Assegurar a independência tecnológica do País e a transformação do Exército Brasileiro. Estes são os objetivos do futuro Pólo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba (PCTEG), no Rio de Janeiro, que será implantado em 2023 juntamente com as novas instalações do Instituto Militar de Engenharia (IME), localizado, atualmente na Praia Vermelha, na capital fluminense.
O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, esteve na última quarta-feira (04), acompanhado do comandante do Exército, general-de-exército Eduardo Villas Bôas, do comandante Militar do Leste, general-de-exército Fernando Azevedo e Silva, do chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), general-de-exército Juarez Aparecido de Paula Cunha, e de um grupo de oficiais generais e superiores, no Centro Tecnológico do Exército (CTEx), que abrigará todo o complexo tecnológico, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O CTEx está instalado numa área de 24,9 quilômetros quadrados. Quando o PCTEG estiver em funcionamento, será um vetor de crescimento na região.
Na ocasião, o ministro da Defesa conheceu o projeto, que além de transferêrir do IME, vai atrair organizações civis e militares. A finalidade é integrar as etapas de ensino, pesquisa, desenvolvimento, produção e uso de sistemas de produtos de defesa inovadores, que possibilitem ampliar a capacidade operacional da Força Terrestre.
O ministro da Defesa classificou o PCTEG como um projeto de industrialização tecnológica. “O Pólo reúne ousadia, mas já é uma realidade de integração entre a ciência, a pesquisa, a indústria de alta tecnologia e as necessidades de defesa do País. Nós já temos aqui uma série de produtos desenvolvidos a partir do conceito do Polo de Tecnologia”, ressaltou o ministro.
Ainda segundo Aldo Rebelo, muitos dos equipamentos desenvolvidos no CTEx têm aplicação dual (civil e militar) e vão contribuir para agregar valor a cadeia produtiva de defesa e segurança.
De acordo com o comandante do CTEx, general-de-brigada engenheiro militar Hildo Vieira Prado Filho, os investimentos para implantação do IME totalizarão R$ 870 milhões, ao longo de cinco anos, e irão triplicar a capacidade de absorção de alunos, passando para 300 formandos. O IME será instalado numa área de 400 quilômetros quadrados e contará com parceria do Ministério da Educação.
“Nós já desenvolvemos muitos produtos, mas, com a implantação do Polo, tudo que nós fazemos será potencializado, com inovação e rapidez. Quando tivermos um grupo de empresas, a sinergia entre a academia, o Estado, institutos e indústria vai incrementar a ciência e tecnologia nacional”, comentou o general Prado Filho.
O futuro PCTEG, inserido no contexto do projeto de transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTEx), está fundamentado na tríplice hélice, ou seja, ensino, tecnologia e indústria. O Pólo ainda contará com a Agência de Gestão da Inovação Tecnológica, o Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear, o Centro de Avaliações do Exército, o Centro de Desenvolvimento Industrial, o Instituto de Pesquisa Tecnológica Avançada, a Incubadora de Empresas de Defesa, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, a Base Administrativa do PCTEG e o Batalhão de Comando e Serviços. A configuração permitirá atrair agências de fomento, institutos e laboratórios, garantindo a transferência de conhecimento e a obtenção e exploração de tecnologias sensíveis.
Áreas de Atuação e Produtos
Atualmente, o CTEx, subordinado ao DCT, em Brasília, possui 17 projetos em fase de pesquisa e desenvolvimento, 16 laboratórios e um efetivo de cerca de 700 profissionais (civis e militares). Atua no desenvolvimento de projetos nas áreas de armamento e munição, mísseis e foguetes, veículos aéreos não tripulados, guerra eletrônica, simuladores, entre outros equipamentos.
O ministro da Defesa conheceu alguns destes projetos do CTEx, os quai recebem recursos financeiros da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação. Os radares SABER M60 e M200 foram alguns dos produtos apresentados. O Brasil é o único país na América Latina fabricante desses radares. O veículo leve de emprego geral aerotransportável Chivunk foi outro produto mostrado ao ministro, que foi informado que o Exército já adquiriu dez deles para testes.
Desde 2003, em parceria com a Petrobras, o CTEx pesquisa uma fibra de carbono a partir do piche de petróleo. O material é usado na indústria aeroespacial por resistir a altas temperaturas e ser extremamente leve.
Ivan Plavetz