O acordo estratégico entre Brasil e Suécia tem potencial para gerar novos negócios em diversos segmentos econômicos. Essa foi a principal mensagem da diretora-executiva da Câmara Brasileira de Comércio na Suécia, Elisa Sohlman, no I Encontro Internacional de Financiamento a Projetos de Defesa, realizado na semana em Brasília (DF).
“O Brasil ainda não tirou todo proveito que essa relação pode oferecer”, comentou Sohlman sobre a possibilidade de atrelar outros segmentos ao maior acordo firmado entre os dois países, o programa Gripen NG. “Essa iniciativa é extremamente valiosa. Esse diálogo é importantíssimo”, avaliou a diretora-executiva sobre o encontro promovido pelo Comando da Aeronáutica.
Para Sohlman, o programa da nova aeronave de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) é tratado pela Câmara como a “Era Gripen”, justamente pelas oportunidades de comércio interdisciplinar que oferece. A tecnologia e os recursos empregados no avião multimissão podem abrir caminho para novos negócios de empresas dos setores de saúde e energia, por exemplo.
Outro fator que ajuda nesse amplo leque que se abre é o fato de a FAB ter uma diversificada área de atuação, extrapolando o segmento da defesa. “A FAB atua em catástrofes, em logística. A tecnologia que está sendo discutida para desenvolver o Gripen tange outros segmentos”, ponderou sobre o desperdício que seria não aproveitar essas novas oportunidades.
Para os suecos, a data de 18 de dezembro em 2013, quando o governo brasileiro anunciou o Gripen NG como a aeronave selecionada para o programa F-X2, é considerada um marco na relação com o Brasil. “É o maior projeto da história bilateral. O maior contrato da história da Suécia e também para o Brasil”, disse.
Com o papel de mediar os negócios entre os dois países, o órgão tem como um dos seus grandes desafios a comunicação. “Somos tradutores”, comparou usando uma metáfora sobre seu trabalho de facilitar a interlocução entre duas culturas diferentes e em alguns momentos até díspares.
Sohlman exemplifica sua afirmação utilizando o conceito de inovação. Na economia nórdica, fundamentada em uma indústria forte, este é um assunto tratado pela agenda da iniciativa privada e voltada para recursos high tech. No Brasil, cuja base econômica de exportação ainda se sustenta em commodities, essa mesma discussão está principalmente na esfera política, ou seja, uma agenda governamental, mesmo com o País sendo 20 vezes maior que a Suécia.
Ivan Plavetz