“Esse satélite vai acabar com o apartheid digital no Brasil”. Essa foi a importância atribuída pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, ao Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), ao conhecer o Núcleo do Centro de Operações Espaciais (NUCOPE), que deve em breve se tornar o Centro de Operações Espaciais (COPE), em Brasília.
A organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB) será responsável pela operação e monitoramento do SGDC. “Todo brasileiro, do Oiapoque ao Chuí, da Cabeça do Cachorro, lá no Amazonas, até Fernando de Noronha, vai dispor de banda larga. É o maior projeto de inclusão digital que nós já temos. Mas, além disso, esse satélite, que será controlado aqui pela FAB, na sua parte de comunicações governamentais e defesa, e pela Telebrás, na parte comercial, vai propiciar segurança das comunicações na área de defesa e na área governamental”, afirmou o ministro.
Em um briefing realizado no NUCOPE, o ministro acompanhado do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, recebeu explicações sobre as capacidades e cenários de emprego do satélite, que tem previsão de lançamento para o próximo dia 21 de março, a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo do foguete Ariane-5.
“Nessa data nós estaremos não apenas lançando um satélite, mas realizando um sonho de soberania, de comunicação, de segurança, de defesa e de inclusão digital para todos os brasileiros”, ressaltou o ministro da Defesa.
Posicionado a uma distância de 35.786 quilômetros da superfície da Terra, o SGDC vai proporcionar três tipos de coberturas e terá uso dual (militar e civil), devendo atender às demandas do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) e prover a soberania em telecomunicações seguras para o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS).
O satélite vai operar nas chamadas bandas X e Ka. Em relação à primeira, trata-se de uma faixa de frequência destinada exclusivamente ao uso militar, correspondendo a 25% da capacidade total do satélite. “Ele também vai permitir uma grande melhoria nas condições de fiscalizações de nossas fronteiras”, disse Jungmann.
Já a banda Ka terá capacidade de 54 Gbit/s e será usada para ampliar a oferta de banda larga pela Telebras. O satélite vai garantir conexão banda larga nos municípios mais distantes do País. Ele reforçará a rede terrestre da Telebrás, atualmente com 28.000 quilômetros de extensão, presente em todas as regiões brasileiras. O projeto é uma parceria entre os ministérios da Defesa (MD) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
“O SGDC é uma realidade que trará um grande aumento de capacidade de comunicações para o Brasil”, afirmou o coronel Marcelo Vellozo Magalhães, comandante do NUCOPE, em sua explicação ao ministro da Defesa.
Recebimento
No início de dezembro do ano passado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, juntamente com o presidente da Telebras, Antonio Loss, recebeu o SGDC. O evento ocorreu em Cannes, no sul da França, onde fica a sede da Thales Alenia Space (TAS), empresa fornecedora do equipamento.
A operação e o monitoramento do satélite serão executados de maneira compartilhada entre a Defesa e a Telebras. Segundo a Defesa, o valor de investimento é de R$ 2,1 bilhões, incluindo os custos com a infraestrutura terrestre.
Ivan Plavetz