Argentina – 2021 será fundamental para os programas TAM 2C e VCBR

Por Carlos Borda Bettolli, do Zona Militar, da Argentina (*)

Um dos muitos pontos abordados durante a entrevista realizada pela mídia argentina Zona Militar com o ministro da Defesa da Argentina Agustín Rossi, foi sobre o futuro de dois dos mais importantes e esperados projetos do Exército Argentino (EA): A modernização dos veículos de combate TAM ao padrão TAM 2C, bem como a seleção e aquisição do futuro Veículo de Combate Blindado sobre Rodas (VCBR).

Sobre o TAM 2C, o ministro Rossi confirmou que o projeto avançará assim que for fechado um acordo nas novas negociações que estão sendo feitas com Israel, visando melhorar as condições de financiamento. A intenção é poder assinar o novo aditivo no final deste ano ou nos primeiros meses de 2021.

Este novo processo é um novo capítulo que se soma aos anos de espera pela execução do acordo devidamente assinado com o Departamento de Assistência Exterior e Exportações do Ministério da Defesa do Estado de Israel (SIBAT), em 2011, que visava a implementação de uma linha de modernização local que resultaria de um amálgama de capacidades e fornecedores locais e de origem israelense. O número inicial de veículos previsto para receber a modernização era de 74 unidades.

Inicialmente, o projeto TAM 2C consistia na modernização completa da torre, atualizando vários sistemas e incorporando tecnologia de ponta ao nível dos equipamentos de direção de tiro e optrônica associada. Outros aspectos também seriam melhorados, como a incorporação de uma unidade de energia auxiliar, manga térmica para o cano e sistema de detecção de laser.

Se o projeto TAM 2C progredir, ele receberá uma atualização necessária (considerando que o protótipo foi apresentado em 2014) e provavelmente também incluirá substituições de componentes pertencentes ao chassi, rolamentos, motor e transmissão.

Na recente Operação Arandu, os militares argentinos atuaram junto aos VBTP-MSR 6×6 Guarani do EB, e teceram muitos elogios (Imagem: 8º RC Mec)

A chance do Guarani

Sobre o programa VCBR, Rossi disse que se espera poder finalizar a sua seleção e aquisição em 2021.

Conforme referiu o ministro, atualmente são contabilizados três candidatos: o Norinco VN-1, da China, o General Dynamics Stryker M1126, dos Estados Unidos, e o Iveco VBTP Guarani, do Brasil, sendo que este último modelo apenas na configuração 6×6. Embora Rossi não tenha privilegiado nenhum dos modelos citados, afirmou que a escolha dependerá dos custos de aquisição, opções de financiamento, transferência de capacidades e tecnologia ou da possibilidade de participação da indústria nacional.

Assim como o TAM 2C, a compra dos VCBRs é mais um dos muitos projetos de longo prazo que acabaram não se materializando e que são necessários para o reequipamento e modernização do EA. No caso dos VCBRs, eles passarão a fazer parte do componente blindado da Fuerza de Despliegue Rápido, disponibilizando as capacidades de um sistema desse tipo. Devemos também lembrar as declarações de Rossi há alguns dias, em Córdoba, quando se referiu ao fato de que os VCBRs também são necessários para cumprir os requisitos da Força binacional Cruz del Sur, com o Chile, para a qual são necessários 27 veículos.

Deve-se lembrar que alguns dos modelos em consideração têm antecedentes anteriores, uma vez que tanto o Iveco VBTP Guaraní quanto o Norinco VN-1 estiveram muito próximos de serem adquiridos pelo EA, sendo oportunamente avaliados pelo pessoal da força. Já o Stryker M1126 se apresenta como um dos principais candidatos por ser um VCBR comprovado em combate (com o processo de aprimoramento que isso implica) além de ter sido produzido em quantidades significativas para o Exército dos Estados Unidos (US Army), garantindo que sejam forma a linha de logística.

Tanto o TAM 2C quanto o VCBR são projetos que formarão a espinha dorsal dos meios blindados do EA. O início de ambos os programas não é apenas de vital importância pensando na modernização dos meios blindados, mas também na sobrevivência do armamento de cavalaria e da infantaria mecanizada.

Em outubro desse ano, Agustín Rossi, junto com uma delegação argentina, visitou as instalações da Iveco Veículos de Defesa, em Sete Lagoas (MG), e conheceu a linha de produção do VBTP Guarani (Foto: Ministério da Defesa)

Publicado em Ministerio de Defensa – El 2021 será clave para el TAM 2C y VCBR

(*) Zona Militar é uma publicação argentina de defesa, segurança e geopolítica, criada em 2015, e parceira de Tecnologia & Defesa no intercâmbio de informações, para manter os leitores atualizados das notícias importantes que ocorrem entre os dois países.

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Comentários

17 respostas

  1. Bastos, a atualização/modernização dos Leo 1A5 do EB vai deixá-los no nível de capacidade dos Tam 2C ???

    1. Tanto o TAM quanto o Leopard 1A5 BR são veículos operacionalmente equivalentes, e continuarão assim mesmo modernizados.

  2. Kkkk Brasil sonha em exportar este Guaraní.
    Ao que parece seremos os únicos operadores deste veículo, pois ao que parece o mundo está migrando cada vez mais para os veículos 8×8.
    Ainda não entendo o porquê não se entregou a fabricação do Guaraní ao grupo Tectran Avibras ou a um conglomerado de empresas locais (Invés blindados, Agrale, Columbus parts etc).
    Com o total de veículos já adquiridos pelo EB já se provou que havia e há escala para fabricação e desenvolvimento local.

    1. Não somos os unicos: o Libano possui 16 e as Filipinas devem assinar o contrato com a SIBAT e Iveco para a aquisição de 28 no inicio de 2021.
      Não existe essa história de o “mundo está migrando cada vez mais para os veículos 8×8”, cada um opera o que necessita e/ou o que tem dinheiro para pagar. O problema é que grande parte dos “interessados no tema militaria no Brasil”, não pesquisa. Procure se informar melhor e verá que existem diversos veículos 6×6 em projeto e produção no mundo. A França, por exemplo, esta usando muitos 6×6 na modernização de sua frota.
      Lembrando que o Guarani nunca foi projetado para ser exportado, isso seria um bonus, mas sim para atender as necessidades apresentadas pelo EB.

      1. Boa tarde…
        Caro Sr. Paulo Roberto Bastos, sou militar, gostaria que vcs fizessen uma materia explicando como anda os seguintes equipamentos:
        Missil A Darter
        Míssil mectron piramha b
        Drobe falcão avibras
        Veiculo Guara avibras
        Veiculo Gladiador
        ALAC…..
        Atenciosamente,
        Rodrgo

        1. Boa tarde caro Rodrigo, imilfldemente te informo.
          1- Vant Falcão Avibras: Descontinuado, pois a FAB cancelou a aquisição do lote piloto em detrimento da aquisição dos Hermes 450/900.
          Espera-se que o EB adote o Falcão para operação conjunta com o Astro 2020/MT-300 (daí surge outro complica te, pois sabemos que a FAB não deixa outros operadores operarem certos tipos de aeronaves).
          2- A-Darter:
          Tinha sido postergado pela FAB não se sabe o motivo.
          O mesmo serve para o MAA1-B que foi cancelado para investir no A-Darter (contra senso não ?)
          3- Guará/Gladiador: ficaram só na s protótipos pois o EB resolveu adotar o LMV e mais recente o CFN adquiriu o Oshikosh .
          4- ALAC: pronta aguardando encomendas até hoje (não se sabe o motivo de não terem encomendado ainda. Uma das teorias seria que o EB estava desenvolvendo uma carga explosiva em tandem e outra termohárica).
          Por fim, não entendo o porquê nossas FAAs não adquirem em quantidades o que temos.
          Podem até importar equipamentos modernos para as SOF,s, mas que comprem os nacionais para a tropa comum.
          Acredito que há espaço para uma dupla LMV/Guará, ALAC /AT-4, Javelin/MSS, Piranha-B/ AIM-9X etc.

        2. Se não for pedir muito…; O amigo sabe algo sobre como ficou o TPN nacional? Achava que a SIATT fosse assumir o comando, mais desde a falência da mectron não leio algo sobre.
          Saudações!

      2. Desculpe caro Bastos, mas desenvolver um projeto para não ser exportado e levando em conta que o histórico do Brasil em aquisições militares não ser um dos melhores, é um suicídio para qualquer indústria.
        Se o que escreve é verdade “o Guaraní nao foi projetado para ser exportado” for verdade, ainda bem que a indústria nacional (Avibras,Agrale, Obra blindados etc) não se envolveram nessa grande furada.
        A Iveco que fique com essa “bomba”.
        Obrigado pelas explicações!

      3. Bastos, concordo que o Guarani foi desenvolvido para atender os requisitos do EB.
        Então, esperemos que exista uma aceleração de produção e, posteriormente, aumento nos pedidos. Ou isto, ou transforma estes requisitos em diferenciais e oferecer o produto de um modo mais contundente no mercado.

    2. Ehhhhhhh ladainha. Troca o disco, mano. Informe-se ou melhor, cale-se pois o senhor presta serviço de desinformação com tua falta de conhecimento sobre o tema.

      CM

  3. Semhores…
    Acho que todos que gostam do militarismo goatariam de saber como andam esses projetos….
    Missil anti carro (mectron)
    ALAC
    A DARTER
    VANT GAVIAO
    GUARA
    FUZIL IA2
    PIRANHA B

  4. Eita lá vem a conversinha da década de 60 nos Estados Unidos e agora no Brasil.
    Com seu Marcatismo ultrapassado, cassando comunistas e homenzinhos verdes.
    Credo há atraso intelectual viu !

  5. Seria bom em outras circunstâncias mas hoje não sei qual seria a garantia do pagamento dos Ivecos caso fôssemos vencedores da concorrência, no caso de financiarmos essa venda pois a Argentina agoniza há anos e não vejo coisa melhor a médio prazo no futuro.Pode ser que bancos de fora ou da própria financiem(não será fácil).A não ser por alguma troca comercial(Triangulação).Apesar disso vejo o chinês muito forte em todas as situaçôes.Só o futuro dirá…..

  6. À anos os militares argentinos vivem de esperança, restando apenas valorizar suas tradições e glórias (vitórias em batalhas) do passado. Enquanto isso, seus equipamentos vão sucateando e, posteriormente, desativados, sem substituição. Quando acontece alguma ínfima aquisição, depois de anos de gestação, é um milagre. Enquanto isso, seus superiores sempre com blá…blá…blá…

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