AMX e o seu poder de fogo

O caça-bombardeiro AMX, um projeto desenvolvido por meio de um programa binacional entre o Brasil e a Itália nos anos 1980, resultou numa plataforma dedicada para as missões de ataque ao solo, apoio aéreo aproximado e reconhecimento tático com elevado poder de fogo, precisão na navegação e no ataque mesmo utilizando armamentos convencionais.

Além da letalidade, o AMX tem alcance para atingir alvos na profundidade do território inimigo e voltar em segurança para a sua base de origem mesmo tendo sofrido sérios danos estruturais.

Estando em operação na FAB desde 1989, talvez tenha sido a aeronave que mais teve armamentos e sensores integrados, alguns exclusivos, tornando-a única para o cumprimento desse tipo de missão especializada. Ao todo, o AMX pode transportar até 3,8 toneladas de carga em cinco pontos subalares e um ventral (desses, três podem ser equipados o “twin carrier pod”, um adaptador para levar duas cargas externas) e dois trilhos para mísseis na ponta das asas.

A foto abaixo mostra parte dos sistemas de armas integrados ao AMX.

Ar-ar

O AMX é um caça-bombardeiro e isso significa que a sua missão é concentrada no ataque ao solo. Porém, o seu projeto prevê o uso de até dois mísseis ar-ar de curto alcance, guiado por calor, para fazer a sua autoproteção.

A variante usada pela Itália emprega os mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinder, o primeiro “all-aspect” da família que podia engajar alvos de qualquer direção, incluindo frontalmente, diferente das versões anteriores que precisavam enquadrar o inimigo pela parte de trás para que o buscador do míssil fosse orientado pelo calor do motor

O Brasil decidiu integrar o projeto nacional MAA-1 Piranha (1), da antiga Mectron, um tipo de terceira geração. Na foto, também aparece o AIM-9B Sidewinder (2).

Ar -solo

Esse é o segmento em que o AMX da FAB mais possui armamentos.

Dos tipos convencionais, emprega as bombas da família Mk (81, 82, 83 e 84), de 119kg, 227kg, 454kg e 907kg, ou os tipos nacionais BAFG (bomba de baixo arrasto de fins gerais) 120, 230, 460 e 920 (128kg, 248kg, 452kg e 970kg, respectivamente). Na foto, a bomba Mk 82 (3).

Nos tipos nacionais, a FAB utiliza as Bombas de Freio Aerodinâmico (BFA) BFA-230/1 que possui aletas de arrasto com paraquedas integrado; BFA-230/2 apenas com paraquedas; e BFA-460 com paraquedas. Esses armamentos possibilitam o ataque a baixíssima altura, mas permitindo ao avião se evadir sem ser atingido pelos estilhaços da própria bomba. Casulo SUU-25 (4) para o lançamento de até oito flares iluminativos (4).

Bomba incendiária BINC-300 (5); Bomba Lança Granadas BLG-252 (6) de 324kg com 248 submunições de 750g cada; Bomba de Penetração BPEN 500 (“anti-bunker”) de 506kg; BPEN 1000 de 910kg; kit de guiagem Lizard II (7) para a BAFG 230; e Lizard II para BAFG 460kg.

As variantes não modernizadas utilizavam Bomba Antipista (BAPI) e lançadores Equipaer EQ-LMF-70/19 para 19 foguetes de 70mm.

Canhão interno

Dois canhões Israel Military Industries (IMI) Mk 164 (8), de munição 30mm (9) com 150 tiros em cada canhão.

O IMI Mk 164 é a versão israelense do DEFA 554, construída sob licença no Brasil pela Bernardini.

Tanques de combustível

O AMX pode levar dois tanques subalares de combustível de 580 litros (10) ou dois de 1.100 litros.

Treinamento

Pod SUU-20 (11) para até seis BEX-11 (11,3kg) ou seis BDU-33 (12) e quatro foguetes de 70mm.

Sensores

Rafael Litening III (13) laser designation pod para missões de designação de alvos; Rafael Reccelite (14) reconnaissance pod para missões de reconhecimento tático; e Rafael Skyshield (15) pod, de interferência eletrônica.

Anteriormente, o AMX empregou os sistemas de reconhecimento tático Pallet 2, Pallet 3, Gespi Reconnaissance Training Pod (RTP), Vicon 57, Koop e Pallet Vinten.

Observações

16- Twin carrier pod

17- Lançadores de chaff

18- Alvo para treinamento de tiro ar-solo

 

 

 

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Respostas de 31

  1. João Paulo

    Bom dia
    Ótimo artigo.
    A FAB realmente pretende desativar, até 2025(conforme divulgação em abril/2023), os caças AMX ?
    Na sua avaliação, esses caças não poderiam permanecer em atividade por, pelo menos, mais uma década?

    1. Oi Sílvio,

      Pelo que estamos acompanhando, a desativação é prevista para 2025 mas, segundo o nosso próprio artigo, esse planejamento pode mudar.
      Com a desativação do AMX na Itália, creio que o AMX poderia voar até 2028.

      1. Bom dia Morales. Acredito ser muito difícil estender isto até 2028 pois gargalo logístico está nos componente italianos da anv, cuja as linhas estão sendo encerradas.

        1. Existe disponibilidade de peças para os motores, que é o principal “problema” logístco. os demais itens foram modernizados e a obsolescência resolvida. E temos muito spare part dos demais sistemas.
          Abraços.

          1. Boa tarde. Morales, o maior gargalo logístico são componentes Eletro hidraulicos, que não foram personalizados na modernização que abrangeu muito mais sistemas de missão da anv. vários itens como atuadores e os componentes foram encerrados nas linhas fornecedores italianos e são componentes que tem prazo de validade, e alguns não podendo ser reaproveitados de outras células.

      2. vai precisar voar muito além de 2030 devido ao cronograma lento de entregas do F39 e ao baixo número de unidades encomendas do mesmo, a FAB vai precisar de um “Tampão” para o AMX em caráter emergencial (compras de prateleira)…

        1. o tampão poderia ser um leasing de Gripen C e D. Seriam msis capazes que o F5 e o AMX e com leasing não tem risco de prejudicar novo lote dos E e F.

          1. não tem disponibilidade a curto prazo para os modelos C e D sendo que o custo operacional também é elevado, acredito que a solução será uma aeronave mais simples e barata com o intuito de manter as horas de vôo e a operacionalidade da aviação de ataque da FAB…

      1. Spey, tendo $$$ nao é problema, tem spares
        mundo afora, o problema são os componentes hidráulicos e eletro hidráulicos Italianos que as linhas de produção foram encerradas

  2. O AMX é uma excelente aeronave e seu projeto trouxe enormes ganhos para o desenvolvimento da EMBRAER. O conhecimento adquirido no desenvolvimento foi aplicado nas famílias de aeronaves ERJ145 e também nas posteriores. Graças ao investimento a EMBRAER se tornou a terceira maior produtora de aeronaves do mundo! O grande dilema do AMX é a falta de spare parts para seu motor que foi descontinuado. Se não fosse por isso o caça-bombardeiro ainda teria relevância em nosso teatro de operações.

  3. Excelente matéria. Na minha Opinião A FAB e a Embraer poderia seguir o mesmo exemplo de algumas aeronaves na versão NG como L-39 NG e o Gripen NG, e desenvolverem um AMX NG com uma nova motorização para aumentar sua velocidade de penetração, reforço estrutural para levar mais carga. Claro que isso levaria tempo no desenvolvimento mais seria uma boa opção do que comprar um substituto para essa função no exterior e gerando empregos aqui já que o AMX mostrou sua capacidade na guerra do Kosovo sem perdas.

  4. Não tem como não admirar um caça tão versátil e útil como 0 AMX, ainda tenho os folders que recebi diretamente da EMBRAER no início dos anos 80, qdo pedi via correios e eles me enviaram!Ademais é uma pena estarem em processo de desativação, vide a necessidade e a grande carência específica deste vetor nos céus brasileiros…esperemos que o Gripen possa cumprir esta lacuna de forma ainda mais eficiente…

    1. Paulo, boa noite. Deixe-me explicar.

      O livro é pesado, vem da Áustria e é cobrado em euro. Perco duas conversões (euro para o dólar e depois para o real). E depois o peso do frete. Sai isso aí, eu nada ganho com o livro, só trouxe para divulgação.

      Sobre estar em português, dificilmente seria vendido, infelizmente poucos comprariam.

        1. Foram 11 exemplares modernizados, 09 monopostos e 2 bipostos, com as seguintes matrículas: 5500, 5504, 5506, 5510, 5520, 5523, 5525, 5526, 5527 e 5652, 5654, respectivamente. Destes, o 5525 foi desativado devido à danos de monta causados por incêndio durante teste de motor e o 5506, da última vez que o vi, em outubro passado, estava bastante canibalizado, sem a maioria dos sistemas, sem motor, sem cobertura do canopi, sem superfícies móveis de cauda, etc, armazenado em um dos hangares auxiliares da BASM. No hangar do Grupo Logístico estavam em manutenção, em outubro, o 5523 e o 5654, além de 3 H-60L.

  5. Problema do AMX hoje é custo. O custo de manter ele é alto, mais caro que o F5, por exemplo.
    Avião bom mas logística cara demais, considerando que a contraparte italiana desativou os dela.
    Negócio é comprar avião que mais gnt tem. Por isso um F16 é “tão bom” – tem gnt pra financiar as linhas de suprimento.

    1. A pequena quantidade de células produzidas, operadas por apenas duas Forças Aéreas, contribui para a dificuldade e custo da manutenção.

        1. Exatamente! Esse é meu medo em relação ao Gripen. Sem vendas, bastante vendas, temo que possa ocorrer com ele o mesmo que estamos vendo com o AMX.

          1. gripen tem boa chance de deslanchar. A hora que algumas forças aéreas verem o custo de operar e manter rafales ou eorofighters vai ser uma correria. Os que estao indo de F35 talvez precisem de um complemento na hora que o custo começar a aparecer também. O próprio rafale foi anos e anospra começar a vender

          2. Ao meu ver, sem perigo, o Gripen E é muito moderno, o Rafale tbm demorou a deslanchar e hoje vende a rodo e quando virem o Gripen E(guardadas as proporções) fazendo basicamente o mesmo por um custo menor em relação a um Rafale e a um Typhoon (que ainda será modernizado pra chegar no q o Gripen já é/tem em eletrônica embarcada), ai as vendas deslancharão e a turma do F-35 verá o custo de manter algo tão modernoso .

  6. Colombelli, torço muito para que isso aconteça. A FAB precisa disso. Mas, o Gripen E/F precisará superar em larga margem os Gripen C/D, que tiveram apenas 66 exemplares exportados para 4 países e mais 1 exemplar para o Reino Unido utilizar na ETPS. Hoje, contando com as aeronaves da Força Aérea sueca, são aproximadamente 165 aeronaves C/D em operação no mundo. Ainda há algumas dezenas de células das versões A e B estocadas na Suécia.

  7. Não seria interessante para o Brasil uma nova geração do AMX? Existuria mercado para essa nova aeronave?
    Quais os custos de desenvolver um AMX modernizado, ou mesmo um novo caça com suas características? A Embraer teria capacidade para tal feito?

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