Novas unidades do Exército com Guarani

A principal função da introdução da viatura blindada de transporte de pessoal, média sobre rodas (VBTP-MSR) 6X6 Guarani no Exército Brasileiro (EB) foi o aumento da operacionalidade da Força por meio da ampliação da mobilidade, ou poder de manobra, através da transformação de organizações militares (OM) de Infantaria motorizada em mecanizada, além de modernizar a Cavalaria mecanizada, incrementando a capacidade de dissuasão e a defesa do território nacional.

Esse processo se iniciou de fato em 2013, com a criação da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec), Brigada Guarani, e continua nos nossos dias, com quase 500 Guarani operacionais, de um total de 1.580 a serem entregues nos próximos 20 anos, operando em mais de 60 OM dos comandos militares do Sul, Leste, Oeste e Planalto. Porém muitas outras ainda irão recebê-los.

A vez do Sudeste

Uma das viaturas Guarani recebidas pelo 28º BIL (Imagem: 2ª DE)

Em 26 de maio, data em que o EB comemorou um século da adoção de blindados, o Comando Militar do Sudeste (CMSE), através da 2ª Divisão de Exército (2ª DE),  incorporou seus primeiros Guarani, com a chegada de duas viaturas ao 28º Batalhão de Infantaria Leve (28º BIL), Batalhão Henrique Dias, de Campinas (SP), unidade especializada em operações urbanas, tanto em situações de segurança pública, quanto de guerra, e subordinada à 11ª Brigada de Infantaria Leve (11º Bda Inf L), Brigada Anhanguera.

O 2º Batalhão Logístico Leve (2º B Log L), Batalhão Cidade de Campinas, também subordinado à 11º Bda Inf L, recebeu uma oficina de suporte logístico integrado da Iveco Defence Vehicles, para dar suporte á todas as OM da brigada.

Dois dias depois, no dia 28, foi a vez do 37º BIL, Batalhão General Silvino Castor da Nóbrega, de Lins (SP), também subordinado à 11ª Bda Inf L, receber duas viaturas, sendo que, no dia 24 de junho, ocorreu uma cerimônia onde uma deles foi batizada de “LINS”, em homenagem à cidade onde a unidade está aquartelada.

Ainda no dia 28 de maio, foi a vez do 4º BIL, Regimento Raposo Tavares, de Osasco (SP) e subordinada a 12ª Brigada de Infantaria Leve – Aeromóvel (12ª Bda Inf L – Amv), receber seu primeiro Guarani.

O Guarani recebido pelo 4ª BIL (Imagem: cabo Pascoal)

O fato de batalhões de infantaria leves, incluindo um aeromóvel, cujo principal meio de mobilidade é por helicópteros, receberem blindados chamou a atenção, porém isto tudo está em conformidade com os planos da Força.

As diretrizes do Plano Estratégico de Reestruturação do Exército (PEREx), expedidas pelo Estado-Maior do Exército em 2003, definiram que a 11ª Bda Inf Bld seria transformada em 11ª Bda Inf L (GLO), registrando, ainda, que a natureza de Infantaria Leve seria transitória, pois a Brigada Anhanguera seria o embrião da Infantaria Mecanizada no EB, todavia, posteriormente, decidiu-se que o programa Guarani iniciaria pela 15ª Bda Inf Mtz, de Cascavel (PR), deixando a transformação da 11ª Brigada para uma etapa posterior.

Dentro do processo de transformação de Leve para Mecanizada estão previstas algumas mudanças de subordinação, sendo que o 4º BIL deverá passar para a da 11ª Brigada, que, em troca, cederá o 2º BIL, Batalhão Martim Afonso, de São Vicente (SP), para a 12ª Brigada. Com esta mudança, os BIL (4º, 28 e 37º) serão transformados em batalhões de infantaria mecanizados (BI Mec), com uma dotação prevista de 40 viaturas, ao final do processo.

O 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada (13º RC Mec), Regimento Anhanguera, de Pirassununga (SP) e subordinado a 11ª Brigada, também receberá as viaturas Guarani, porem equipadas com sistemas de armas remotamente controladas (SARC) REMAX, devendo receber as seis primeiras ainda no mês de julho, e terá uma dotação prevista de nove viaturas. O 28º BIL também deverá receber mais 16 viaturas nas próximas semanas.

O Sul completa seus Regimentos de Cavalaria

No dia 29 de junho, o 14º Regimento de Cavalaria Mecanizada (14º RC Mec), Regimento Lanceiros do Ponche Verde, de São Miguel do Oeste (SC) e unidade orgânica da 5ª Divisão de Exército (5ª DE), recebeu suas seis primeiras viaturas Guarani, equipadas com REMAX, com previsão para receber as três restantes em 2022.

Este era um único regimento de cavalaria mecanizado do Comando Militar do Sul que não possuía a viatura Guarani.

As seis viaturas recebidas pelo Regimento Lanceiros do Ponche Verde (Imagem: 14º RC Mec)

O Programa Estratégico do Exército (Prg EE) GUARANI espera para os próximos anos que os comando militares da Amazônia, Norte e Nordeste também recebam a a VBTP-MSR 6X6 Guarani, completando assim a primeira etapa deste processo de transformação e modernização de toda a Força Terrestre.

 

Nota da Redação: Tecnologia & Defesa agradece à Agência Verde Oliva, à Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, ao tenente-coronel Rodrigo Kluge Villani, comandante do 14º RC Mec, ao major Ricardo Inacio Dondoni, chefe da Seção de Comunicação Social da 11ª Bda Inf L, e ao primeiro-tenente Pedro Henrique Vital, adjunto da Seção de Comunicação Social da 2ª DE, pelo envio das informações e imagens para completar esta matéria.

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Comentários

8 respostas

  1. Prezado Colombelle,

    Segundo uma reportagem do, Helio Higuchi, Paulo Bastos e do saudoso Reginaldo Bacchi, publicada na revista Tecnológia e Defesa N° 137, na página 27:

    “Em 24 de Março de 2014, o 34° BI MEC recebeu o primeiro lote de VBTP-MR Guarani formado por 13 veículos, com 11 equipados com Torre Platt e dois apenas com uma tampa provisória, que foram logo apelidados de “mulas-sem-cabeça”. Estes, aliás, devem ser substituídos, foram entregues para compor a dotação da Cia Fuz Mec, que compreende quatro veículos por pelotão e mais um para o comandante da companhia.

    Na mesma página a matéria relata:
    “Até o final de 2015 espera-se que todas as Cia Fuz MEC estejam plenamente equipadas com o Guarani, de modo que o 33° BI Mec deverá possuir 42 veiculos, e os outros dois (30° e 34°), por terem uma companhi a menos, 29 unidades cada”

    E na página 32 a revista relata:
    “De acordo com o tenente-coronel Eloy Woellner Júnior, comandante do 33° BI Mec, está em estudos a substituição das torres Platt por Remax na BDA INF Mec, que mostrou-se mais adequada e, dependendo dos estudos do CI Bld, a ativação de um pelotão equipado com quatro VBTP-MR Guarani com a Torre UT30-BR, na companhia de apoio de cada batalhão”

    Cada Cia Fuz Mec tem 13 VBTP MR Guarani, divididas em três pelotões e uma pro comandante de Cia.
    Pode-se inferir que o Batalhão terá 39 ou 26 VBTP MR nas Cia Fuz Mec, mais três VBTP MR para a CCAp, totalizando um total de 42 Guaranis nas unidades tipo três e 29 nas unidades tipo dois.
    E que, segundo a revista, há previsão para a adoção de mais quatro VBTP MR equipadas com a Torre UT30 BR para formar um pelotão de apoio de fogo na CCAp.

    Cabe destacar que se encontra em estado avançado, o estudo do EME em dotar os BI Mec com um versão do Guarani, para compor o pelotão de morteiros pesados de 120mm.

    Se formos somar aos batalhões, as quatro VBTP equipadas com UT30 e os quatro Guaranis na versão porta morteiro.
    Teremos nas unidades tipo dois, 37 e nas tipo tres, 50 viaturas.

    As Bdas de Inf Mec estão sendo criadas com o intuito de modernizar não só a infantaria, mas todo o exército.
    E ao meu ver, será muito profícuo se o EB sanar uma grave deficiência que temos em nossa Força Terrestre, que são as unidades incompletas de meios e pessoal.
    Partindo dessa premissa, deveríamos elevar as unidades que compõe as Bdas que serão transformadas em MEC, passando do tipo dois ao tipo três.
    Mobiliar os BI Mec com 12 VBTP equipadas com a Torre UT30 BR, divididas em três pelotões, um em cada Cia Fuz Mec.
    Desta forma os Batalhões ficariam com 51 viaturas divididas nas três Cia Fuz, e mais oito VBTP na CCAp, sendo quatro viaturas na versão porta morteiro.
    Totalizando 59 viaturas por batalhão.

    Um forte abraço!

    É com fogo que se ganha as batalhas!

  2. Excelente matéria, conheço bem o 2° Bil em São Vicente, não imaginava que iria ser transferido para a 12Bgd, faz mais sentido até pq na Baixada Santista não é uma região propícia para uso de blindados. Aos poucos o EB vai se modernizando, em toda a América Latina nenhum país vai ter uma força mecanizada como a nossa.

  3. Na minha humilde opinião os RCMec deveriam receber algumas unidades do Guarani equipados com canhões de 30 mm, no caso as torres Torc 30.

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