A SAAB e a Força Aérea Brasileira, juntamente com a Embraer e muitas outras empresas brasileiras do setor aeroespacial, estão trabalhando nos preparativos para a construção, ensaios de solo e em voo, homologação e posterior fabricação do Gripen NG BR, atendendo uma encomenda inicial de 36 aeronaves.
Na LAAD 2015, um mock-up escala cheia do avião ficou exposto exibindo uma série de novas tecnologias em sistemas e armas selecionadas para a configuração brasileira. Também foi possível observar a instalação da sonda de reabastecimento em voo, do lado esquerdo da fuselagem, sob a entrada de ar, em posição para contato com a sonda de REVO.
(Imagem: Roberto Caiafa)
Além do cockpit com tela WAD (wide área display), foram mostrados os mísseis antiradiação Mectron MAR-1, a arma do primeiro dia em qualquer guerra moderna, projetado para eliminar os radares do inimigo; as bombas guiadas stand-off Spice (Rafael); e o míssil de 5ª geração, para curto alcance off-boresight matriz ativa A-Darter, uma colaboração binacional Brasil e África do Sul.
Internamente, o Gripen NG conta com um canhão Mauser BK.27 (27 mm) e uma ampla suíte de sistemas defensivos de contramedidas como alerta radar (RWR), alertas de aproximação de mísseis (MAWS) e lançadores de decoys chaffs e flares (instalados na parte traseira dos pilones subalares), mais sistemas passivos de detecção como o IRST SkyGuard instalado no nariz.
Todas as informações geradas por essa suíte eletrônica é fundida e apresentada ao piloto no WAD e na viseira do seu HMD (capacete com mira designadora), permitindo uma consciência de 360º ampliada pelo LINK BR, o datalink da FAB, já operacional e capaz de conectar os Gripen NG as aeronaves Guardião E-99 de alerta aéreo antecipado, comando\controle, sensoriamento remoto e inteligência de sinais, os caças F-5EM\FM, turboélices A-29 Super Tucano e estações de controle em solo.
(Imagem: Roberto Caiafa)
Alguns dias antes da última LAAD, a FAB anunciou um contrato de aquisição de armamentos para o Gripen NG, avaliado em cerca de US$ 300 milhões. Apresentado na feira armado com o míssil BVR MBDA Meteor, o mock-up da SAAB deixou bem clara a preferência da Força Aérea por esse míssil, um desenvolvimento multinacional europeu feito por seis nações e desenhado para armar caças Eurofighter Typhoon, Dassault Rafale e SAAB Gripen, sendo este último o primeiro a tê-lo integrado e operacional na Real Força Aérea Sueca, a partir de 2016 (uma vantagem no caso da sua escolha ser confirmada).
Usando a tecnologia Ramjet, o Meteor possui um alcance superlativo de 100 Km ou mais, com alta velocidade e energia para manobrar mesmo na fase final de seu voo até o alvo, onde o radar de bordo assume o guiamento até o impacto e destruição. De fato, o Meteor é visto hoje como um “Game Changer”, pois a sua utilização em plataformas avançadas multifuncionais (caso do Gripen NG) tornam essas aeronaves exponencialmente mais letais e flexíveis, ampliando inclusive o leque de táticas a serem utilizadas em combate aéreo.
Outro marco importante, o Meteor será o garante da Defesa Aérea da Europa pelas próximas décadas, em se tratando de mísseis de longo alcance, pois oferece desempenho comprovadamente superior a outros mísseis ocidentais por um custo realista (e um dos segredos mais bem guardados da MBDA).
Roberto Caiafa