Para a real e justificada expectativa dos brasileiros verdadeiramente comprometidos com o futuro e a segurança do País, a primeira unidade da Classe Tamandaré foi batizada e agora lançada ao mar (no rio, de modo mais correto) lá em Itajaí (SC). Um grande passo, sem dúvidas e há que se comemorar. Contudo, até agora, estão previstos outras três do tipo, ou seja, quatro no total para uma Marinha que tem sob sua responsabilidade uma área marítima de proporções também continentais, além das chamadas águas interiores. Concluídas, essas fragatas vão se juntar aos quatro modernos submarinos da Classe Riachuelo. Assim, está-se falando de oito navios quando, no mínimo, deveria ser o dobro. Tecnologia & Defesa, há anos vem propugnando por isso e a seguir, novamente, estão os fatos.
O Brasil, apesar de sua maritimidade retratada, por exemplo, num litoral de 7.491 km de extensão, águas jurisdicionais (AJB) de 5,4 milhões de km², produção em larga escala de petróleo e gás no mar e 95% do comércio exterior feito por linhas marítimas, até o momento não definiu de forma constante os recursos financeiros, tecnológicos e materiais, para desenvolver e manter a construção de navios de guerra, como acontece com as nações mais desenvolvidas. A baixa, ou quase nenhuma, prioridade que sucessivos governos têm destinado à modernização e dimensionamento do Poder Naval tem forçado ao cancelamento ou redução de programas de renovação e ampliação de meios flutuantes, provocando a existências de ciclos sazonais de obtenção de meios de emprego militar, em especial os destinados ao aparelhamento da Esquadra.
De há muito esses ciclos espasmódicos de renovação da Marinha do Brasil, através de compras de meios navais em outros países (normalmente de segunda mão) e/ou construção local como os programas de 1910, 1935 e 1967 e nas décadas de 1980 e 1990 representados pelos submarinos da Classe Tupi, corvetas da Classe Inhaúma e navios-patrulha costeiros da Classe Grajaú. Entretanto, essas iniciativas não foram suficientes (nunca em quantidades suficientes) para sensibilizar a sociedade brasileira e seus representantes políticos, que carecem de uma consistente mentalidade marítima, sobre a importância do estabelecimento de um sólido complexo militar naval, capaz de construir e manter um Poder Naval de credibilidade para a defesa dos interesses do Brasil, um dos países mais ricos e promissores do mundo. E aqui não se está comentando a respeito da geração de empregos muito qualificados, ganhos em conhecimento tecnológico e soberania.
Mas, como concretizar tal meta se não há dinheiro? Será mesmo? Pode ser já que há que se conviver com cortes orçamentários, contingenciamentos, fundo eleitoral, emendas parlamentares, desequilíbrio das contas públicas, discussões entre os municípios litorâneos de direito sobre os royalties da extração do petróleo sem levar em conta as necessidades daquela instituição que vai guardar a área, junto a enfrentar eventuais emergências. Para refletir, um verso de uma canção de 1974, de uma dupla chamada Baiano & Os Novos Caetanos (Chico Anysio e Arnauld Rodrigues) chamada Folia de Reis
“Ai, no mar eu marejei..
Ai, eu naveguei…
E aprendi a nova lei
Se é de terra que fique na areia
O mar bravo não respeita rei”
O Brasil nasceu do mar, portanto não é feito apenas de areia….
Francisco Ferro e Paulo Maia
Respostas de 12
Hoje temos: submarino Tonelero pronto a ser lançado, Npa Mangaratiba em construção, Fragata Tamandaré lançada…fora o corte chapa do Npa Miramar em sequência…ou seja, lentamente mas muito lentamente estamos progredindo mas sempre com a sombra da continuidade de recurso sendo a “asa negra” deste planejamento…mais unidades e principalmente comprometimento com recursos é essencial a formação de uma concepção de esquadra adequada a nossas necessidades…pouco temos a condição de interferir para que este objetivo seja atingido mas com certeza nossa afirmativa a estes princípios seja o parâmetro para que a frota da MB tenha sua necessidade e valor plenamente satisfeito e alcançado. FA a T&D.
Assim como no Chile existe uma porcentagem sobre o cobre que e usado para financiar as forças armadas, no Brasil deveria ser igual, com respeito ao petróleo e outros minerais, sem contar uma completa reestruturação de nossas forças, e muito dinheiro usado de forma errada, com certas mordomias que não são compativeis com o meio
Está na hora do Brasil, comprar e fabricar navios chineses…
Que. Om certeza são bons e baratos.
A continuidade e a construção de um poder naval ao nível das reais necessidades do país só será possível na medida em que a sociedade sentir falta da marinha que, grosso modo, não sabe e não lembra que tem, a não ser em momentos episódicos relativos a questões de defesa civil, como visto agora no RS, e em outros estados, de tempos em tempos.
Se os eleitores não sabem e não sentem a falta de uma marinha de guerra, e muito menos fazem conta da sua importância em relação à manutenção do status quo do funcionamento econômico, político e social do país, tão pouco será crível acreditar que congresso e governos de ocasião também sintam tal ausência, e por conseguinte mantenham em seus planos políticas de Estado relativas ao setor de Defesa, e tão pouco para a MB.
O Brasil é um país gigantesco, e portanto, muito difícil de administrar de forma homogênea, tal a diversidade de interesses e necessidades. Mas isto não impede por si, de que a administração pública possa engendrar meios funcionais e concretos para a solução dos problemas que se tem. Mas para isso, é preciso sentir na pela a falta que faz ter ffaa’s capazes, bem treinadas e mantidas. Sem isso, basicamente vamos estar “dando murro em ponta de faca” ao requerer, mesmo justamente, os recursos necessários à constituição de uma esquadra do tamanho e da qualidade que o país requer a si.
O Brasil deveria ter uma marinha realmente capaz de garantir nossa soberania em tempos de paz, mas também capaz de se impor mediante uma ameaça real.
Hoje não conseguimos fiscalizar nem mesmo a pesca ilegal doméstica, quiçá uma ameaça estrangeira.
Boa tarde!
De tanto ouvir esses reclames sobre essa situação da MB vale dar uma olhada, por exemplo, na Marinha de Guerra da Índia. Eles também tem uma enorme área para vigiar e proteger, além de inimigos logo além da fronteira. O efetivo deles é de menos de 60 mil e é considerada a 5ª maior marinha do mundo.
A MB tem mais de 80 mil em seu efetivo mas,…
De quem é, na verdade, a responsabilidade por esta situação ter chegado a este ponto?
Será que dar mais dinheiro para esta instituição vai realmente resolver esta situação incômoda?
Enquanto não for feito o que é realmente necessário fazer, nada vai mudar. O choro vai continuar eternamente.
Ninguém corta a própria carne….
A MB só é do tamanho que é em termos de pessoal porque os almirantes não aceitam e detestam a ideia de criarmos aqui uma guarda costeira, vide que a marinha, além de se pretender ser uma força de águas azuis, ainda quer fazer papel de polícia marítima.
Hoje, sem dúvidas, pelo menos metade dos 80 mil homens e mulheres que ela tem estão ligados diretamente à funções de guarda costeira e não de uma marinha de guerra.
Poderíamos facilmente criar a guarda costeira tirando pessoal, OM e todo o material necessário das costelas da própria MB.
Mas advinha. Os almirantes não querem sequer ouvir falar de tal proposta.
4 fragatas e 5 submarinos….
Ta bom demais !!!
Vamos lutar contra quem mesmo ? chile, argentina, uruguai ? Venezuela ??
Navios menores tipo de patrulha oceânica são menos dispendiosos e podem ser fabricados em quantidades maiores. Vão se sair bem protegendo plataformas de petróleo, fronteiras e zonas de pesca…. já ajuda e muito.
aviões de patrulha marítima, radares, satélites também podem ajudar muito.
Agora …..se o objetivo é invadir as Malvinas, os EUA ou algum país Europeu….
Bom ai é melhor vender a Amazônia para financiar isso ai.
Com uma renda domiciliar per capita de R$ 1.848,00 pensar em gastar milhões de R$$ em navios é contraditório.
Ricardo, considere duas coisas: a primeira é que as hipóteses de emprego(HE) geradas pelas forças armadas, e que orientam o seu preparo e materialização do mesmo, vão além do contexto sul americano; e a segunda é que mesmo sem vislumbrar inimigos concretos, as capacidades militares pretendidas tem de ser definidas de forma a vislumbrar todas aquelas HE, ou seja, temos de ser capazes de, minimamente, dissuadir eventuais ameaças tanto dentro quanto fora da América do Sul e Atlântico Sul.
O país em termos econômicos é mais que capaz de dispensar os recursos que são necessários à manutenção de um poder dissuasório militar suficiente no contexto geopolítico regional, e também fora dele. Isso é importante para desvelar no longo prazo eventuais ameaças que nos sejam direcionadas, e pressionar hoje, a nível diplomático militar, todos os atores mundiais em negociação conosco.
Não vamos à guerra na semana que vem, mas, também não podemos admitir sermos levados à guerra de outrem por terceiros, em virtude de nossa fraqueza militar, como já nos aconteceu antes, por pura e simples inépcia e irresponsabilidade do Estado e do poder politico em suscitar as condições adequadas e necessárias à nossa própria segurança.
Você só esqueceu que estes programas também geram empregos e divisas no país , além de ganhos tecnológicos, a Embraer só é o que é hoje graças ao AMX. Enfim, precisamos de 12 fragatas no mínimo e até agora só houve o indicativo de que podera chegar a 8. Quem é contra é ignorante sobre o tema, simples assim.
O problema depois é o rancho dos navios, pintura, óleo diesel, salario dos marinheiros, treinamento, tiros de canhão etc……
se a gente tivesse dinheiro para torar por mim a gente teria a marinha dos EUA…. a media de gasto das folhas estaduais comprometem mais de 50% da arrecadação.
então não continua fazendo sentido a gente ter 10 fragatas 300 submarinos etc…. quando nosso maior inimigo é….. ? quem mesmo.
então se o governo quer gerar emprego… facilita a vida do empresário, do camelo, da dona de casa … vamos gerar emprego a mil ….
Eu tenho há anos alertando que precisamos passar a pensar como o país grande que somos. Afinal o Brasil não tem um dos maiores PIBs do planeta? Temos que, finalmente, abandonar essa nossa obsessão doentia pela “defesa das fronteiras”. Com 8,5 milhões de km² de território ninguém no planeta, hoje, tem poder militar pra nós atacar, ocupar e vencer.
Precisamos mudar nosso paradigma de defesa nacional e passar a pensar como o país imenso que somos, não mais como “país pobre”, coisa que não somos mais há décadas. O próximo paradigma de defesa nacional precisa ser o da busca da defesa do INTERESSES NACIONAIS, igual o que os EUA passaram a fazer no final dos anos 1800.
Nossa economia é profundamente dependente das nossas trocas marítimas, exportações e importações e pra piorar nosso grande parceiro comercial ê um gigante chamado China localizado do outro lado do globo, dezenas de milhas náuticas da tão propalada Amazõnia Azul. Segurar completamente a nossa ZEE parece muito hoje mas na verdade é totalmente inócuo. Na Segunda Guerra dezenas de navios de bandeira brasileira com cargas brasileiras foram sumariamente afundados FORA das nossas águas jurisdicionais, e hoje em dia que ainda se lembra desta terrível agressão? Ninguém. E são esses desmemoriados em Brasília que cortam is orçamentos da MB sem dispor de capacidade (ou mínimo interesse!) pra reconhecer o dano que um hipotético, mas provável, grande embargo econômico do Ocidente contra a China (invasora de Taiwan em breve) teria sobre nossa economia e sobre a saúde econômica, ou mesmo sobre a mínima viabilidade econômica do nosso governo no futuro próximo.
Assim, ou mudamos nosso paradigma e criamos uma Nova Esquadra capaz de nos permitir dizer “não” aos Hegemons e seu contumaz bullying geopolítico ou em breve veremos o Brasil despencar do nosso ponto atual no ranking do PIB. A escolha é só nossa.