No dia 1º de fevereiro de 2018, a indústria aeroespacial brasileira foi sacudida por uma notícia inesperada.
Destacada em vários artigos nas mais prestigiosas publicações do trade aeroespacial, até recentemente, a Novaer, indústria aeronáutica sediada em São José dos Campos terminou o mês de janeiro anunciando demissões de funcionários.
Na nota a imprensa divulgada com texto escrito em caixa alta, pode-se ler “devido a dificuldades imprevistas, causadas pelo inadimplento contratual de seu principal cliente, foi forçada a efetuar o desligamento imediato de parte de seus empregados na data de hoje (1º de fevereiro de 2018)”.
Ou seja, após o estrondoso sucesso alcançado na apresentação de dois protótipos do B-250 Bader no Dubai Air Show, aviões que foram transportados até os Emirados Árabes Unidos em um avião C-17 daquela Força Aérea (e por lá ficaram, obviamente), o pagamento da Novaer é esse?
Como fica todo o investimento da empresa? Qual o posicionamento do Governo Brasileiro em defesa da indústria nacional? Uma empresa estrangeira vem ao Brasil, adquire o projeto de um avião virtual concorrente do T-27/A-29 Super Tucano, busca (sequestra) os protótipos com apoio do Governo de seu País, e depois simplesmente não paga?
E a tecnologia da aeronave TXC, desenvolvida com recursos do FINEP? E a Novaer e seus empregados? E a dignidade dos brasileiros que colocaram seu suor a serviço deste contrato? A diplomacia brasileira vai aceitar esse ultraje?
No momento, só perguntas, já que as respostas ainda são inexistentes, pois a Calidus LLC, empresa que contratou a Novaer, não se pronunciou oficialmente.
A reportagem de T&D está acompanhando de perto a situação, e voltará com mais informações assim que possível.
A seguir, a nota a imprensa divulgada pela assessoria de imprensa da Novaer, tal como recebida, em caixa-alta (quase um pedido de socorro):
NOTA À IMPRENSA
A NOVAER, INDUSTRIA AERONÁUTICA SEDIADA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS INFORMA COM PESAR QUE, DEVIDO A DIFICULDADES IMPREVISTAS, CAUSADAS PELO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL DE SEU PRINCIPAL CLIENTE, FOI FORÇADA A EFETUAR O DESLIGAMENTO IMEDIATO DE PARTE DE SEUS EMPREGADOS NA DATA DE HOJE.
ESSA DECISÃO FOI TOMADA NESTE MOMENTO EM QUE A EMPRESA TEM CONDIÇÕES DE CUMPRIR TODOS OS COMPROMISSOS TRABALHISTAS COM TODOS OS EMPREGADOS. POSTERGAR ESSA DECISÃO PODERIA COMPROMETER A CAPACIDADE DE ATENDER A TAIS COMPROMISSOS.
A EMPRESA ESTÁ UTILIZANDO TODOS OS MEIOS PARA REVERTER A SITUAÇÃO ATUAL E SUPERAR AS DIFICULDADES MOMENTANEAS, COM O OBJETIVO DE RETOMAR O RITMO NORMAL DE SUAS ATIVIDADES O MAIS RAPIDAMENTE POSSIVEL.
ATENCIOSAMENTE,
A DIRETORIA EXECUTIVA