Cascavel será modernizado e terá míssil anticarro

Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da ultima sexta-feira, dia 05 de novembro, a chamada para a concorrência nº 01/2021, referente à contratação de empresa especializada para a execução do serviço de modernização da viatura blindada de reconhecimento média sobre rodas (VBR-MSR) EE-9 Cascavel, a ser executada nas instalações do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), sobre responsabilidade da Diretoria de Fabricação (DF).

O contrato terá vigência pelo período de 72 meses e prazo de execução de 54 meses, cujo RFI (“Request for Information”) foi lançado em 26 de fevereiro, refere-se ao desenvolvimento do projeto, a construção de dois protótipos e de um lote piloto com sete viaturas, a um valor máximo, estipulado no edital, de R$ 86.668.942,66, sendo R$ 13.651.578,03 para cada protótipo e R$ 8.480.826,86 para cada viatura do lote piloto, e será definido por regime de execução de empreitada por preço global, ou seja, técnica e preço.

Esta seria a primeira etapa de um programa mais amplo, envolvendo a modernização, ao todo, de um número entre 98 e 201 viaturas, das atuais 409 em carga no Exército.

As especificações técnicas definitivas, cujos documentos são reservados e retirados apenas pelas empresas proponentes (e que esta revista não teve acesso), referem-se à modernização de todo o sistema de tiro, com a instalação de optrônicos modernos, sistemas de comando e controle (C2), computadores, torre com sistema de giro elétrico, troca do conjunto de força (motor + transmissão), e revitalização do canhão e de todo o sistema de suspensão, porém o seu grande diferencial está na ampliação da capacidade de combate da viatura, com a mudança do requisito de “possuir um sistema de míssil anticarro” (“anti-tank guided missile” – ATGM), de desejável para obrigatório.

O míssil em questão ainda não foi definido, porem seus requisitos iniciais eram:
a) Alcance superior a 4.000 m;
b) Ajuste em elevação, no mínimo, na faixa de -9º a 20º;
c) Unidade de tiro fixa na torre; e
d) Integração com o sistema de arma principal para o comandante e atirador.

Em meio ao programa, a Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW), lançou ontem, dia 10 de novembro, o pedido de cotação (“request for quotation”) RFQ-0199/2021, para a aquisição inicial de 100 mísseis anticarro portáteis e 10 lançadores, assim como componentes, simuladores e serviços de suporte logístico integrado. Mesmo não estando diretamente ligado ao programa de modernização do Cascavel, poderá indicar qual será seu futuro.

Nessa cotação estabelece um míssil de 3ª geração, com sistema de guiamento por comando automático de linha de visada (“automatic command of the line of sight” – ACLOS), alcance superior a 4.000 m e ogiva do tipo alto explosivo anticarro (“high explosive anti-tank” – HEAT), com capacidade de perfuração de 800 mm, em aço balístico homogêneo (“rolled homogeneous armour” – RHA).

As viaturas protótipo e do lote piloto deverão estar todas aptas a receber esses mísseis, ou com eles já instalados, caso seja definido o modelo, porem a proposta é que apenas 1/3 da frota modernizada receba esta capacidade.

Este programa deverá ter o máximo de comunalidade logística com a futura viatura blindada de combate de cavalaria (VBC Cav), cuja definição deverá ocorrer em breve, e diversas empresas já retiraram a documentação obrigatória na DF ou no AGSP, ou demonstraram interesse em participar deste programa, como a Equitron, Ares, Iveco Veículos de Defesa, KMW do Brasil, Technicae e Norinco.

 

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Comentários

34 respostas

  1. A modernização do EE-9 nos dias atuais representa um desperdício de recursos. O uso do Guarani como veículo de reconhecimento equipado com uma torre TORC 30 com ATGM integrado faz-se muito mais interessante do ponto de vista operacional e econômico.

    1. Não temos recursos suficientes para efetuar a compra de um blindado 8×8 para substituir o Cascavel. Aliás, até temos, mas eles são muito mal administrados (vide o salário alto dos políticos).

      Em função dos nossos ”poucos recursos”, além dos mesmos serem muito mal administrados, temos que manter os nossos blindados Cascavel 6×6 modernizados, além dos nossos MBT Leopard 1a5 modernizados.

  2. Excelente notícia, um blindado que se bem atualizado, ainda pode ajudar muito o EB, junto com o VBC cav, o míssel vai incorporar uma importante capacidade de combate, apesar de não ser em todos os carros.
    Esperamos que nossa artilharia também tenha boas novidades no futuro recente.

  3. Excelente exclusiva Paulo!!
    Duas perguntas que ficam:
    1-Esse dinheiro não seria mais bem gasto no programa das viaturas 8×8?
    2-Será que com tantas demandas para míssil anticarro (helicopteros, infantaria e agora o Cascavel) será que ficarão nos 10 lançadores que serão acoplados nos meios de acordo com a demanda ou esse seria um lote piloto e logo teremos outros lotes para suprir a força ?

  4. A revitalização é extremamente extensa, e pouquíssimas coisas do modelo atual serão aproveitadas (chassi, torre e canhão). O resto será jogado fora..
    Novos motores, transmissão e suspensão em um chassi tão antigo, não projetado para lidar com IEDs, não faz sentido. Imagino se não seria mais sensato e econômico adaptar-se essa torre (já que o EB a quer) no Guarani. Ao menos padronizaria-se a logística e manutenção.

    1. Sem falar na blindagem fraca f mais para os padrões atuais. Puro desperdício de dinheiro e tempo. Vai se levar anos para desenvolver, algo que poderia ser disponibilizado em pouco tempo caso fosse adotado o Guarani. O EB sem querer, ou querendo, está matando o Guarani reduzindo o número de variantes e, consequentemente, de umidades inicialmente previstas

  5. O Foco deveria ser nos 8×8. Mísseis anti-tanques é o “feijão com arroz”, obrigatoriamente precisamos desenvolvê-los.

  6. Ate entendo porque tem mais de 165 pelotões e se for comprar 8×8 pra todos nao vai dar. Metade ficara com cascavel modernizado e metade com o 8x 8. So está um pouco caro. Será que neste preço nao dava pra pegar os centauros 1 oferecidos e dar um boa guaribada? Tudo dependera do preço final de escala. O 8×8 vai custar 3 vezes isso.

    1. Para equipar todos os pelotões poderia ser adotado um misto entre Guarani com torre de 30 mm e LMV-BR. Seriam viaturas modernas, dentro da realidade financeira traria escala de produção entre outras vantagens.

      1. O Guarani com a TORC-30 não faz o que um Cascavel ou um 8×8 com canhão 105/120mm faz.

        1. Por quê? Se tu tens o míssil anti-carro. Um tiro de barragem com 6 cascavéis 90mm ou uma chuva de 30mm tanto faz. Não têm infantaria ou veículo de infantaria que encare. Como outros disseram aqui. Tu não vai enfrentar um MBT com um cascavel . Isso fica por conta da infantaria com seus Carl Gustav. E se tu tens o míssil anti carro já é o suficiente para vc atirar e fugir.

      2. O que poderia ser feito é ter 1 ao onves de 2 blindados por pelotão com o canhão 105 ou 120 e o outro ser um guarani com 30mm. A presença do missil AC compensaria.

  7. Bacana, o Cascavel ainda dá um belo caldo aqui na AL e merece esta “tardia” modernização. Mas preferiria ver este dindin virando Guarani’s 6×6 com a Torc-30, mais moderna e tal a qual acredito que teria um efeito mais proveitoso(ainda mais com ATGM integrado) mas sairia caríssimo.

  8. Parabens Paulo Bastos pelo sempre excelente Trabalho, dando sempre em primeiríssima mao as noticias desse ramos das forças armadas.
    Também te parabenizo principalmente por manter a humildade de nao ser um ‘sabe tudo’ e achar que somente suas ideias e opiniões são validas.

  9. Com torc 30 faz muito mais que um cascavel! Inclusive, pode lançar mísseis anti carro. Se você acha que 90mm é pário para um MBT moderno, esquece. Simplesmente a França está adotando um veículo com eletrônica avançada e canhão de 40 mm, o Jaguar EBRC.
    Você acredita mesmo que o EB irá adquirir em quantidades o 8×8? Vide as notícias de hoje só te o KC390!

    1. Johan este é um equívoco que muita gente boa comete!!! O Cascavel, ou Guarani ou Centauro, ou outro VBR , nunca vão bater de frente com um MBT. Seria suicídio!!! Eles reconhecem o terreno a frente, junto com drones (seria ótimo) e …… Vazam!!!! Sou carioca, daí a gíria, meio antiga!!! Outros MBT é que vão brigar!!!

      1. O intuito é “vazar” mesmo, mas tem um detalhe: a mobilidade do cascavel na lama é temerária, ainda me lembro de uma demostração nos anos 2000 que os cascavéis foram ficando atolados e tendo que ser socorridos por outros veículos e olha que o terreno não era tão ruim assim. Mas aí entra a questão: o míssel anti carro teria justamente a função contra MBTs e outros blindados caso o mesmo se depare com eles e, como você mesmo disse, dá tempo de se evadir.

      2. Outro ponto: o veículo de Rec vai à frente e, portanto, mais suscetíveis a IEDs e nesse quesito o Cascavel possui “0” proteção contra tais artefatos. Nos meus 25 anos que acompanho o tema, acho que já tentaram modernizar umas três vezes, inclusive, com equipamento local e mais barato. Quero ver é $ para jogar a mesma eletrônica do 8×8 no Cascavel.

        1. Cuidado Brandão, não acredite em tudo que aparece no Youtube 😀
          Sim, os ENGESA Cascavel do Exército Líbio tiveram uma boa participação na guerra contra o Egito, mas isso se deu devido a sua mobilidade e poder de fogo, em missões de reconhecimento, apoio as tropas de infantaria e combate a viaturas leves, como os blindados BTR 50 e 60 e BRDM, e não contra os carros de combate 😉
          Infelizmente, existem muitos mitos, que são tratados por verdades absolutas por pessoas com interesses diversos…

        2. Mesmo que isso fosse verdade, repare que o referido conflito ocorreu há quase 35 anos! De lá pra cá, muita coisa mudou.

  10. Não faz sentido gastar recurso escasso pra modernizar algo que o próprio porjeto em si já não atende mais. Melhor seria empenhar esses recursos no novo veículo e ir empurrando a utilização dos Cascavel nas condições em que estão mesmo. Se fosse só uma modernização no sistema de controle de tiro até valeria a pena, mas algo dessa abrangência e com os custos esperados passa o limite do razoável.

  11. Bastos , obrigado por compartilhar as novidades !
    Apesar de concordar que é um projeto antigo , esta modernização pode servir para equipar as unidades de infantaria blindada de segunda linha , com um blindado de apoio de fogo . Deixando o novo VBC Cav para as unidades de primeira linha .
    Isso nao é muito diferente do que fazem os EUA , quando mandam equipamento para as unidades da Guarda Nacional , ou russos que tem blindados antigos em suas unidades de reserva .
    Lembrem-se que o EB além da missão de defesa externa , tem um importante papel de controle interno . Com a nova “guerra fria” e um mundo multi-polar e atores nao governamentais , essa necessidade de controle interno voltara com forca .

    1. Seria muito mais sensato criar uma Guarda Nacional profissionalizada com ex reservistas e recrutamento das Polícias Militares, em trabalho conjunto com a PRF e FSN, subalterna a um Ministério da Segurança Interna (neologismo para Ministério do Interior). E disponibilizar estes equipamentos mais antigos para controle interno e postos de fronteiras ou mesmo apoio de fiscalização e controle do desmatamento, deixando as FAs para Defesa Externa.

  12. Bastos esses mísseis anti-tanque que o EB esta adquirindo será destinado a Infantaria? Será que o Eb vai criar um centro de treinamento específico para mísseis anti-tanque no modelo do Centro de instrução de blindado para desenvolve doutrina para treinar as equipes de ATGM??

  13. Para que gastar todo esse dinheiro num veículo de conceito ultrapassado como o Cascavel?Seria muito mais interessante tanto do ponto de vista militar como comercial produzir uma versão do Guarani com aquela Torre Torc30 e míssel anti-carro. Seria um conceito bem moderno e provavelmente mais barato.

  14. Isso é muito bom Paulo Roberto, como não temos condições de comprar blindados 8×8 com canhão de 120mm, pelo menos nós temos condições de manter modernizados os blindados Cascavel 6×6.
    Míssil anti-carro será excelente, porém o ideal também seria modernizá-lo instalando uma arma anti-drone tanto nos Cascavel 6×6 como nos Leopard 1a5.
    Eu acredito Paulo, que será bem viável manter os Leopard 1a5 e os Cascavel 6×6 modernizados até 2040, pois infelizmente não temos condições de comprar um novo MBT e tbm um blindado 8×8.
    A meu ver, o ideal é manter os blindados Cascavel e os MBT Leopard 1a5 modernizados, até que o Brasil tenha condições de injetar recursos para o desenvolvimento de um MBT próprio e um blindado 8×8 de tecnologia 100% nacional.

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