Japão desenvolve sistema de defesa contra aviões chineses

E-2D Advanced Hawkeye
E-2D Advanced Hawkeye (Imagem: Northrop Grumman)

O Japão está adquirindo quarto aviões de alerta antecipado embarcado (AEW) Northrop Grumman E-2D Advanced Hawkeye para suas Forças de Autodefesa (JSDF conforme sigla em inglês), os quais deverão ser empregados para detectar aviões stealth (furtivo) de 5ª geração da China, e ao mesmo tempo, aprimorar a capacidade de defesa contra mísseis.

Os novos aviões estão equipados com um poderoso radar Lockheed Martin AN/APY-9 UHF dotado de capacidade para escaneamento híbrido mecânico/eletrônico e que opera na banda UHF, habilidades que permitiram integração da plataforma ao ambiente de batalha NIFC-CA (Naval Integrated Fire Control—Counter Air) da Marinha dos Estados Unidos (US Navy).

A encomenda é significativa devido a vários aspectos. O principal deles diz respeito ao radar AN/APY-9, que é o sistema central do Advanced Hawkeye. Tanto amigos como inimigos têm afirmado que radares UHF emergem como efetiva contra-medida para neutralizar aviões projetados com tecnologia stealth. Um exemplo público corresponde a uma matéria acadêmica publicada em 2009 no jornal Joint Forces Quartely da Universidade Nacional de Defesa. Denominado Radar vs. Stealth, o físico Arend Westra afirmou no artigo que a física que envolve comprimento de onda e ressonância permite que radares VHF e UHF detectem aviões furtivos.

E-2D Advanced Hawkeye
Japão usará E-2D Advanced Hawkeye para detectar aviões de combate de 5ª geração da China. (Imagem: Northrop Grumman)

Radares que operam na banda UHF funcionam em frequências situadas entre 300Mhz e 1 GHz, o que resulta comprimentos de ondas entre 10 centímetros e 1 metro. Normalmente, dependendo das características físicas das aeronaves de combate desenhadas de acordo com conceitos stealth, elas são otimizados para se tornarem imperceptíveis às ondas de radares que funcionam nas bandas Ka, Ku, X, C e parcialmente de S, faixas que apresentam valores de frequência maior.

O efeito de ressonância que ocorre em partes de uma aeronave que apresentam determinadas características geométricas e materiais, como por exemplo, deriva vertical de cauda da mesma, pode ser oito ou mais vezes maior quando refletem ondas de frequências especificas. Ao mesmo tempo, os efeitos de ressonância omnidirecional produzem uma mudança radical no valor de RCS (Radar Cross-Section) da aeronave. Somando-se esses efeitos, aeronaves stealth que não possuírem uma considerável quantidade de materiais absorventes de ondas só poderão cumprir missões “invisíveis” em teatros de operações rastreados por radares que operam nas frequências para as quais estão preparadas para não serem notadas.

Nesse contexto estão incluídos os aviões de combate de 5ª geração Chengdu J-20, Shenyang J-31, Sukhoi PAK-FA, Lokheed Martin F-22 e o F-35 Joint Strike Fighter, este último também da Lockheed Martin. Somente aeronaves stealth sem superfícies salientes como o bombardeiro estratégico Northrop B2 podem atender a requerimentos geométricos críticos de ressonância. Portanto, essas e outras avaliações apontam que o radar AN/APY-9 do E-2D Advanced Hawkeye pode ser uma eficiente contramedida frente aos J-20 e J-31 da China e os japoneses estão considerando esse potencial.

Ivan Plavetz
Com informações da Northrop Grumman e The National Interest

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