- Base torna-se-á no futuro o maior complexo aeroespacial de defesa do hemisfério sul.
Durante cerimônia de passagem de Comando da ALA 2, em Anápolis (Goiás), no último dia 30 de janeiro, o tenente-brigadeiro-do-ar Antônio Carlos Egito do Amaral, comandante do Comando de Preparo (COMPREP) confirmou aquela base como a escolhida para a implementação oficial do novo jato de transporte militar da Força Aérea Brasileira, o KC390, da Embraer Defesa & Segurança.
A localização central de Anápolis e região, em relação ao restante do Brasil, ganha maior importância com essas decisões.
Na ALA 2, os cargueiros terão como vizinhos de hangar os novíssimos caças Saab F-39 Gripen E/F do Esquadrão Jaguar (1º GDA).
Jatos de reconhecimento do Esquadrão Carcará (1°/6° GAV), e aeronaves de alerta aéreo antecipado (AEW&C) e Sensoreamento Remoto (ISR) do Esquadrão Guardião (2°/6° GAV) completam um pacote de alta tecnologia, a chamada “bala de prata da FAB“. A ALA 2 é defendida contra ataques aéreos pelo Terceiro Grupo de Defesa Antiaérea (3º GDAAE).
E não é só isso. As movimentações empresariais e políticas em torno da cidade fervilham.
Anápolis e sua região de influência estão se movimentando há anos em busca de oportunidades no setor industrial de Defesa, tanto que foi anunciado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), no final de janeiro, o lançamento do Comitê da Indústria de Defesa e Segurança de Goiás (Comdefesa-GO), uma iniciativa conjunta com a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA).
Uma das estratégias do Comdefesa-GO é a criação de um Polo da Indústria de Defesa, local para receber empresas goianas e novas empresas a serem instaladas no espaço (exatamente como a proposta da anunciada fábrica da Caracal, que aparentemente ainda não vingou).
Outra frente de trabalho do grupo será a busca de aprovação junto ao governo de uma política de fomento ao setor, visando à instalação em Goiás do Centro de Aquisições do Ministério da Defesa.
Anápolis dispõe de logística privilegiada com acesso a diversos modais de transporte (aéreo e rodoferroviário) sendo assim capaz de suprir com agilidade e rapidez equipamentos e suprimentos (víveres, munições, peças, saúde, engenharia, logística operacional) para as tropas localizadas em todas as regiões do território nacional e de outros países da América do Sul.
Exatamente onde o EDS KC390 entra como ferramenta de trabalho fundamental. A partir de centros de distribuição localizados no entorno da ALA 2, será possível a Força Aérea, Exército e Marinha, mais o Ministério da Defesa, atender demandas logísticas operacionais em qualquer parte do território nacional.
O KC390 trabalharia como aeronave tronco, transportando os grandes volumes para os diversos “clientes” até os aeródromos mais distantes capazes de recebê-lo.
De lá as cargas seriam fracionadas para aviões de transporte menores (ou helicópteros), capazes de pousar em pistas ainda mais distantes de qualquer infraestrutura aeroportuária.
Exatamente o conceito que o Exército Brasileiro adotou ao adquirir o C-23 Sherpa para emprego na Amazônia.
COMPREP, KC390 e o Grupo FOX
O COMPREP tem um importante papel no atual processo de “redesenho” da Força Aérea Brasileira. Além de planejar e organizar todas as mudanças decididas pelo comando da instituição, com foco na parte operacional mas sem esquecer da formação profissional, também reúne, entre outros núcleos de excelência da Força, o Grupo FOX, criado para planejar e efetuar o recebimento/entrada em serviço da nova aeronave de combate F-39 (designação oficial do Saab Gripen E/F) prevista para começar suas entregas no 2º semestre de 2019 (na Suécia).
O grupo atua desde janeiro de 2017 no COMPREP, em Brasília (DF), na coordenação de implantação do avião, um sofisticado sistema de armas com alto nível de complexidade e grande conteúdo tecnológico agregado.
Em termos de novos conhecimentos e ideias doutrinárias, as atribuições desse grupo de pilotos é algo de grande responsabilidade e exige alto preparo profissional.