BATALHÃO NESHER: balões da inteligência de combate das Forças de Defesa de Israel

Kaiser David Konrad, da Faixa de Gaza

Batalhão Nesher, do Tzahal (Exército), subordinado ao Comando Sul das Forças de Defesa de Israel (FDI) , é responsável por reunir inteligência de combate. Seus integrantes são treinados para operar modernos sistemas eletro-ópticos e de detecção para coletar e distribuir dados e informações táticas e operacionais, ajudando a identificar a localização e conhecer as intenções de organizações ou células terroristas que operam nas fronteiras do país. Os corpos da inteligência de combate israelenses têm sido constantemente atualizados no que se refere aos sistemas de detecção, controle e reconhecimento visual e de sinais, e o Batalhão Nesher (águia, em hebraico) teve integrados recentemente novos métodos e equipamentos para facilitar e tornar mais rápida a coleta de dados, incluindo radares e sensores especiais, estações de armas remotamente operadas e balões com avançados sistemas de vigilância. Estes, ficam estáticos, a 300 metros de altura, ancorados por um cabo a uma estação terrestre, e são equipados com sofisticadas câmeras e antenas, proporcionando uma plataforma de observação e rastreamento contínua, praticamente invisível e extremamente difícil de ser atacada.

Até o início do ano passado, o Nesher era responsável por reunir inteligência de combate em todas as fronteiras de Israel que estivessem subordinadas ao Comando Sul. Em 2014, a unidade recebeu ordens para focar suas atividades nas cercanias da Faixa de Gaza, ficando incumbida de identificar e conter ameaças provenientes daquela zona, controlada pelo grupo Hamas. Atualmente, ali é considerada como a mais perigosa das fronteiras israelenses e de lá, semanalmente são lançados contra as cidades de Ashkelon, Asdod e principalmente Sderot (a mais próxima da Faixa) dezenas de foguetes Qassan e de outro tipos de alegada procedências síria e iraniana.

NO TRABALHO

No final de 2012, mais de 1.500 foguetes foram lançados contra Israel, e vários deles, inclusive, alcançaram cidades relativamente distantes, como Tel Aviv e Jerusalém, resultando como resposta uma operação das FDI chamada de “Pilar da Defesa”, que buscou neutralizar, com bombardeios de precisão, as ameaças provenientes de Gaza, assim como a rede de túneis usada para tráfico de armas, pessoas e mercado negro. Aquela ação viria a ser, meses depois, respaldada pelo próprio governo egípcio que, após também ter suas posições militares atacadas por beduínos ligados a grupos extremistas da região – quando sofreu severas baixas – decidiu empreender sua própria operação de larga escala no território do Sinai, tendo especial cuidado para fechar as entradas dos túneis do Egito para Gaza. No início de julho deste ano o território israelense voltou a ser atacado por mais de mil foguetes lançados de Gaza pelo Hamas, provocando uma resposta das FDI através da operação “Rocha Sólida”, fato que demonstrou a sensibilidade da situação de segurança naquela área.

O Batalhão Nesher é formado por seis companhias; quatro delas operacionais e duas de fronteira (uma desdobrada ao redor de Gaza e outra na fronteira norte, entre Líbano e Síria), todas responsáveis por coleta de inteligência. Uma das quatro companhias operacionais tem a tarefa específica de realizar inteligência visual, que consiste nas tarefas de observação e vigilância através da utilização de balões na Faixa de Gaza. É formada inteiramente por mulheres que desempenham a função de operadoras das estações de solo e conduzem a análise e distribuição das informações coletadas.

Os balões são empregados para apoiar os soldados desdobrados no terreno com imagens aéreas de alta definição, que podem ser enviadas a eles em tempo real, ou seja, em suas missões de patrulha ou em operações de combate. Os militares podem ter acesso às informações táticas através de um receptor portátil de imagens, podendo antecipar-se ao inimigo ou atacar com precisão e diminuir danos colaterais decorrentes da ação. Além disso, graças aos seus sensores eletro-ópticos, os balões são capazes de atuar em longo alcance, já que conseguem cobrir toda extensão da Faixa de Gaza, com profundidade até o litoral. Essas informações são constantemente requisitadas, não somente no nível tático, como também no nível estratégico, já que fornecem dados precisos em tempo real que melhoram a consciência situacional e aumentam a segurança e velocidade de decisão por parte dos comandantes.

O aumento das atividades do Hamas violando a zona desmilitarizada ao redor da Faixa de Gaza não é um fato novo, e vêm sendo detectadas quase que diariamente. Nas duas oportunidades em que Tecnologia & Defesa esteve lá, a primeira em 2012, dias após a operação “Pilar da Defesa”, e na mais recente, neste ano, foram verificados em vários momentos a violação da linha de fronteira por parte de indivíduos com comportamento notadamente hostil. Na ocasião foi possível observar através das imagens enviadas pela câmera do balão que um grande pacote havia sido deixado próximo à área onde as tropas das forças especiais e os veículos terrestres não tripulados realizam suas patrulhas de rotina. O local ficou sob vigilância visual até a explosão do artefato acionado de dentro de Gaza.

Esses IEDs têm se tornado bastante comuns na área e representam uma séria ameaça aos soldados e aos trabalhadores rurais da região. A Companhia de Balões é uma subunidade com uma característica única na IDF, e não só pelo fato de ser formada por mulheres, que lá estão plenamente integradas às Forças Armadas, mas por seus soldados serem treinados tanto para observação e análise de imagens com uso de modernos sistemas eletro-ópticos, ao mesmo tempo em que precisam estar preparados para executar tarefas de combate. É um trabalho contínuo e exaustivo realizado 24/7, dia e noite, com frio ou no calor do deserto. E, mesmo com muito vento, seus balões estão sempre no céu, imperceptíveis aos olhos do inimigo, mas sempre atentos a ele.

OASIS, uma opção nacional

No Brasil, um dos sistemas mais conhecidos e que foi amplamente testado pelos órgãos de segurança pública estaduais em grandes eventos internacionais, tendo alcançado resultados que superaram as expectativas é o OASIS, produzido pela AEL Sistemas S/A. Conta com um avançado sensor eletro-óptico giro-estabilizado chamado de “Micro-Atena”, que possui integradas câmeras diurna e termal, telêmetro e apontador laser, que possibilitam identificar e reconhecer alvos e inclusive fazer o seu acompanhamento automático a quilômetros de distância, enviando essas informações em tempo real à estação de solo.

O sistema completo é composto por um veículo reboque, estação de solo, aeróstato e sistemas eletro-ópticos fabricados no Brasil, que são de fácil transporte, podendo ser montado e entrar em operação em apenas 20 minutos. Pode, certamente, ser um instrumento importante em programas como o Proteger, o SISFRON e o SisGAAz, e também para a Segurança Pública.

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