Não precisaríamos de exemplos da necessidade de manter as Forças Armadas treinadas, capacitadas e bem equipadas para cumprir as suas missões. Mas quando eventos trágicos como esse que se abate em Israel chegam, agradecemos por poder responder prontamente com os meios e o pessoal adequado.
Militares passam boa parte da sua rotina treinando e se capacitando. Treinando em exercícios físicos, em estudando manuais, as doutrinas, realizando procedimentos de uso dos seus equipamentos, explorando novas possibilidades, participando de exercícios e operações. Repetidamente e exaustivamente esperando que nunca precisem colocar todo esse treinamento em prática, mas se preparam para estarem prontos para responderem à altura quando diante de uma situação real, quando não há mais tempo para treinar, apenas para executar, pondo em prática, tudo o que foi exercitado.
Quando uma situação extrema acontece, a sociedade lança o olhar para os militares aguardando como será essa reação e a classe política aciona os meios disponíveis para dar a resposta que se espera de um governo em tragédias e situações de calamidade.
No sábado, 7 de outubro, quando as notícias de que Israel fora covardemente atacado começavam a chegar pelo Brasil, as primeiras perguntas eram quantos brasileiros estavam na área atingida e se estavam bem. Poucos devem ter se perguntado como eles viriam para casa, mas no Ministério das Relações Exteriores, no Ministério da Defesa e na própria Força Aérea Brasileira (FAB), a pergunta era de quantos meios aéreos seriam necessários para repatriar os brasileiros. Já nos esquadrões de transporte que operam os tipos maiores, como o 2º/2º Grupo de Transporte com o Airbus KC-30, e o 1º Grupo de Transporte de Tropa e o 1º/1º Grupo de Transporte, ambos voando o KC-390, a movimentação já estava para a escala das tripulações e preparação final das aeronaves para estarem disponíveis no momento do acionamento.
Esse é o momento da execução de uma missão. Não há mais um treinamento, apenas a prática.
O governo brasileiro, sem depender de terceiros ou companhias aéreas, colocou à disposição, imediatamente, dois KC-30, dois KC-390 e dois VC-2, essas últimas aeronaves dedicadas ao transporte presidencial mas que se somam aos esforços emergenciais para repatriar os brasileiros.
Desde às 3h00 de segunda-feira, um KC-30 está em prontidão em Roma para buscar os brasileiros. Cada KC-30 pode levar até 238 passageiros. O segundo decolou do Brasil para Roma às 16h20 da segunda-feira, 9 de setembro.
Os KC-30 entraram em operação a partir de julho de 2022 e foram adquiridos para retomarem capacidades de transporte aerologístico estratégico para a FAB, ou seja, voar transportando cargas e/ou pessoas a grandes distâncias. Essa aeronaves já cumpriram diversos voos internos no país em diferentes tipos de missões que colocou carga e pessoal no menor tempo possível dispensando várias viagens ou aeronaves para realizar a tarefa.
Não há dúvidas que essa aquisição está mais do que justificada, não restam dúvidas de que a prontidão de uma Força Armada, aqui exemplificada pela FAB, é a garantia de um povo soberano.
Quando uma emergência chega, não há tempo de comprar um material, de treinar pessoal e se preparar para a resposta. Quando a tropa é acionada para responder a emergência, só há tempo para colocar em prática tudo o que foi exaustivamente treinado.
Que o governo e a classe política entendam de uma vez por todas a indiscutível necessidade de investimentos na base industrial de defesa, na aquisição constante de materiais e nos investimentos em treinamentos e prontidão.
Respostas de 24
Parabéns ao profissionalismo e a prontidão da FAB. Acho que a FAB poderia adquirir mais 3 KC-30 para aumentar ainda mais a prontidão em situações de emergência.
concordo com o o crescente numero de desastres globais o numero 5 seria o minimo ideal ja se salvaguardando para um futuro
Pois então,um monte de especialistas de teclados dizem que a fab não precisa de tantos aviões de transporte… Manda os Gripens lá buscar os cidadões brasileiros!
Sempre defendi a força aérea comprar maias KC-390 e me indignei com os cortes feitos. Porquê supostamente a fab não precisa de tantos aviões de transporte…
Isto ai!! Capacidade Estratégica
Olha que a FAB operava 4 Boeing 707 que pegou nome pejorativo de “Sucatão”
ótima matéria
numa emergência, avião de passageiros podem ser requisitados de companhias nacionais. mas como requisitar aviões de combate?
Case interessante. Isso aconteceu no COVID. Mas na hora, as Cias contratadas deram pra trás e tiveram que enviar os VC-2. Foi o ponto de virada (e de pressão) para adquirir o “K”C30.
Há uma complexidade em acionar (ou contratar) o privado para uma atividade de risco fora do escopo normal dele.
Precisamos de aviões de patrulha para responder às crises, de aviões de caça para responder às crises, de aviões SAR para responder às crises, de helicópteros para responder às crises.
Exatamente, cada um tem sua importância. É o mesmo que ter que escolher entre uma ambulância, um caminhão de bombeiro contra incêndios e uma viatura policial, cada um tem sua importância, na hora e lugar certo.
Se olharmos para os novos paradigmas da guerra, talvez aviões de patrulha deem lugar aos UAVs de longo alcance, inclusive lançados de navio. Podem levar muito material embarcado e transformar espaço de pax em combustível.
Aliás, muitas tarefas da guerra serão executadas por drones, embora não seja 100% substituível. Especialmente ao que se refere à vigilância e inteligência.
Matéria sensacional.
Apenas uma pergunta na sua visão quantas unidades do KC-30 seriam ideal para a FAB ?
Eu creio que de dois até quatro seja um número ideal. É uma aeronave moderna, apresenta grande disponibilidade e o seu uso é específico para algumas missões de maior alcance e capacidade. Isso é só a minha opinião, pois o número ideal o Estado-Maior da FAB deve ter estabelecido por meio de estudos.
Caro João pelo que vi você é piloto da FAB… Pode me dizer ( na sua opinião) qual seria o mínimo necessário de caças gripens para a FAB além dos atuais?
O investimento no millennium deve ser ampliado. E prepara-los também para o combate a incendios seria de grande valia. além de tudo estimula a industrial brasileira
O KC-390 pode fazer reabastecimento em voo de outras aeronaves, ser reabastecido e pode combater incêndios. A FAB tem todas essas capacidades.
os KC390 tem previsão para usar o MAFFS (equipamento para combate a incêndio). Falta saber se já estão operacionais.
Estão operacionais, a FAB tem os kits.
De Parabéns os Soldados Brasileiros !
João Paulo
Parabéns pelo excelente artigo.
A FAB, na minha modesta visão, é a Força que melhor emprega os recursos.
Em paralelo, nós, como cidadãos, temos que estar sempre conscientes da inegociável necessidade de o país ter Forças Armadas muito bem preparadas, equipadas e motivadas.
Não nos iludamos com a ingenuidade de que “não há ameaças contra o Brasil”.
ótima reportagem.. gostei …porque quando fizeram a compra ninguém aprovou e agora até mesmo quem reclamou deve ter deve ter usando agora
Mas é sempre assim: no início é um desperdício, etc etc. Quando precisa e tem, é um silêncio. Quando precisa e não tem, é a chuva de “despreparados, só pintam meio fio”, etc. Brasileiro é um eterno insatisfeito.
(Lógico que tem problema, mas em todo lugar tem problema. A diferença é que nas FA alguém tenta resolver – e nem sempre consegue…)
A condição de estar preparado para enfrentar situações imprevistas ou emergenciais ( _preparedness_ em inglês) é importantíssima, tanto em nível pessoal quanto de comunidades, do condomínio a toda uma nação.
As pessoas que pensam no amanhã não dispensam um seguro ou um plano de saúde, que esperam jamais precisar utilizar.
Mas é fundamental que ele esteja disponível no momento em que a necessidade se apresentar.
Muito bom o artigo.
Excelente noticia ,depois do aprendizado da repatriação na China no auge do Covid , a FAB ganhou muito com os KC-30 ,quem sabe no futuro possa adquirir mais exemplares .Sobre aviões civis operando naquela região ,é bem arriscado e perigoso ,e as companhias de seguro provavelmente náo ira autorizar
Parabéns a valorosa Força Aérea Brasileira, como brasileiro e pai de médico da FAB que participou do primeiro voo de repatriação dos nossos irmãos, em Israel estou orgulhoso de nossa FORÇA!
Belo Texto JP concordo plenamente com o que vc colocou no texto. Pessoalmente e espero que em breve larguemos o paradigma da “defesa das fronteiras” pelo da defesa dos INTERESSES NACIONAIS”. Isso muda tudo no plano político mais alto da Nação. Só de KC-30 a Australia tem a bagatela de SETE unidades. Como eles o Brasil também existe no “crescente insular” de Halford Mackinder, ou seja, estamos assim muito longe fe todo o “Mundo”. A compra do VC-1 no outro governo Lula foi uma idiotice, deveríamos ter comprado um aviao presidencial de longo alcance pra TODOS os presidentes do Brasil, independente do seus partidos… Decisões como esta sao de Estado, não de Governos. Finalmentecestou convencido que nossos KC-30 deveriam ser bi-sistema, “Probe+Drogue” E “Flying boom”. O segundo sistema deveria ser usado para transferir combustivel para os KC-390 que tem tanques muito grandes. (sim, eu sei que o KC-390 atual nãobtem o receptáculo para o Flying Boom… Ainda não tem, mas seria bom ter esta capacidade… )