Guarani Engenharia em testes

No mês de setembro de 2021, foram iniciados os primeiros testes de campo com os dois protótipos conceito da viatura blindada especial de engenharia (VBE Eng) 6X6 Guarani, nas instalações do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP).

O projeto do Departamento de Engenharia e Construção (DEC), coordenado pela Diretoria de Material de Engenharia (DME), iniciou-se com a prospecção de alternativas para a obtenção de um protótipo capaz de subsidiar o desenvolvimento da família de blindados, culminando na contratação de empresa do Reino Unido com experiência internacional no assunto. O projeto teve a viabilidade estudada pelo Estado-Maior do Exército (EME) com o apoio técnico do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), por meio da Diretoria de Fabricação (DF), a fim de permitir adaptações no chassi da viatura VBTP-MSR 6×6 Guarani. Devido à experiência na manutenção, revitalização e modernização de viaturas blindadas, o AGSP foi escolhido para apoiar o projeto como integrador dos implementos de engenharia: uma lâmina reta para obstáculos, pá carregadeira e braço de escavadeira, todos intercambiáveis. A integração técnica entre essas diversas OM’s (DME + DF / AGSP + CTEx), mostra a maturidade de trabalho que ocorre dentro do Exército Brasileiro (EB).

VBE Eng com implemento de concha carregadeira (EAB)

A fase de integração, iniciada no ano passado e interrompida pela pandemia da covid-19, foi retomada no mês de agosto de 2021, avançando para os primeiros testes em campo por equipe do AGSP, seguindo todos os protocolos de proteção e assepsia recomendados pela ANVISA, Ministério da Saúde e Ministério da Defesa. Antes da entrega da nova capacidade à Força Terrestre, ainda estão previstas as atividades de treinamentos para mecânicos, capacitação para emprego pelo pessoal no AGSP e apreciação da viatura pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx).

As duas viaturas blindada de transporte de pessoal – média sobre rodas (VBTP-MSR) 6X6 Guarani utilizadas para a conversão pertencem à 15ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada (15ª Cia E Cmb Mec), localizada em Palmas (PR), orgânica da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec), a “Brigada Guarani”, que já esta criando a doutrina para sua utilização e que receberá as viaturas após a sua homologação pelo CAEx. A intenção do EB é de mobiliar todas as unidades de engenharia das Brigadas Mecanizadas.

VBE Eng com implemento de lâmina para remoção obstáculo (SOB)

Os implementos

Adquiridos da empresa britânica Pearson Engineering Ltd, representada no Brasil pela Prospectare Brasil, por concorrência internacional para o Programa Estratégico do Exército (Prg EE) GUARANI, este sistema consiste na em um inteligente sistema modular, composto por uma interface comum (IC) com um módulo de controle, onde são acoplados, de forma simples e rápida, os chamados implementos.

Nesta primeira fase, o EB adquiriu três implementos diferentes, porém após a homologação destes, serão aprofundadas as negociações para aquisição de modelos específicos para a função antiminas. Os implementos adquiridos e testados são:

  • Implemento de braço de escavadeira (“excavator manipulator arm” – EMA);
  • Implemento de concha carregadeira (“earth anchor blade” – EAB);
  • Implemento de lâmina para remoção obstáculo (“straight obstacle blade” – SOB).

Para maiores informações, veja a primeira matéria de Tecnologia & Defesa sobre este projeto: Está nascendo um novo veículo da família Guarani, a Viatura Blindada de Engenharia

 

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Comentários

24 respostas

  1. Paulo Bastos, não sei se isso é verdade , vi em canais de assuntos militares que já se tem o cronograma de entregas dos blindados 8×8 , a escolha de qual será sairá no final desse ano ou no início do próximo , é verdadeira essa informação ?

    1. Daniel, esses “canais de assuntos militares” copiaram, como sempre fazem, a noticia exclusiva que coloquei no site de T&D semana passada…
      O problema é que a maioria deturpa, coloca inverdades e/ou opiniões sem fundamentos no plágio.
      Dê uma olhada no site e procure a matéria original 😉

        1. De tempos em tempos eu derrubo alguns canais, mas estes são umas pragas, pois nascem novos (e ainda piores) a cada dia.
          E o que peço não é nada demais, mas apenas que cite a fonte da informação.

          1. Caro Bastos,
            Parece que nos últimos meses houve um surto de canalecos de “defesa”. Todo dia aparece algum vídeo de um canal novo, narrado por algum adolescente ou voz robô, falando todo tipo de baboseira ou simplesmente lendo noticias alheias.
            E o pior: o Youtube recomenda…
            Nada contra a iniciativa de falar de algo que gostam, mas tem que ter o mínimo de conhecimento e ética profissional, não é mesmo?
            Abraços!

          2. Questões de direitos autorais sempre foi um problema. Mas é como o Bastos falou, uma simples citação já resolve o problema. Sobre esse “surto” de canais, vejo com bons olhos. Tirando a parte dos direitos autorais, é muito bom ver que a cada dia, mais e mais brasileiros estão se interessando pela temática.

            É bom para o setor de defesa, é bom para a mídia especializada.

            Começar uma caça as bruxas não é o ideal. Mesmo assim é necessário elevar o nível do debate.

  2. Paulo, o senhor sabe como vai o desenvolvimento da versão do Guarani, equipado com morteiro? Aliás…se é que você pode divulgar essa afirmação a nós, entusiastas de equipamentos bélicos, mas de qualquer modo, se puder, gostaria de saber como vai essa versão do Guarani.

    1. O projeto do veículo, até a parte do morteiro, já esta concluído, falta agora escolher o armamento (Morteiro).
      A concorrência para a escolha, como eu disse em minha ultima matéria sobre o tema aqui no site, era para ocorrer no final de 2020, mas foi adiada por causa da pandemia, e não tem prazo para retornar.

  3. Finalmente Bastos!
    Quando a viatura 6×6 do programa Guarani alcançar o objetivo total para o qual foi projeto será uma das viaturas militares mais versáteis em campo.
    Precisa (e deve) dominar em número de equipamentos o EB.

  4. Muito interessante, além de muito útil para as operações.
    Só achei o boom da pá escavadora muito curto.
    Imagino que sejam providos em kits a se adaptar.

  5. Será que o EB chegou a estudar ou cogitar o HMEE da JCB, para essa função? Não é algo absurdamente caro…
    Certamente é muito superior e eficiente no desempenho dessas funções de apoio a Engenharia de Combate, isso sem matar parte da vida útil de mais de um VBTP, pois na hora do “vamos ver”, em uma missão, precisariam de 2 Guaranis para desempenhar de forma limitada as funções de um HMEE.
    .
    No mais, o EB também namorou os HEMTT da Oshkosh via FMS, para apoiar a força como VBE-Soc… e mudaram de ideia aos 45 do segundo tempo. Se fossem pensar em deixar tudo em casa, poderiam colocar no pacote do Centauro 2, o Freccia ARV: https://www.iveco-otomelara.com/wheeled/VBMFrecciaARV.php , despachando um produto americano por mais um produto Iveco e obtendo um blindado com guincho e reboque que casa muito bem com tudo o que vamos ter de apoiar. E isso dentro de um único contrato de SLI.
    .
    Enfim, é interessante mas com base no meu achismo, creio que eu só ficaria com o kit da lâmina para o Guarani. Esse aí tem sua utilidade. O Braço e Concha aparentam ser limitados demais.

    1. Bardini, tempos atrás houve notícia de que o EB teria desistido dos HEMTT em favor de outro modelo, só que novo, para mesma função. Desde então, não vi mais nada.

    2. Certamente sua indicação seria a melhor solução técnica porém, a solução apresentada na matéria trás algumas vantagens pela minha otica:
      – Solução que prestigia a indústria nacional e mostra que o investimento nacional trás empregos e resultados;
      – Melhora o know how da indústria nacional e flexibiliza o emprego da viatura padrão;
      – Aumenta a padronização de equipamento com óbvias vantagens;
      – Deve ser razoavelmente mais barata do que um produto importado o que viabiliza uma melhor adequação de orçamento;
      – Consolida o Guarani como viatura padrão da força motorizada.
      Gostaria que o CFMB o adotasse também.

      Saudações

      1. No que eu entendi, esse equipamento será importando assim como os que estão em testes foram, tendo apenas um representante brasileiro como intermediador dos negócios e que deve ficar com a parte de fazer a logística da coisa toda. Sendo dessa forma, seu argumento de indústria nacional, know-how e afins, não tem como se sustentar.
        .
        Eu comentei sobre o HMEE, da JCB. Esse equipamento é derivado da linha civil. Compartilhar a maior parte dos componentes com sua variante civil, significa que esse meio poderia ser atendido sem problemas pela JCB do Brasil, que já gera emprego aqui. Talvez até poderiam até montar esse veículo na fábrica de Sorocaba.
        .
        Você comenta em padronização. Ok, de fato, tem sua importância, principalmente se levar em conta o apoio em campo. Porém padronizar nem sempre é pode ser a melhor de todas as soluções, já que o desempenho do equipamento é o fator mais relevante. Tem que ver se compensa padronizar. Compensa? Eu não sei, mas meu achismo não aponta nessa direção. E se você olhar para as composições das brigadas Stryker, que inspiram nosso planejamento, vai ver o HMEE lá.
        .
        A Lâmina, como eu disse, tem sua importância. A questão do dispositivo contra minas também. Agora, a pá e a concha eu achei limitadas. É o meu achismo. Por exemplo, pegue a questão de aplicar essa unidade em uma operação de paz. Como carregar um caminhão? Teriam de levar uma retroescavadeira para isso. Como vão encher barricada para proteção de base? Precisaram de alcance. O HMEE faz isso tudo e ainda pode ser usado para manipular pallets. Pode ser usado como guincho… A concha atual do Guarani, eu vejo sendo empregada cavando trincheira. E mais o que? A pá carregadeira eu nem enxergo aplicação prática. Nem em operação contra mobilidade.
        .
        Preço: como disse, o HMEE é um produto derivado da linha civil. Não é absurdamente caro. Eu acredito que não deve ser mais caro do que um VBTP Guarani, pq simplesmente não tem nada “alienígena” ali. É uma retroescavadeira modificada e com blindagem… E o EB tem que comprar o Guarani e os implementos para usar esses kits, pq não podem usar qualquer Guarani aleatório para isso. Tem que instalar o sistema.
        .
        Sobre consolidar o Guarani… Ele já está consolidado. É uma baita solução para Mecanizar a Infantaria e fazer volume a baixo custo.
        Sobre o CFMB, que deve ser referente ao CFN: até onde eu sei, o CFN queria era mais Piranha. Guarani, só se empurrarem goela abaixo.

        1. Sobre esses equipamentos no guarani, pelas imagens, fica claro a falta de visibilidade do operador. A escavadeira é pequena e a concha carregadeira nao tem altura para carregar um caminhão, vão usar apenas para carregar terra de um lado para o outro?

  6. Qual será o primeiro rumor que vão inventar para desmerecer essa nova variante? Chuto na potência do motor.

    Sobre a matéria, mais uma exclusiva que vi primeiro aqui. Parabéns, a TecnoDefesa é, indubitavelmente, a melhor revista especializada do país.

  7. Ate que enfim. Sugiro materia sobre qual sera a composição da Cia Eng Mec.
    Parabens pela primazia na noticia.

    1. Obrigado pelas palavras e pode ter certeza que, assim que a doutrina for aprovada, falaremos sobre ela.

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