Cargueiros, aviões de ataque e drones. Os produtos em desenvolvimento da Akaer

A Akaer, tradicional empresa do setor de defesa do Brasil que, em 2022, celebrou os seus 30 anos de existência, demonstrou três projetos de aviação vocacionados para a área militar durante a 7ª Mostra BID, organizada no início de dezembro passado em Brasília.

Motivada por demandas de mercado, a partir de 2016, a Akaer começou a trabalhar em novos conceitos completos de aeronaves partindo de requisitos estabelecidos por parceiros ou clientes.

Dos estudos iniciais até a fase preliminar do programa, cada projeto inclui o orçamento, engenharia básica, concepção, visão de potenciais mercados e industrialização.

O primeiro a ser trabalhado resultou no Mosquito, uma aeronave de ataque e apoio aéreo aproximado com capacidade avançada de vigilância, reconhecimento e inteligência.

Sendo biplace em tandem, dispõe de um canhão interno de 20mm e 11 pontos externos para sensores, tanques de combustível (3 pontos compatíveis) ou armamentos convencionais e guiados, totalizando 1.200kg de carga.

O projeto em si impressiona pela sua dimensão. São dois motores turboélices Pratt&Whitney Canada PT6A-68C de 1.600SHP cada com hélice pentapá; assentos ejetáveis Martin Baker Mk 16 (mesmo modelo que equipa do F-35 Lightning II, T-6 Texan II e Eurofighter, citando alguns exemplos); velocidade de cruzeiro de 500km/h (270 nós); fator de carga G de -3,5/+7; distância de decolagem de apenas 700m, autonomia de 11 horas com tanques externos de combustível; alcance de 4.167km (com tanques subalares); e teto de serviço de 9.100m, deixando-o fora dos alcances das defesas antiaéreas de baixa altura.

São 14,2m de envergadura, 13,8m de comprimento e 4,7m de altura de um modelo que tem cauda dupla.

Os armamentos incluem, além de foguetes não guiados e bombas convencionais da família Mk (81-83), denotando que o limite máximo dos pontos externos seria de 500kg, as bombas GBU-58 e GBU-12; míssil ar-solo AGM-114 Hellfire; e míssil ar-ar de autoproteção ou interceptação de ponto AIM-9X Sidewinder. Além destes, fazem parte os armamentos turcos como o lançador quadruplo de mísseis antitanque CIRIT e as bombas de precisão dos Emirados Árabes Unidos Al Tariq S5 guiadas por infravermelho com reconhecimento automático de alvos ou equipadas com radar semiativo.

O bimotor foi projetado com o que existe de mais moderno em termos de equipamentos de guerra eletrônica e autoproteção para a sua categoria como o missile approach warning system (MAWS), lançadores de chaff/flare, radar warning receiver (RWR), laser warning system (LWS), cockpit blindado em áreas críticas e provisão para interferidores eletrônicos.

Para operação a partir de locais remotos, dispõe da sua própria unidade auxiliar de energia (APU) e tem OBOGS, sistema que gera o próprio oxigênio para os pilotos dispensando a necessidade de cilindros de oxigênio na linha de voo para as aeronaves.

Há que se destacar, ainda, que o Mosquito foi projetado para dispor de head-up display (mostrador digital ao nível dos olhos); full-glass cockpit com wide area display; cockpit compatível com óculos de visão noturna (NVG); helmet-mounted display (mira montada no capacete); sistema HOTAS (hands-on throttle and stick) onde os principais comandos de voo e táticos estão concentrados na manete de potência e no manche; e radar multimodo. Dispondo de estrutura metálica, a aeronave teria, ainda, probe de reabastecimento em voo.

O projeto foi desenvolvido para atender a um requisito dos Emirados Árabes Unidos que acabou optando em seguir com o projeto B-250 da Calidus.

Em 2018, a Akaer foi consultada para uma nova demanda. Desta vez, seria um drone de grande autonomia para missões SAR em ambiente marinho. Batizado de Albatross, o drone de Classe 3 foi equipado com radar SAR, com sistema eletro-óptico e três compartimentos para o lançamento de botes salva-vidas. A capacidade de carga útil é de 150kg e autonomia de 26 horas.

Com aproximadamente 8m de comprimento e 15m de envergadura, o tipo foi projetado para usar dois motores a pistão Rotax 914U de 100hp cada permitindo teto de serviço de 9.100m.

Aproveitando novas tendências do mercado, a Akaer modificou o Albatross para um drone armado e de reconhecimento e inteligência. Batizado de Osprey, por meio dos dois pontos subalares, é possível colocar dois lançadores de foguetes ou as munições guiadas turcas de pequenas dimensões Rokestan MAM-C e MAM-L. Mais uma vez, a escolha inusitada de armamentos turcos desperta atenção.

Na baia interna, a empresa optou por instalar um casulo que pode levar até oito loitering munitions, munições que fazem a aquisição e o ataque de alvos de forma autônoma. Ou, um radar de patrulha que reduz a quantidade de munições mas agrega uma nova capacidade ao drone.

As munições guiadas turcas de pequenas dimensões Rokestan MAM-C e MAM-L.

Tanto o Osprey quanto o Albatross possuem comunicação via satélite e datalink. Com esse produto, a Akaer espera despertar o interesse de países que querem desenvolver a sua própria indústria de defesa por meio de uma produção local desses sistemas.

Por fim, há o Alfa – Advanced Light Freighter Aircraft, um conceito que nasceu para atender a um requisito da Força Aérea Brasileira (FAB) para um novo cargueiro de transporte tático com motorização híbrida (motor convencional e motor elétrico). Além da própria Akaer, outras duas empresas responderam à Request For Information (RFI, pedido de informações) da FAB, sendo a Desaer e a Embraer com o Stout.

O Alfa é um biplano, tenho uma asa menor posicionada na parte da frente da fuselagem. Segundo a Akaer, a solução reduz o peso estrutural em 18% e a necessidade de uma grande envergadura para um avião dessa categoria.

Já nos planejamentos iniciais da Akaer para o Alfa, a empresa considerou a possibilidade de o produto ter utilidade dual, ou seja, atender ao segmento militar e civil. Isso porque, além da rampa de cargas traseira, há uma porta lateral para responder a demanda da aviação comercial.

Com 3,5 toneladas de capacidade em carga em quatro paletes 463L ou cinco LD-3 e um 463L, o Alfa tem 19,72m de envergadura e 21,71m de comprimento. Com carga máxima, o seu alcance é de 830km, a velocidade de cruzeiro é de 500km/h e o teto de serviço de 7.600m.

Além dos dois motores turboélices, a aeronave está preparada para ser equipada com novas tecnologias no futuro como quatro motores elétricos que aumentariam o alcance.

O Alfa foi projetado para operar de pistas curtas, de até 1.000m, consumindo o mínimo possível de combustível.

Apesar da FAB ter cancelado o memorando de entendimento com a Embraer para o Stout, modelo escolhido dentre as três empresas que responderam ao seu RFI na época, a Akaer acredita que essa demanda voltará no futuro para substituir o Bandeirante e o Brasília.

De forma a se preparar, a Akaer está buscando parceiros internacionais que tenham interesse nesse tipo de projeto para o mercado civil ou militar.

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Respostas de 7

  1. A empresa está de parabéns por estes projetos inovadores.Uma coisa que gostaria de saber é sobre o controle da empresa se ele está em mãos de nacionais ou tra aferido para a Saab.

  2. Com todo o respeito, mas isso são “embriões” de projetos.
    Um projeto demanda muito mais dinheiro e sem financiamento é impossível avançar com um projeto e, menos ainda, construir um protótipo.
    A Akaer deve estar apresentando esses “embriões de projetos” para possíveis interessados financiarem o desenvolvimento, mas, convenhamos, que isso é muito difícil no caso das aeronaves.
    Penso que deveria focar em projetos mais baratos e, portanto, mais baratos. Drones, por exemplo, inclusive “drones suicidas” me parecem ser um produto mais simples e com mercado garantido nas próximas décadas.

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