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Nos Jogos Olímpicos desse ano, a segurança será reforçada por balões de monitoramento equipados com câmeras de alta resolução, que enviarão imagens em tempo real para os Centros de Comando e Controle da polícia do Rio de Janeiro (RJ).
A empresa que desenvolveu essa tecnologia, Altave, nasceu na Incubaero, incubadora criada em 2004 pela Fundação Casimiro Montenegro Filho, que atua no âmbito do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e auxilia jovens empreendedores a darem os primeiros passos na criação de empresas de base tecnológica. Em 12 anos de existência, já passaram pela Incubaero 16 empresas, sendo que boa parte delas conseguiu realizar a transição para o mercado e se manter atuante.
Segundo o gestor da Incubaero, Luiz Carlos Galvão, formado no ITA em 1972, o objetivo da organização é apoiar empresas iniciantes em aspectos tecnológicos, gerenciais, mercadológicos e de recursos humanos, para que elas cheguem ao mercado mais maduras e competitivas, com mais chances de sucesso. “Além da infraestrutura que oferecemos, o fato de a incubadora estar dentro do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) significa para as empresas acesso a laboratórios, pesquisadores, professores e alunos do ITA”, disse Galvão.
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Leonardo Mendes Nogueira, engenheiro formado pelo ITA e um dos proprietários da Altave, concorda que a interação com as organizações da Força Aérea Brasileira (FAB), proporcionada pela Incubaero, é essencial para o fortalecimento das empresas. “Se não fosse a incubadora, certamente a Altave não seria o que é hoje”, afirmou.
A ideia de trabalhar com balões surgiu durante um intercâmbio que ele e o sócio realizaram durante a graduação no ITA, em instituições de ensino europeias, onde a tecnologia é mais comumente utilizada que no Brasil. Entre a concepção da ideia e o fechamento desse primeiro grande contrato para as Olimpíadas, foram aproximadamente cinco anos de amadurecimento tecnológico, apresentações e convencimento.
“Quando você tem apenas uma ideia e uma apresentação de power point e precisa convencer alguém de que ela faz sentido, dizer que sua empresa está dentro do DCTA e que você tem formação pelo ITA é condição para que as pessoas parem para te ouvir, é uma chancela”, disse Leonardo.
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O engenheiro explica, ainda, que pôde contar com a ajuda de pesquisadores, laboratórios e infraestrutura da FAB. O tenente-brigadeiro do ar Ailton dos Santos Pohlmann, hoje na reserva, que foi diretor do DCTA entre abril de 2010 a agosto de 2013, assinou um termo com a empresa para ceder horas dos pesquisadores ao projeto.
Os testes de tiro de fuzil nos balões, provas essenciais para comprovar que possíveis ataques às estruturas não prejudicariam o funcionamento do equipamento, também aconteceram no estande de tiro do DCTA, com equipamentos por ele cedidos. “O network que construímos no ITA também nos deu acesso a pessoas que nos deram conselhos e investiram dinheiro no projeto”, concluiu.
Ivan Plavetz