Evento promoveu discussões sobre padrões internacionais de segurança e reuniu especialistas do setor de defesa e segurança
A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou o 1º Seminário Internacional sobre Normas VPAM para capacetes balísticos e veículos blindados, no dia 25 de julho, no Círculo Militar de São Paulo, na capital paulista.
O evento teve grande importância para o setor de defesa e segurança por tornar acessíveis conhecimentos sobre as exigentes normas europeias VPAM (Associação de Laboratórios de Testes para Materiais de Proteção Balística), aplicáveis a capacetes balísticos e veículos blindados.
O seminário teve como objetivo esclarecer e detalhar os conceitos das normas VPAM, que estabelecem requisitos técnicos rigorosos para garantir a máxima proteção aos usuários destes equipamentos. A adoção dessas normas é essencial para assegurar que estes itens de proteção estejam em conformidade com os padrões internacionais de segurança, oferecendo maior confiança e proteção aos seus usuários.
O diretor-executivo da ABIMDE, coronel Armando Lemos, fez a abertura do evento destacando o histórico da Associação, sua evolução e seu papel fundamental na promoção da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS). Ele ressaltou como a ABIMDE tem se dedicado ao fortalecimento das capacidades do setor de defesa e segurança, refletindo seu compromisso com a excelência e a qualidade no fornecimento de materiais e serviços essenciais para a proteção nacional.
O Lemos também falou sobre a ABIMDE Certificadora, a maior certificadora do país de produtos controlados, que já fez a avaliação de mais de 100 marcas nacionais e internacionais, garantindo a conformidade com os mais rigorosos padrões de qualidade e segurança. Desde sua fundação, já foram certificados mais de 800 produtos, refletindo seu compromisso com a excelência e a inovação no setor. Sua atuação é essencial para assegurar que os produtos certificados atendam às exigências internacionais e proporcionem a máxima proteção e desempenho.
A programação a seguir contou com a presença ilustre do presidente da VPAM, Tim Renes. Em sua apresentação, ele afirmou que as normas possuem 25 anos de tradição e são reconhecidas por sua excelência em estabelecer requisitos técnicos rigorosos para garantir a máxima proteção balística. Fundada em 1999, tem como objetivo harmonizar os métodos de teste e certificação de materiais balísticos, tornando-se um pilar na indústria de segurança e defesa.
Este evento foi o primeiro sobre normas VPAM fora do continente europeu. A Associação de Laboratórios de Testes para Materiais de Proteção Balística é composta por 11 membros provenientes de seis países: Alemanha, Áustria, Suíça, Holanda, França e Bélgica. São laboratórios de testes altamente respeitados, conhecidos por sua competência técnica e imparcialidade na avaliação de equipamentos de proteção.
Tim Renes destacou a importância da colaboração internacional para o fortalecimento das normas técnicas: “a cooperação entre laboratórios de diferentes países é essencial para garantir que nossos padrões atendam às necessidades globais de segurança e desempenho de produtos.”
As normas cobrem uma ampla gama de requisitos técnicos, incluindo resistência balística, proteção contra fragmentos e impactos, e atenuação de energia. Este rigor técnico garante que os equipamentos certificados segundo as normas VPAM proporcionem a máxima proteção aos usuários, sejam eles militares, policiais ou civis.
Além de sua função técnica, a VPAM desempenha um papel importante na promoção da inovação dentro da indústria de proteção balística. Ao estabelecer padrões elevados e consistentes, a Associação incentiva fabricantes a investirem em pesquisa e desenvolvimento, resultando em equipamentos de proteção cada vez mais avançados e eficazes.
PARA CAPACETES DE VEÍCULOS BLINDADOS
O coronel Lemos realizou duas palestras sobre as normas VPAM, abordando aspectos essenciais dessas diretrizes para proteção balística.Na primeira, ele destacou a norma VPAM HVN, que estabelece padrões para capacetes balísticos com viseira e protetor de pescoço. Esta norma é um marco significativo na proteção pessoal, avaliando de forma abrangente esses produtos permitindo selecionar aqueles que combinam tecnologia avançada, materiais de alta qualidade e um design que prioriza a segurança e o conforto do usuário.
A norma VPAM HVN assegura que os capacetes ofereçam uma proteção robusta e confiável contra ameaças balísticas, tornando-os proteções essenciais para operações em ambientes de alto risco. A adesão a esses padrões rigorosos é necessária para garantir que o equipamento possa enfrentar condições extremas e proporcionar segurança efetiva.
Na segunda palestra, Lemos abordou a norma VPAM BRV, que define requisitos específicos para a proteção balística de veículos. Essa diretriz estabelece que os veículos blindados devem oferecer proteção contra impactos de balas disparadas por armas pequenas e rifles, impedindo a penetração em todos os ângulos de ataque. Os testes para esses veículos cobrem várias áreas críticas, como as seções laterais, frente, traseira, teto e assoalho.
A norma VPAM BRV, abordando a avaliação do projeto completo de blindagem veicular, estabelece condições rigorosas para assegurar a eficácia da proteção balística, garantindo que os veículos possam proteger adequadamente seus ocupantes.
As palestras de Lemos trouxeram uma visão aprofundada das normas VPAM, sublinhando a importância dessas diretrizes para assegurar a máxima eficácia e segurança tanto em capacetes balísticos quanto em veículos blindados.
“A adoção das normas VPAM no Brasil representa um avanço significativo na elevação da qualidade e segurança dos equipamentos de proteção. Estas normas, desenvolvidas na Europa, são reconhecidas por sua capacidade de estabelecer padrões elevados para capacetes balísticos e veículos blindados. A integração dessas normas poderá colocar o Brasil na vanguarda da proteção balística global, alinhando o país com os melhores padrões internacionais”, disse Lemos.
ANÁLISE PRÁTICA
A programação contou também com a palestra do Capitão de Polícia Militar Murilo Luiz Frigeri, que apresentou uma comparação entre as normas NIJ (National Institute of Justice) e VPAM para capacetes balísticos, com as diferenças nos testes de impacto e nas áreas de proteção cobertas por cada norma.
A norma NIJ evidencia principalmente impactos balísticos diretos, avaliando a capacidade dos capacetes em resistir a projéteis em ângulos específicos. No entanto, apresenta limitações na medição da energia residual transmitida após o impacto, o que pode deixar lacunas na proteção oferecida.
Em contraste, a norma VPAM adota uma abordagem mais abrangente, considerando uma variedade maior de tipos de impactos, incluindo oblíquos e indiretos. A VPAM realiza uma análise detalhada da fragmentação e da energia residual, garantindo uma avaliação mais completa da eficácia do capacete em diferentes cenários.
Além das diferenças nos testes de impacto, as áreas de proteção também variam entre as normas. A norma NIJ oferece proteção na parte superior e frontal do crânio, cobrindo as áreas mais vulneráveis em um confronto balístico direto. Por outro lado, a norma VPAM proporciona uma proteção mais abrangente, incluindo a lateral, traseira e pescoço do capacete. Além disso, a VPAM realiza testes de deformação e impactos repetidos, assegurando uma cobertura mais completa e confiável.
A palestra do capitão PM Murilo Luiz Frigeri destacou essas diferenças e enfatizou a importância de considerar esses fatores ao escolher capacetes balísticos, a fim de garantir a máxima proteção para os usuários.
O seminário contou ainda com a participação de especialistas internacionais, incluindo membros das equipes técnicas dos laboratórios TNO da Holanda, IABG da Alemanha e TECHSS do Brasil.
Um deles, Alexander Scharpenack, responsável pelo desenvolvimento de negócios e Marketing na Ulbrichts,destacou a tradição e especialização da empresa no desenvolvimento de sistemas de proteção, com foco em capacetes balísticos de alta performance. Fundada em 1948, é uma empresa austríaca com uma sólida reputação em engenharia e inovação tecnológica no setor de proteção.
A palestra detalhou as principais diferenças entre as normas NIJ e VPAM para capacetes balísticos, ressaltando que apenas as normas VPAM HVN oferecem avaliação do trauma proveniente de um disparo de arma de fogo.
A inovação tecnológica é um dos pilares da Ulbrichts. A empresa investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento para se manter na vanguarda da tecnologia de proteção balística. A empresa apresentou seu capacete balístico de titânio no evento.
ON-LINE
Por videoconferência, o vice-presidente do laboratório IABG, dr. Roger Schäfer, ministrou uma palestra na qual destacou a importância do conhecimento e da experiência em testes balísticos. Localizado em Munique, na Alemanha, o IABG é um laboratório privado com competência em análise, simulação e testes.
Em sua apresentação, o dr. Schäfer abordou os procedimentos e técnicas utilizadas pelo IABG para a qualificação e teste de materiais e,particularmente,veículos blindados. Ele explicou como a empresa realiza testes rigorosos de acordo com padrões internacionais, como STANAG 4569, VPAM e NIJ.
Fonte: ABIMDE