Publicado na edição 168, quatro trimestre de 2022
Até o momento em que concluíamos a redação desta edição, o Brasil, conforme um surpreendente resultado em suas eleições presidenciais de 2022, aguardava, então, a posse oficial de novas (nem tanto) administrações nos âmbitos federal e estaduais.
Foi uma disputa acirrada, infelizmente marcada negativamente por suspeitas levantadas e que ainda suscitam dúvidas quanto à lisura de procedimentos; ataques pessoais e no mais baixo nível; deslavadas mentiras; posicionamentos em favor de uma das partes; desrespeitando elementares princípios éticos; e uma série de outras ações que mancharam, sim, o escrutínio, símbolo maior da democracia. Uma grande pena que revelou, mais uma vez, a velha e viciada forma de fazer política.
Diríamos ainda que a metade do eleitorado, e que não votou no candidato declarado vencedor, não esperava uma derrota visto as inúmeras e gigantescas manifestações populares (chamando a atenção pelo resgate de valores como o patriotismo e culto aos símbolos nacionais); e das enquetes feitas nas redes sociais onde as diferenças percentuais em favor do perdedor eram de assustar. Ou se inverteram regras matemáticas, ou algo muito estranho poderia ter acontecido? Além disso, diversos indicadores mostravam um país em ascensão, tais como queda do desemprego e da inflação (taxas melhores que os Estados Unidos e Europa); dólar em baixa; Bolsa de Valores subindo; enxugamento da máquina administrativa oficial; estatais antes deficitárias exibindo balanços com lucros; privatizações; controle dos gastos dos estados e União; superávit das contas públicas; crescimento do PIB; dentre outros. Isso tudo enfrentando ferrenha oposição de parte da mídia, lidar com os problemas de uma terrível pandemia, consequências da guerra russo-ucraniana, crises energéticas, hídricas e de alimentos, por exemplo. Claro que haviam problemas a equacionar e não era o “melhor dos mundos”. Porém, com certeza, o caminho estava em construção.
O promissor quadro chamou a atenção do mundo inteiro, de modo positivo e não da maneira com que grande parte dos meios de informação domésticos vendiam a sua “obra”, cheia de omissão ou deturpação. O extraordinário avanço que se registrava estava fundamentado nos quase infindáveis potenciais do agronegócio, riquezas hídricas, minerais e ambientais em um território de dimensões continentais, mais os recursos da Amazônia Azul. Como seria de se esperar, a cobiça internacional não demorou a reaparecer trazendo outros ingredientes como questões ambientais, forjadas, apoiadas por governos e organizações que, na verdade, nunca estiveram preocupadas com preservacionismo ou comunidades indígenas. Entretanto, a desinformação tem um terreno fértil em uma população com educação deficiente (ideologicamente orientada) e carente de cultura (que não seja de batuques, capoeira e outras) e, atualmente, preenchida de referências comportamentais ditas como modernas e igualitárias. Por outro lado, dentre as lições que ficaram, uma imprensa não isenta, mesmo tendo a credibilidade em xeque, voltou a lembrar a força e influência de que é capaz.
Seja qual for (foi) o desenrolar do processo eleitoral é preciso aplicar a implementação de orçamentos impositivos e adequados nos campos da defesa e segurança pública. Não dá para ignorar e fingir que não existem ameaças à integridade territorial brasileira Assim, atitudes como a suspensão momentânea da compra dos Centauro II pelo Exército, resultante de uma elaborada concorrência, seja simplesmente “deixada de lado” sob argumentações às quais estamos acostumados e despojadas de qualquer conhecimento mínimo das nuances das Forças Armadas. Parece que as autoridades não sabem que um Poder Militar não se monta do dia para a noite. É na paz que se prepara para a guerra, e instituições bem equipadas e treinadas são, em qualquer lugar, o melhor antídoto para evitar a ocorrência de conflitos armados. Isso chama-se dissuasão!
Mas será que vai se continuar com as tão surradas quanto inócuas propostas de sempre (em busca do politicamente correto), discorrendo, no caso da segurança pública, na desmilitarização das polícias, descriminalização, desencarceramento (que, na prática, já acontecem) e desarmamento? Virou moda também dizer que é fundamental despolitizar as Forças Armadas, junto a modificar suas estruturas de ensino e promoções de carreira. Por acaso o militar não faz parte da sociedade? Entendemos que, respeitadas as peculiariedades da profissão e os princípios basilares de disciplina e hierarquia, não há qualquer problema em usufruir de um direito constitucional dos demais cidadãos. Aliás, sob essa ótica, pode ser muito mais danoso e perigoso o estabelecimento de uma Guarda Nacional passível de se tornar uma milícia pretoriana dos grupos políticos ocupantes da vez dos gabinetes palacianos.
Escrito por Francisco Ferro, conselheiro editorial
Respostas de 9
Excelente texto, digno de aplausos !!!
Concordo 200 %
A verdade é que tanto a esquerda quanto a direita tem pecados não só junto aos cidadãos brasileiros, mas em todo o mundo.
O atual governo de forma hipócrita seguiu na mesma linha e também servindo ao mesmo diabo qual criticou na campanha (o Centrão). Estendeu o tapete vermelho para ditadores Nicolas Maduro e Noriega. Atacou o mercado financeiro com um festival e persegue políticos e empresários que apoiaram o governo anterior com olhos de sangue como se fosse uma vendeta.
A polarização partidária, colocando o Estado em segundo plano é o mal que provoca o atraso da nação, tanto no Brasil, como Argentina, ou outro país qualquer.
Isso é impacialidade? Acompanho a site a muitos anos e de certa forma concordo co muita coisa que ja foi dita e escrita aqui, principalmente sobre conteúdo técnico e nuito bem escrito com infomação e seriedade, mas moro no Rio de Janeiro e sei bem o que acontece não pela mídia nem por redes sociais com pessoas insanas ou ate pagas para fazer e falar mentiras e anbsurdos, como carioca e morador da zona oeste, trabalhador dos condominios de Barra da Tijuca sabemos bem o que e por quem se governava, é me desculpa total irresponsabilidade dizer que o pais estava bem ou que esta agora, nós a população estamos de um lado e TODOS os politicos grandes empresários e a maioria dos agentes publicos so querem tirar tudo que puderem e nunca irão dividir a riqueza de nossa pais, não existem salvadores ou herois, nem esquerda ou direita, existe sim um povo que é massacrado, e humilhado e tudo o que ELES queriam e sonhavam aconteceu como disse a quele car em um livro; Dividir para conquistar.
Desculpa os erros e falhas escrevi em pé no celular no famoso BRT lotado
Estou contigo Xyco Ferro!
A revista Tecnologia & Defesa sempre foi pra mim um oásis de credibilidade quando o assunto é defesa, destaco gente séria como o Paulo Roberto Bastos, por exemplo. Quando se busca jornalismo especializado no assunto defesa, a T&D é uma referência !!!!
O nosso país é democrático e o direito à opinião é legítimo, ainda assim, numa crítica construtiva à revista que eu sinceramente gosto, digo que abordar ideologia política numa revista especializada em defesa é fugir do foco da própria revista e sobretudo uma tolice.
A verdade é que tanto a esquerda quanto a direita tem pecados junto aos cidadãos brasileiros. O antigo governo causou um déficit de 190 bilhões no ultimo ano nas contas públicas o que na verdade comprova que este editorial mente. Bolsonaro achou que poderia discutir desmatamento com um cara que tem doutorado em fisica e era diretor do INPE, tambem defendeu remedio para malaria como tratamento de covid e passeava de moto nos fins de semana enquanto milhoes de pessoas morriam, e pior, no fim disse que não era coveiro, o que é totalmente inaceitável dizer isso enquanto ser humano e presidente da República. O ministro posto Ipiranga não conseguiu colocar em prática as privatizações prometidas e sequer enviou uma proposta de reforma tributária ao congresso. Já o governo Lula dá um nome diferente ao orçamento secreto, o qual criticou na campanha, mas de forma hipócrita seguiu na mesma linha e tambem servindo ao mesmo diabo (o Centrão). O atual presidente Lula tambem cometeu a cagada de estender tapete vermelho para Nicolas Maduro além de perder tempo atacando o mercado financeiro com um festival de falas sem sentido.
A conclusão é que defender um lado de forma apaixonada na política como faz o editorial é tolice, isso não é futebol !!!! Sejamos pragmáticos para criticar os erros e reconhecer os bons atos em favor do país independente de quem esteja no governo.
Como leitor da T&D, a minha expectativa e torcida é para ler noticias como mais vendas de KC390, ver o avanço do nosso primeiro submarino nuclear Álvaro Alberto, assistir videos de testes do nosso exército com mísseis AV MTC300, a conclusao do radar multiproposito M200 pela Embraer, assistir uma fragata brasileira lançando Mansup, assim como um drone da Stella pousando no NAM Atlântico, que as fragatas Tamandare sejam incorporadas à nossa Marinha do Brasil, que a FAB anuncie a aquisição de mais Gripens, etc. Mas senão houver noticias novas porque infelizmente o nosso pais não dá muita importância à area de defesa, sejamos pacientes pois as coisas acontecerão !!! Essas sim devem ser as noticias da T&D.. Da mesma forma que ler notícias de defesa pela imprensa não especializada não é algo lá muito confiável, tambem não faz sentido um editorial sobre politica numa revista que não é especializada em política,. Forte abraço a todos !!!
Parabéns pelo editorial!
Muito lúcido e inteligente, infelizmente tem muita gente que ainda acredita em qualquer coisa que a mídia tradicional diga sem ao menos questionar.
A realidade se impõe!
Sim, tínhamos erros no governo anterior…e NÃO, não é a mesma coisa como muitos “isentos” costumam dizer.
A realidade se impõe!