O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), localizado em São José dos Campos (SP), realizou a primeira operação de embarque do motor foguete S50 em uma aeronave C-130 Hércules, o FAB 2475. O exercício foi seguido de um voo local e desembarque do motor, a partir do aeródromo do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), situado na cidade paulista. A atividade ocorreu no dia 10 de setembro e foi uma das etapas no desenvolvimento do projeto do Veículo Lançador de Microsatélites (VLM-1).
Segundo o Gerente do Projeto VLM-1 e Coordenador da Operação, major engenheiro Rodrigo César Rocha Lacerda, a realização deste exercício foi de grande importância para o planejamento das futuras operações de lançamento do veículo suborbital VS-50 e do VLM-1. “A realização desta operação, com um motor S50 carregado, mas com propelente inerte, permitiu que diversos objetivos fossem cumpridos. Foi possível, por exemplo, testar os meios de solo e as carretas desenvolvidas para o transporte e embarque do motor, definir a amarração e preparo da carga, antes e após o embarque do motor na aeronave, permitindo um voo seguro. Além de treinar as equipes do IAE e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), visando às futuras operações de transporte dos motores para as campanhas de lançamento no CLA”, disse o Major.
Durante todo o trajeto do motor, partindo do Laboratório de Preparo e Integração (AIE-LPIN) no IAE, passando pelo embarque, voo e desembarque, o motor foguete S50 estava instrumentado. O objetivo era registrar todas as vibrações mecânicas, inerentes a este tipo de atividade, para serem analisadas pelos especialistas do IAE, visando obter dados para o transporte do motor com propelente ativo, no futuro.
A realização desta atividade contou com a participação de equipes do IAE pertencentes à Divisão de Integração e Ensaios (AIE), à Divisão de Projetos (APJ), à Segurança do Trabalho (VDIR-CS), da Gerência do Projeto VLM-1. Além da participação das equipes do Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA), do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1° GT), do Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA) e da empresa Avibras Aerospacial.
O Projeto do Veículo Lançador de Microsatélites (VLM-1)
O projeto VLM-1 tem como foco o desenvolvimento de um foguete destinado ao lançamento de cargas úteis especiais ou microssatélites (até 150kg) em órbitas baixas equatoriais, polares ou de reentrada, com três estágios a propelente sólido na sua configuração básica: dois estágios com o motor S50, com cerca de 10 toneladas de propelente, e um estágio orbitalizador, com o motor S44.
Texto: Tenente Camila / IAE
Fotos: Seção de Comunicação Social / IAE
Respostas de 3
Olá, uma boa noite de Sábado Senhores!
Existe a possibilidade de aplicação “dual” do VLM em um MRBM?
CM
Paulo tudo bem?
Uma dúvida aqui…
Esse motor ou o conjunto(VLM-1) não poderia ser adaptado para virar um missil balistico?
Senhores, esse é um assunto que, em minha opinião, meio sem sentido, mas vou responder aos dois e tentar antecipar (apesar de não contar com os dons da Mãe Dinah) algumas duvidas que aposto que existem:
1º. Respondendo aos dois: SIM, é possível desenvolver um míssil balístico a partir de um lançador de satélites, apesar de não ser uma tarefa simples, muito antes pelo contrário 😉 ;
2º. O Programa Espacial Brasileiro (PEB) é estritamente civil e o governo e nem os militares tem pretensões de transformar o Brasil em uma potência atômica, apesar de alguns “influenciadores digitais”, completamente sem noção e “jogando com a galera” em busca de audiência, e sem ter a menor noção do que falam, teimarem em dizer o contrário.
A simples menção oficial, ou mesmo extra-oficial, de que o Brasil esta usando o PEB para desenvolver armas (nucleares ou não), seria acionado o Missile Technology Control Regime (MTCR), que assinamos em 1995, e começaríamos a sofrer sansões e embargos de acesso a todo o tipo de tecnologia ou pesquisa avançada, colocando nossas pesquisas (nas mais diversas áreas) na idade da pedra e ferrando ainda mais a nossa economia.
Ou seja, SIM é possível, mas NÃO, não somos “doidos” de fazer isso sem um motivo muito forte, sem contar que não temos dinheiro nem para tocar o programa civil, quanto mais o militar 😉
Espero tê-los ajudado.