FAIXA de GAZA: A Inteligência de Combate

  • Israelenses empregam novas tecnologias na vigilância de fronteiras

Por Kaiser David Konrad, da Faixa de Gaza

Com 51 quilômetros de fronteira comum, a Faixa de Gaza é a região mais instável e o maior problema de segurança enfrentado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) em tempos de paz. Depois que o Hamas tomou da Autoridade Palestina o controle deste território vem desferindo diversos ataques contra a população civil israelense e impondo uma guerra de resistência com as FDI, lançando regularmente ataques com foguetes, principalmente contra as cidades próximas de Sderot e Ashdod.

Tais ações têm provocado respostas contundentes da Artilharia e da Força Aérea Israelenses empregam novas tecnologias na vigilância de fronteiras Aérea israelenses, desencadeando diversas operações militares de grande vulto. Uma complexa rede de túneis subterrâneos foi construída pelo grupo terrorista para alcançar maior liberdade de manobra, burlar a vigilância aérea e conseguir ultrapassar as linhas sem ser detectado. Para garantir que nada ameace os agricultores e as comunidades vizinhas as FDI mantêm estacionada nas imediações uma unidade de inteligência de combate. Trata-se do 414º Batalhão de Inteligência de Campo, unidade subordinada ao Comando Sul do Exército e que é responsável pelo Setor de Gaza.

INTELIGÊNCIA É PRIORIDADE

Numa base militar de campanha instalada a poucos quilômetros da fronteira, dentro de um abrigo protegido, tipo bunker, dezenas de jovens mulheres observam atentamente suas estações de trabalho. Mesmo quando falam umas com outras, elas jamais tiraram seus olhos das telas do Multi Sensor System, o mais importante sistema de vigilância remota de fronteira de Israel. Como o próprio nome diz, é um sistema que integra e controlatodos os sensores espalhados pela região. E esses são os seis aeróstatos, cada um cobrindo uma área de 10 km², e as várias torres de observação, equipadas com uma moderna suíte de optrônicos e radar de movimento, que ao detectar o menor sinal de presença não identifi cada, direciona imediata e automaticamente potentes câmeras, fazendo seu acompanhamento em tempo real. Um sinal visual e outro sonoro são disparados para alertar a operadora sobre a ocorrência de uma atividade suspeita, tendo também a informação sobre a distância exata e as coordenadas do alvo.

Por questão de doutrina, todos os operadores das estações de inteligência visual nas FDI são mulheres, fato baseado no entendimento de que elas têm melhor capacidade de manter a atenção numa imagem por longos períodos, sem perder a concentração, podendo reconhecer sutis mudanças no ambiente, em detalhes e no menor tempo. Após receber o alerta, a operadora que tem à sua disposição uma câmera de longo alcan ce, faz o acompanhamento da situação e investiga as intenções do alvo, e isso demora entre 40 segundos e dois minutos.

No caso de comprovada a violação da fronteira e isso for classifi cado como uma ameaça, uma tropa de Infantaria ou de reconhecimento mecanizado que está em prontidão pode ser despachada para o local. Naquele momento, esta va desdobrado como alerta de reação rápida o legendário 101º Batalhão de Paraquedistas, fundado em 1953, por Ariel Sharon. Os corpos de inteligência de com bate são as unidades mais jovens do Exército Israelense e têm como missão coletar e reunir informações de campo e transferir para o quartel-general e para outras unidades dispostas no terreno. A inteligência antecede qualquer operação de combate.

A coleta ininterrupta e em tempo real de informações e sua respectiva análise é essencial para a própria sobrevivência do Estado de Israel, por isso ela recebe tanta atenção e investimentos, sendo há muito tempo a principal vitrine de desenvolvimento tecnológico da indústria de material de defesa do país. Seja apenas uma pessoa violando o perímetro de segurança para uma ação isolada ou até mesmo uma complexa operação de comandos do Hamas adentrando Israel através de túneis ou por vias marítimas, as FDI devem sempre ter condições de detectar, reconhecer e responder de forma eficaz e em pouco tempo.

Para as FDI, a vigilância de fronteira só é eficaz quando reúne e combina informações provenientes de múltiplos sensores, possui mobilidade tática e estratégica, permitindo acesso em tempo real por tomadores de decisão e com participação interagências, com forças de intervenção e reação de prontidão. As missões de patrulha e reconhecimento nas vias próximas à cerca na Faixa de Gaza estão se tornando mais complexas e cada vez mais perigosas.

O FUTURO JÁ CHEGOU

Para as FDI, a vigilância de fronteira só é eficaz quando reúne e combina informações provenientes de múltiplos sensores, possui mobilidade tática e estratégica, permitindo acesso em tempo real por tomadores de decisão e com participação interagências, com forças de intervenção e reação de prontidão.A ameaça constante de dispositivos improvisados acionados à distância (IEDs), mísseis anticarro e “snipers” fez com que o comando das FDI optasse pelo desenvolvimento de veículos terrestres autônomos para cumprir tarefas especiais em zonas mais críticas.

Em 2008 aconteceu o “debut” do Guardium, produzido pela G-NIUS, um pequeno UGV (veículo terrestre não-tripulado) semiautônomo. Ele não era o suficiente para as necessidades, mas foi útil para desenvolver e testar a doutrina de operação dos UGVs e preparar as FDI para um novo salto tecnológico.

A fronteira será sempre o local mais difícil a se patrulhar e a Faixa de Gaza a mais perigosa das fronteiras. Com o risco iminente e constante de emboscadas e o contato direto com o inimigo, as FDI decidiram investir de forma pioneira em uma nova tecnologia, que por ora não substitui as unidades táticas e os veículos blindados de reconhecimento, mas que propicia menor risco aos soldados enquanto economiza recursos.

Desenvolvido pela Elbit Systems, o Segev é a mais nova tecnologia empregada pelas FDI no patrulhamento de fronteiras e perímetros. O UGV, baseado na camionete Ford F-350, opera em modo manual e semiautomático, sendo pilotado de dentro do abrigo militar, ou totalmente automático, capaz de reconhecer obstáculos e mudanças no terreno e seguir uma rota previamente escolhida, fazendo seu trabalho sem qualquer interferência humana, dia e noite, em qualquer condição meteorológica.

O veículo possui autonomia de até 24 horas.

DRAGON EYE

O segredo do Segev está no seu sensor principal, o Dragon Eye, que durante o dia pode detectar um veículo em movimento a 5 km e reconhecê-lo a mais de 2 km.

Sob a cobertura da noite, sua câmera termal detecta qualquer tipo de veículo a 2,5 km e tem condições de identificá-lo a 1 km, tendo ainda a capacidade de designação de alvos e gravar e armazenar vídeos por mais de oito horas.

As imagens em alta resolução são transmitidas para a estação de controle e para os comandantes em tempo real.

Por ser autônomo, o Segev pode executar missões de longa duração e investigar áreas críticas, como na Faixa de Gaza, onde o desdobramento de forças convencionais pode ser bastante arriscado.

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