LAAD Security 2016: Avibras agita o mercado de blindados com o Guara

Com capacidade para cinco tripulantes devidamente equipados, a viatura Guara 4WS é destinada ao emprego tático em operações especiais de forças de segurança em área urbana, realizando o combate ao crime organizado de trafico de drogas, assalto a bancos e carros fortes, etc. versátil, pode ser utilizado em áreas rurais no combate aos conflitos armados irregulares. Também está disponível na versão transporte de tropas com capacidade para 10 tripulantes e na versão com blindagem apropriada para Defesa Civil e Polícia Florestal, dentre outras versões em estudo.

Para conhecer um pouco mais sobre o Guara 4WS e suas capacidades, Tecnologia & Defesa entrevistou o senhor Marcos Agmar de Lima e Souza, gerente de desenvolvimento de negócios da Avibras, presente a LAAD Security 2016.

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T&D: O anúncio do protótipo desse carro pegou muita gente de surpresa no mercado. Como foi o histórico de desenvolvimento do Guara 4WS? O protótipo que está no Haiti e o trabalho de nacionalização feito no Tupi (RTD Sherpa) influíram na concepção desse novo carro

Marcos Agmar: De fato, o novo Guara 4WS recebeu diversos inputs do protótipo do Guara 1 que está no Haiti, e tudo o que fazemos resulta em conhecimento, portanto, o aprendizado obtido nos trabalhos relativos ao Tupi também foram aproveitados quando a Avibras decidiu-se pelo novo blindado, além de todo o expertise que já possuimos produzindo viaturas militares da classe do Astros, por exemplo.  Um dos requisitos colocados pela diretoria da empresa foi que o carro tivesse um alto grau de componentes nacionais usados na sua fabricação.  O chassi é Avibras, o que facilita em muito qualquer desenvolvimento posterior do carro, o cálculo estrutural é nosso, eliminando dependências externas, e isso significa menor custo de aquisição e um pós venda muito eficiente, já que dominamos amplamente qualquer parte, componente ou estrutura do carro. O motor e um Cummins nacional e a rede de concessionárias que trabalham com esse trem de força podem prestar apoio para o usuário do carro, além do suporte da Avibras.

O painel do Guará 4WS usa bastante fibra de carbono, e possui computador de bordo com tela multifunção LCD a cores com georeferenciamento e conectividade digital em rede.

T&D: O Guara 4WS vai substituir o Tupi no portifólio de produtos da empresa?

Marcos Agmar: Não, o Tupi continua com a Avibras e está atualmente participando da concorrência VBMT-LR (Viatura Blindada Multitarefa, Leve sobre Rodas), que ainda não teve uma definição apesar do processo estar fechado.  Enquanto considerarmos viável comercial e tecnicamente, o Tupi continuará fazendo parte do portifólio da empresa.

T&D: Quais as expectativas da Avibras com relação a presença do Guara 4WS na LAAD Security 2016?

Marcos Agmar: As melhores possíveis, na feira o carro está despertando grande interesse dos visitantes, de forças policiais e mesmo das delegações de Forças Militares estrangeiras que estão na LAAD Security. Muitos podem questionar se o atual momento seria o mais propício para lançar o Guara 4WS, mas entendemos que é na adversidade que um bom produto como o nosso pode se destacar e conquistar mercado. Clientes potenciais do exterior, de forças policiais e militares, ficaram positivamente impressionados com o que estão vendo na LAAD Security 2016.

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T&D: Quais os próximos passos do Guara 4WS após a LAAD Security 2016?

Marcos Agmar: Após a feira esse carro (único protótipo) volta as mãos do nosso departamento de engenharia para que os testes internos da Avibras continuem até setembro, e a partir daí já deveremos estar em conversações com o Exército Brasileiro para que ele seja avaliado no Centro de Avaliação do Exército (CAEx), pois a certificação do Exército certamente facilitará a entrada desse carro no mercado. Em muitos aspectos a avaliação do Exército não só vai nos ajudar não só na questão institucional, mas também vai nos orientar. Coisas acontecem durante os testes e isso pode reorientar os rumos do projeto. Ainda não sabemos quanto tempo esse processo demandará, mas acreditamos que no primeiro semestre de 2017 o carro possa estar certificado, a Avibras ainda não decidiu se haverá um segundo protótipo, o que faria o desenvolvimento ocorrer em paralelo com os dois protótipos, vai depender da estratégia adotada pela empresa.

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T&D: Com relação ao sistema de esterçamento das rodas traseiras, essa engenharia é um conceito próprio ou foi adquirido no exterior? É o único componente importado?

Marcos Agmar: O conceito de eixo traseiro esterçante nessa classe de viatura e para emprego policial, acredito que sejamos pioneiros no emprego, esse tipo de sistema já existe em veículos mais pesados 6×6 de uso militar. Nesse esterçamento estamos ainda estudamos, é possível ampliar o raio de esterçamento, nós que limitamos para ir aos poucos avaliando e aumentando o envelope do raio de giro, que hoje é de seis metros. A suspensão independente nas quatro rodas também é importada, pois não existe desse tipo de material militarizado disponível para pronta entrega no mercado nacional. Os rádios militares são importados (outra lacuna da indústria nacional) e o visor LCD colorido multifunção e seu computador também é importado. Por outro lado, buscamos usar o máximo de componentes comuns ao Astros. Os bancos são os mesmos, os cintos de segurança, inclinômetros, as chapas de aço (blindagem), a tela multifunção, etc. Se já temos esses componentes, funcionam e estão certificados, por que não aproveitar? Isso diminui muito os custos mais uma vez, e militares do Exército familiarizados com esses equipamentos terão enorme facilidade em se adaptar ao novo carro, caso venha a ser adquirido pela Força Terrestre.

T&D: E como é a história de um Campeão do Rally Paris-Dakar ser o piloto de testes do Guará?

Marcos Agmar: Isso é algo muito interessante, pois os engenheiros diretamente envolvidos com o Guara 4WS acabam enxergando o carro como um “filho”, aí imagine você, chega um piloto de caminhões, o André Azevedo, vencedor do Paris-Dakar, e leva o Guara 4WS ao seu limite dentro da nossa pista de testes com o seguinte feedback “Não sei por que vocês me pagam para dirigir esse carro, é muito prazeiroso ter nas mãos um veículo tão sólido, versátil e bem construído”. Os inputs que o André Azevedo nos passa também são valiosos, devido a sua grande experiência com caminhões de alto desempenho em competições de Endurance e Rally.

O Guara 4WS utiliza blindagem composta em sua concepção, como se pode ver nessa imagem da porta do carro, formada por três chapas espaçadas e blindadas.

T&D: A partir de que ponto o Guará 1 foi “deixado de lado” em favor do Guara 4WS? O quanto ele foi importante e quando começou a prova de conceito do novo carro?

Marcos Agmar: O Guara 1 repassou diversos ensinamentos enviados diretamente do Haiti, a idéia de fazer um “Guará 2” sempre existiu, os inputs foram discutidos em reuniões e depois decidimos construir uma prova de conceito há mais ou menos um ano e meio atrás. Essa etapa demandou 10 meses de estudos, e a seguir, precisamos de mais oito meses para construir o Guará 4WS e finalizá-lo a tempo de executar os primeiros testes e trazê-lo para a LAAD Security 2016.

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T&D: Qual o sentimento da equipe de desenvolvimento de produtos da Avibras com o sucesso do Guará 4WS? O suporte pós venda da Avibras é mesmo um diferencial atrativo da empresa?

Marcos Agmar: Estamos orgulhosos, o carro foi um tiro certeiro em termos de mercado e chega em um momento muito oportuno, pois essa maré econômica desfavorável vai passar em algum momento nos próximos meses. Quanto ao suporte pós venda, esse é um diferencial da Avibras há mais de 30 anos, veja o caso do Astros pelo mundo, os Sauditas estão bastante satisfeitos com nosso suporte, temos técnicos junto aos operadores dos nossos produtos em qualquer lugar onde eles estejam. O mesmo acontece com o Exército no caso do Forte Santa Bárbara em Formosa (Goiás), os Astros 2020 estão continuamente sendo acompanhados por dois técnicos da Avibras, e esse mesmo esquema de pós venda vai acontecer com o Guará 4WS, costumamos dizer na empresa que “A Avibras NUNCA deixa o cliente a pé”. Podemos até não arcar com custos decorrentes de erros operacionais após o fim da garantia, mas nos reunimos com o cliente, estudamos o problema e o ajudamos a encontrar a melhor solução possível, faz parte do DNA Avibras um pós-venda imbatível.

Roberto Caiafa
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