH-57 foram modificados para lançar a munição ASW Squid, de origem inglesa, anteriormente utilizada pelos destróieres da classe Almirante e foi ainda possível desenvolver experimentalmente montagens triplas para lançar munição Oerlikon-Bührle, de 80mm, a partir dos lançadores de foguetes instalados no Mowag Grenadier do Corpo de Fuzileiros Navais. Para isso, a empresa Finox desenvolveu tubos de aço inoxidável com 120 centímetros de comprimento por 80mm de diâmetro.
Em 1977 foram transferidos para o recém-formado Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino HS-2, operando a partir dos conveses das fragatas Leander e destróieres Sumner, este último após o trabalho realizado no estaleiro ASMAR Talcahuano.
Em março de 1982 a Aviação Naval adquiriu as duas unidades do Exército, o E-151 e o E-152 (n/s 444 e 596), recebendo as matriculas os registros 35 e 36 e sendo denominado UH-57. A perda de dois exemplares, em 1970 e 1982, resultou na incorporação de exemplares civis do JetRanger 206, resultando na compra de mais quatro exemplares, aos quais foram atribuídos os números de matrícula 32 e 33 (n/s 1706 e 1592), a dois 206A, para substituir os acidentados SH-57, e os registros navais 37 e 38 (n/s 1700 e 3401), para os dois 206B.
Em fevereiro de 1992 foi criado o Destacamento de Propósito Geral de Helicópteros HU-1, ao qual foram atribuídos cinco destes helicópteros, entre outros, e, em 1998, diante da necessidade de mantê-los operacionais, a Aviação Naval adquiriu dos Estados Unidos, através do programa EDA (“Excess Artigos de Defesa”), duas unidades do modelo TH-57A Sea Ranger (n/s 5016 e 5040), que foram canibalizados e usados como fonte de peças de reposição.
É em abril de 2019 que a Marinha adquire seu último exemplar no Brasil: um um 206B2 Jet Ranger III (n/s 4469), que recebeu a matrícula Naval 30. Apesar desta aquisição, a substituição do Jet Ranger já está definida com a finalização do projeto “Gaviota”, sendo o AS350B Ecureuil (H-125) seu substituto. E é justamente na espera da entrega do 4º Ecureuil que o Naval 30, sob o comando do comandante da Aviação Naval, o contra-almirante César Delgado, cumpriu seu último voo na Base Aeronaval de Concón, fechando um impressionante ciclo operacional de 52 anos.