Na manhã desta sexta-feira (8/6), a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil promoveu cerimônia no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó (SP), para o lançamento da pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), com descerramento de placa, e início dos testes de integração dos turbogeradores ao reator no prédio do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene).
Compareceram à solenidade o presidente da República, Michel Temer; o ministro da Saúde, Gilberto Occhi; o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab; o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna; o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen; o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Fereira; o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior; a chefe de Gabinete da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Cassia Helena Pereira Lima (representando o presidente da Cnen, Paulo Roberto Pertusi); o superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Wilson Aparecido Parejo Calvo; o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko; o prefeito de Iperó, Vanderlei Polizeli, o presidente da Ezute, Eduardo Marson; Tarcísio Takashi Muta, presidente do Conselho de Administração; e Carlos Eduardo Barbosa Junior; gerente para o Mercado de Defesa e Espacial. A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) esteve presente na cerimônia por meio de sua presidente, Olga Simbalista, e do seu vice-presidente Luciano Pagano.
Independência Nuclear em Fármacos
O RMB vai produzir radioisótopos para a fabricação de medicamentos usados no tratamento de doenças nas áreas de cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. “Hoje, somos obrigados a importar fármacos para combater várias doenças, principalmente o câncer. O tratamento fica mais complicado e, naturalmente, mais caro, porque o país depende de fornecedores estrangeiros”, disse o presidente Michel Temer em seu discurso.
Com o reator, segundo o presidente, o Sistema Único de Saúde (SUS) aumentará os atendimentos de câncer, além de reduzir custos no tratamento.
Os medicamentos terão preço de custo. A tecnologia permitirá ainda a produção de fontes radioativas para a indústria, agricultura e meio ambiente. A previsão é que o reator comece a funcionar em 2024.
Serão investidos R$ 750 milhões no projeto do reator multipropósito que possibilitará a fabricação de radiofármacos a preço de custo para o SUS.
O Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, explicou que a pasta vai investir esse valor até 2022. Neste ano serão liberados R$ 30 milhões.
Occhi destacou que ao baratear custos com o reator será possível oferecer mais serviços de saúde para a população. “Na prática, significa para a população que vamos realizar diagnóstico mais preciso de doenças como infarto do miocárdio, infecções agudas, demências e embolia pulmonar. Teremos uma das formas mais eficientes de detectar o câncer. Significa ampliação dos serviços de diagnóstico por imagens que permitem visualizar o funcionamento de órgãos e tecidos”, explicou Occhi.
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, que também participou do evento, informou que o reator faz parte do programa nuclear da Marinha, voltado apenas para fins pacíficos. “Vale lembrar que o Brasil é um dos países mais atuantes na causa da não proliferação de armas nucleares”, disse. “O reator terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios, capazes de realizar testes de verificação dos efeitos da radiação”, completou o ministro.
A tecnologia tornará o Brasil referência em medicina nuclear, pois será autossuficiente na produção de radioisótopos. Como o número de reatores desse porte é pequeno em todo o mundo, o Brasil poderá, inclusive, tornar-se exportador do radioativo.
- Submarino de Propulsão Nuclear, a arma oculta.
- Submergir e combater com a força do átomo.
Submarinos navegam ocultos no fundo do mar e representam grande vantagem num eventual conflito militar.
Uma nação equipada com uma frota de submarinos possui uma capacidade de dissuasão capaz de demover qualquer potencial ação hostil.
Há mais de trinta anos, a Marinha do Brasil estabeleceu como objetivo estratégico manter e operar submarinos com propulsão nuclear.
Por sua capacidade de ocultação, os submarinos são considerados os mais capazes meios de dissuasão naval. Os de propulsão nuclear excedem esses parâmetros por larga margem, conferindo grande poder a quem o possui.
O submarino de propulsão nuclear obtém energia pela quebra de núcleos atômicos, dispensando o oxigênio necessário para a queima do óleo diesel dos submersíveis convencionais.
Desse modo, o tipo nuclear tem maior autonomia e navegação porque não é forçado a comprometer sua posição emergindo para realizar um reabastecimento de oxigênio. Além disso, a propulsão nuclear imprime velocidade significativamente maior.
A tecnologia de produção do combustível e do sistema de propulsão nuclear está sendo desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha do Brasil (CTMSP) em São Paulo.
O CTMSP atua em diversas áreas tecnológicas, tais como o desenvolvimento de sistemas térmicos, químicos e eletromecânicos, de processos químicos e projetos, fabricação e testes de componentes. Conta, para isto, com o suporte de diversas instalações laboratoriais e oficinas na cidade de São Paulo e em Iperó, região de Sorocaba, interior paulista.
Dentro da sede, localizada na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, trabalham servidores militares e civis que exercem atividades técnicas de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, gerenciamento de projetos e atividades administrativas.
No CEA, estão as principais oficinas, usinas, laboratórios e protótipos desenvolvidos pelo CTMSP. Entre eles, destacam-se o Laboratório Radioecológico (LARE), responsável pelo controle dos efluentes liberados para o meio externo do CEA e pela monitoração de amostras ambientais ao redor do Centro, e o Laboratório de Geração de Energia Núcleo-Elétrica (LABGENE), que será uma instalação experimental em terra de uma planta de propulsão nuclear.
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