Embraer vai desenvolver radar de contrabateria para o Exército

A Embraer e o Exército Brasileiro (EB), através do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), assinaram hoje, dia 09 de dezembro, um acordo de cooperação técnica para a concepção e desenvolvimento do Sistema Radar de Contrabateria (SRCB).

“Estamos muito satisfeitos com a assinatura deste acordo com a Embraer. Ao longo das últimas décadas, a profícua parceria entre a empresa e o Exército Brasileiro permitiu a consolidação de conhecimento estratégico no país nas áreas de radares e sistemas de vigilância de fronteiras, com implantação e entrega de sistemas de defesa e de materiais de emprego militar em benefício dos Programas Estratégicos, como o SISFRON e Defesa Antiaérea. Fruto desse esforço conjunto, hoje o Brasil pertence a um seleto grupo de países que domina a tecnologia e a fabricação de radares. Temos certeza de que a presente cooperação permitirá dar prosseguimento às iniciativas existentes, perpetuando conhecimento, retendo tecnologias e ampliando capacidades de cunho estratégico para a Força Terrestre”, disse o chefe do DCT, general de exército Guido Amin Naves.

O acordo tem por finalidade a promoção de estudos preliminares conjuntos dos conceitos técnicos e operacionais do SRCB, bem como pretende identificar qual o nível de utilização tecnológica e industrial dos sistemas radares já desenvolvidos pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx) em parceria com a Embraer na concepção, pesquisa e desenvolvimento de potenciais radares de contrabateria, que atendam aos requisitos do EB.

Atualmente, a Embraer é uma das principais empresas participantes do Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) do EB, um dos maiores projetos de vigilância de fronteiras em implantação no planeta, além de fornecer radares e soluções de Controle
e Alerta aplicadas ao Programa Estratégico do Exército Defesa Antiaérea (Prg EE DAAe).

Requisitos

Os requisitos para essa modernização foram descritos no EB20-RO-04.025, publicados na portaria nº 008-EME, de 11 de janeiro de 2019, destinando-se ao Programa Estratégico do Exército (Prg EE) Obtenção da Capacidade Operacional Plena (OCOP), no Subprograma Sistema Artilharia de Campanha (SPrg SAC), e seus principais pontos são:

  • Ser capaz de detectar automaticamente, no mínimo, granadas de morteiros de calibre de 60 mm, obuses de calibre de 105 mm e foguetes;
  • Possuir alcance instrumental em distância de, no mínimo, 60 km;
  • Detectar granadas de morteiro a partir de 120 mm a uma distância de 18 km;
  • Detectar dez alvos simultaneamente;
  • Classificar os alvos detectados entre (pelo menos) as seguintes classes: morteiro e artilharia (obuseiro ou foguete);
  • Possuir plataforma de transporte baseada em viatura compatível com as utilizadas pelo EB;
  • Ser transportável, em um único translado, nas aeronaves de transporte de carga da Força Aérea Brasileira, incluindo sua plataforma de transporte e seus acessórios.

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Comentários

14 respostas

  1. Caro Bastos: muito interessante essa postagem. Realmente agregar esses meios de detecção ao EB deve representar um importante avanço. Por outro lado, o requisito “Possuir plataforma de transporte baseada em viatura compatível com as utilizadas pelo EB” é um tanto limitador em excesso. Vejamos: certamente esse radar não será compatível para instalação no Guarani/Urutu por exemplo. Não vejo nenhuma viatura hoje operada pelo EB que poderia facilmente ser adaptada a essa função. mesmo assim, imagino que instalar esse sistema em um veícutlo Tatra ou mesmo baseado no chassis do Guarani (com profundas alterações) deve resultar em equipamento util e eficaz, inclusive do ponto de vista comercal (exportações). Vamos aguardar mais detalhes.

    1. “Não vejo nenhuma viatura hoje operada pelo EB que poderia facilmente ser adaptada a essa função”.
      Já pensou que este radar pode ser rebocado? 😉
      Mas você está correto, vamos aguardar

      1. É meu caro Bastos, pensei sim , mas nesta configuração – radar instalado sobre plataforma rebocável – me parece que estaria sem uma mobilidade tão adequada. Mas vamos aguardar! Grande abraço!

  2. Salve. Aqueles desenvolvidos pela Saab/Suécia, constam desde as plataformas Scania 8×8 e 6×6 e até mesmo um meio (plataforma) 8×8 sobre rodas e outro com cavalho e reboque sobre esteiras. Acredito que, se desenvolvido de forma pelo menos parecida (tamanho), as plataformas Scania e Tatra, são capazes e suficientes! Além é claro como disse Paulo Roberto, pode também ser rebocado. Abraços.

  3. Bastos esse radar de contra bateria vai ser operado pelas baterias de artilharia?? Como se da o uso desse equipamento no combate vai com a bateria de artilharia?? vai a frente com a Infantaria??

  4. Bastos,boa tarde!

    Uma pergunta de leigo:esse tipo de radar difere de um radar normal?Pela denominação parece que ele é específico.
    Poderia apontar as diferenças se elas existirem?
    Um uav com esse tipo de radar, se puder ser aerotransportado não seria mais valido?
    Ou usar os dois para melhor consciência situacional?
    Obrigado pela atenção!

    1. Resumidamente, um radar de contrabateria identifica um ataque de artilharia contra as tropas, localizando rapidamente sua posição inimiga que a lançou e encaminhando essa informação ao comando do grupo de artilharia para esta seja rapidamente eliminada pela artilharia aliada.
      Seus requisitos principais, definidos em 2019, estão no final do texto.

  5. Sim, meu caro Arapuã, entendo que tanto as plataformas da Tatra (até mencionei isso), quanto da Scania – e outras mais , tais como Volvo, Mercedes, etc. – podem ser utilizadas com sucesso em termos de mobilidade. É uma questão de desenvolver e não me parece ser algo tão difícil (pelo menos algo que já tenhamos executado…. rsrsrsrsr). Imagino que esse radar/veiculo deva acompanhar não só as tropas de artilharia propriamente ditas mas tambem, principalmente, desepenhar uma função de alerta antecipado em caso de ataque inimigo, como prevenção para tropas que estejam em progressão em território disputado. Assim usar plataformas de caminhões é até fácil.
    O que ocorre, ao meu ver, é que nessa função de acompanhar tropas em progressão, é importante que a tripulação tenha pelo menos uma blindagem leve compatível com calibres 5,56/7,65 pelo menos. A especificação de utilizar “plataforma compatível com alguma operada hoje pelo EB” que parece ser um pouco complexa. Se utilisarmos por exemplo, o chassis do Guarani até é possível/compatível, mas será um carro totalmente novo. A plataforma Tatra do Astros acho ser melhor, visto que a cabine independente facilita definir um melhor lay-out do radar sobre a carroceria.
    Mas, enfim, é uma otima solicitação de meio complementar ao EB. Como diz o Bastos, vamos aguardar.

  6. Bem, como ele vai acompanhar a artilharia, se for a auto propulsada, que hoje e sobre esteiras, o ideal e montar em um chassi sobre esteiras para que ele possa ir aonde M 109 vão.

  7. De fato, para acompanhar os M109 deveria ser SL (sobre-lagartas). Numa pesquisa rápida na internet, dá para ver que os países usam diferentes plataformas para esses radares de contra-bateria. A Rússia tem um SL. A Suécia tb, só que rebocado naqueles tratorzinhos de esteiras que eles têm. Quem sabe comprar uns M109 do deserto, ou usar os M108 aposentados, deixar as esteiras e o motor e colocar o radar por cima? A Ucrânia tem um rebocado SR. Inglaterra e S Korea têm um radar em cima de caminhão.

  8. Caro Juarez: sim concordo.
    Mas além de acompanhar a artilharia provida com os 109, vejo que pode ser um meio muito importante também como apoio a infantaria mecanizada. Assim também uma versão sobre rodas – aí priorizando o acompanhamento de tropas dotadas com Guaranis, por exemplo – seria um fator importante enquanto provedor de alerta antecipado em caso de ataque por inimigo.
    Qual das duas missões é a mais prioritária? Me parece que ter uma coluna de 109 operando em batalha seria mais difícil ser contraatacada por artilharia equivalente; na realidade, é mais provável (e eficaz…) que nestas circunstâncias seriam confrontadas por aviões de caça e/ou helicópteros.
    Por outro lado, tropas que precisem se defender de ataque por artilharia inimiga, nos nossos cenários parece que seria mais prioritária. Concordas?
    Abs

  9. Me parece que é algo que poderia ser até incorporado em uma viatura tipo a do Astros 2020 e inclusive ser oferecida como opcional para uma bateria dos Astros 2020 e com um sistema de interceptação que destrua granadas de morteiros e de obuses e foguetes. Olha aí a ideia para os Astros 2030 ou 2040.

    Tamos juntos pelo Brasil
    SBAS

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