A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Telebras assinaram, na última semana, acordo que prevê a cessão de áreas militares para construção da infraestrutura de solo para o comando e controle do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Essa plataforma espacial terá uso dual, ou seja, terá aplicações civis e militares simultâneas. Atenderá, ao mesmo tempo, às demandas de comunicação do Ministério da Defesa e ao Plano Nacional de Banda Larga.
“Esse momento é um marco importante porque a liberação dessas áreas significa ter carta branca para podermos construir as estações”, avaliou o gerente de satélite da Telebras, Sebastião do Nascimento Neto.
Os processos entre as unidades militares e a Telebras são coordenados pela Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), que também presta assessoramento à equipe na especificação dos projetos. A Telebras é responsável pela contratação dos projetos executivos e obras de infraestrutura crítica.
O Centro de Operações Primário ficará localizado dentro da área do Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR), em Brasília, e o Centro de Operações Secundário, uma estrutura de backup, ficará na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Além disso, estações de acesso, antenas de recepção e envio de dados, estarão localizadas em Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Salvador (BA), além daquelas que serão instaladas em Brasília e no Rio de Janeiro.
De acordo com a Telebras, nesta semana, técnicos da empresa francesa Thales Alenia Space (fabricante do SGDC) começaram a instalar equipamentos de controle terrestre do satélite no Centro Temporário de Operações Espaciais (COPE), em Brasília. Os equipamentos serão usados para controlar remotamente o posicionamento do satélite que cobrirá todo o território brasileiro.
Atualmente, o SGDC encontra-se em estágio de montagem na sede da Thales Alenia em Cannes, na França.
Tecnologias compartilhadas
O chefe do Estado-Maior de Aeronáutica (EMAER), tenente-brigadeiro-do-ar Hélio Paes de Barros Júnior, destacou a importância da característica dual (civil e militar) do projeto. “A Estratégia Nacional de Defesa prevê a integração civil e militar. E este projeto se adequa perfeitamente. Tanto no trabalho conjunto entre as Forças Armadas como com outras entidades civis”, exemplificou. O oficial-general também ressaltou, durante o ato de assinatura, a relevância do projeto para a sociedade brasileira.
De acordo com o gerente da Telebras, o SGDC é o maior projeto da Telebras. O SGDC pesa 5,8 toneladas e terá capacidade de transmitir 54 gigabits de dados por segundo. Ele vai complementar a rede de fibra ótica brasileira para levar internet banda larga para as comunidades mais distantes, principalmente na região Norte do Brasil.
“A implantação de rede de fibra ótica [naquela região] é inviável em função da geografia. Só é possível por satélite para conseguir chegar onde se precisa chegar. Esse projeto é fundamental para o Brasil e os brasileiros só têm a ganhar”, disse Nascimento Neto.
A previsão para colocar o satélite em órbita é para que o lançamento seja executado no terceiro trimestre de 2016, pela empresa Arianespace, a partir da base na Guiana Francesa. Após um período de ajustes e de testes, o satélite começará operar comercialmente no início de 2017.
Ivan Plavetz