A ARES e a modernização do Cascavel

Ares Aeroespacial e Defesa S/A pretende ser a responsável pelo projeto de modernização das viaturas blindadas de reconhecimento (VBR) EE-9 Cascavel do Exército Brasileiro (EB), após a aprovação da diretriz de início dos trabalhos e criou uma equipe para o estudo de viabilidade e elaboração da proposta de modelo de obtenção para um número entre 98 e 201 exemplares, das 409 em carga, durante um período de oito anos.

De acordo com o diretor de marketing da Ares, Frederico Medella, a proposta da empresa engloba soluções da Elbit Systems e AEL Sistemas S/A, o que contempla o “know how” em torres e estação de armas, a transferência de tecnologias e a experiência do grupo nesse tipo de atividade ao redor do mundo. “Além da empresa já ter experiência, nossa proposta oferece comunalidade com as outras estações de armas em operação no EB. Isso pode nos dar alguma vantagem competitiva, principalmente no que diz respeito ao suporte ao ciclo de vida do material”.

O programa engloba a instalação de um novo sistema de controle de tiro, com computador balístico e telêmetro laser; um sistema de giro da torre elétrico, com punho de prioridade para o comandante; sistema de comando e controle (C2) interoperável com o sistema adotado nas versões das viaturas do Programa Guarani; modernização dos optrônicos da guarnição; revitalização da motorização e da suspensão, dentre outras coisas. (Imagem: 11º RCMec)

Também o suporte logístico que a Ares estabeleceu no âmbito do programa Guarani pode contribuir bastante, já que mantém bases avançadas distribuídas pelo Brasil e apoiadas pela sede no Rio de Janeiro. Elas estão no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no Distrito Federal.

Ainda, se for necessário, existe a disposição quanto a associações para melhor atender o Exército Brasileiro. “A ARES está apta a desenvolver uma solução de modernização customizada que atenda às necessidades operacionais, bem como o orçamento do nosso principal parceiro, o EB”, declarou Medella.

Neste momento, a Ares está focada em revitalização/atualização de viaturas blindadas do EB e vem investindo nos estudos e na capacitação de seus colaboradores. “Todo o investimento vem sendo efetuado para atender o EB. Esses projetos são complementares ao nosso portfólio e darão continuidade ao nosso trabalho. Já temos um amplo conhecimento no assunto, pessoal qualificado e capacidade instalada”, afirmou o diretor de marketing.

Depois do Cascavel a Ares está voltada para concluir os estudos referentes a  uma meta semelhante, mas para o carro de combate Leopard 1A5 BR. “Em nossos projetos, nós sempre atuamos em parceria com os clientes, buscando elevar ao máximo os níveis de autonomia tecnológica do País”, concluiu Medella.

A empresa fez parte do consórcio formado por Oto Melara do Brasil, Elbit e IMBEL, que foi a vencedora da concorrência para fornecimento da torre italiana HITFACT, que seria fabricada para equipar a versão VBR 8X8 da família Guarani. Esse programa foi cancelado.

Com cinco décadas no mercado, a Ares é um dos principais “players” no mercado de defesa nacional e quer usar sua “expertise” para auxiliar o EB a manter sua operacionalidade e independência.

O desenho da torre HITFACT 105/120mm BR, do antigo programa “Guarani 8×8”, apresentada na LAAD 2013 (Imagem: ARES)

Fonte: Ares Aerospacial e Defesa

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Comentários

17 respostas

  1. Poderiam colocar esta torre nos Leo 1A5 hein e trocar o motor do bichão. No Cascavel não creio que valeria a pena trocar a torre não, mas….ansioso pelos primeiros modelos de ambos modernizados que serão apresentados ao EB.

  2. O dinheiro gasto para a modernização do Cascavel poderia ser alocado para a compra de mais Guarani ou até mesmo na compra de um novo 8×8, não!?

    1. Bom dia Fabio.
      “…um número entre 98 e 201 exemplares, das 409 em carga, durante um período de oito anos”.
      Essa é a informação que dispomos.

  3. O veículo já está Em operação a quase 50 anos mais 8 anos de modernização (na melhor das hipóteses, diga se de passagem) mais uns 30 anos pela frente. Ou seja, se essa modernização for adiante, quando última unidade estiver dando baixa, teremos um carro com projeto quase centenário em operação!
    Definitivamente o Brasil é o país do futuro o qual nunca chegou.

  4. Digamos que não seria melhor adquirir alguns blindados 105mm usados no mercado internacional, Acredito que se fizerem uma proposta para Italia nos Ceutauros B1 eles venderiam como venderam para Jordania seria mais dinheiro no caixa para adquirirem mais unidades do Centauro B2.
    Futuramente modernizariam esses B1 para atuar com vencedor do VBC Cav 8X8

    1. Com Centauro B1 você terá um blindado velho, surrado, com uma nova linha logística, que não vai agregar mais do que um Cascavel Modernizado, poderá até trazer um nível de blindagem melhor, carroceria mais moderna, mas em termos de sensores o Cascavel Modernizado ficará melhor, e o principal: Você não estará gerando empregos no Brasil, não melhorará as empresas nacionais da BID, não terá centenas de pessoas empregadas, retornando grande parte do investimento através de impostos e consumo.

      Agora, se for para adquirir os B1 e fazer a modernização aqui no Brasil, ai sim. Ai terá todos os benefícios que teremos com a modernização do Cascavel, mas provavelmente será uma operação bem mais cara, já que terá os custos de aquisição dos Centauros B1 a mais.

    2. Esse estudo do EB deve demorar, no mínimo, um ano, mais um ou dois anos com os processos “burrocraticos”, desenvolvimento do protótipo e testes mais dois anos….
      Concordo que seria melhor um centauro B1. O cascavel, mesmo com eletrônica moderna, continuará com um canhão com baixo poder de fogo e uma blindagem totalmente inerte para o cenário de guerra moderna, ou seja, gastar vela boa com defunto ruim.
      O cascavel foi uma solução muito boa há 40/30 anos atrás.

  5. Prezado Bastos,
    Se não me engano, o CTEX foi responsável pelo desenvolvimento da Remax.
    Não sei se participou do desenvolvimento das TORC e UT.
    O CTEX vai participar deste esforço da ARES na revitalização do Cascavel e Leopard?
    Abraço!

    1. Carvalho, em principio não.
      A ideia desse programa é que o EB exponha uma demanda e a iniciativa privada apresente propostas de soluções.
      No caso do REMAX e TORC30, o DCT desenvolveu o conceito e pagou a ARES para auxiliar no desenvolvimento e, atualmente, produzi-la, mas são projetos da Força.

  6. Em minha modesta opinião, acho que a melhor opção (em se falando de ganhos tecnológicos, incentivo a indústria nacional e autonomia soberana) seria a proposta da Equitron.
    Porém acho desnecessário este programa, já que o EB iniciou o programa da viatura 8×8.
    Deveriam focar todos os recursos em um só programa.
    Os Cascavéis estão aí há muito tempo e podem aguentar mais um pouco.
    E se precisarmos de usá-los em combate de uma hora para outra (coisa que duvido muito), as verbas surgirão para adquirir os 8×8 com urgência.
    Esse programa não se faz mais necessário pela lógica !

  7. Pode ser um projeto que não só atenda o EB ,mas outros operadores do Cascavel , principalmente pela América do Sul ! Não sou a favor deste projeto , mas pode ser um fôlego para o EB até definir um novo blindado para o substituir , e isto Levará tempo !

  8. Bom dia!
    Sou um leigo curioso,então desculpe a pergunta:
    Não seria melhor ja que vamos reformar colocar uma torre com uma arma de 30 mm e um míssil antitanque?
    Obrigado pela atenção!

  9. Penso que nas guerras modernas, o “Fogo de saturação” como usou HAMAS, é mais barato, artesanal, lançadores podem ser feitos em qualquer lugar, poderia ser aperfeiçoado, para dissuasão de avanços das linhas inimigas…

    1. O Problema e que esses foguetes tem baixo alcance, Para o Hamas que utiliza civis como escudos ate pode servir, Pois é simplesmente colocar no meio da cidade e disparar caso haja retaliação com mortes e somente chamar os repórteres. Agora em uma guerra e bem provável que quem disparou esses foguetes seja dizimado por ataque aéreo ou ate mesmo por um MRLS devido ao seu baixo alcance já que os lançadores tem que ficar no máximo 10km do alvo além da sua baixa baixa precisão. (Alias a Avibrás produz o Astros Hawk que utiliza o foguete o SS-09 TS que tem em media 4~10km de alcance e pode ser instalado em uma plataforma rebocada ou ate encima de uma Marruá)
      Porem o Astros II está ai justamente para essa função que é fogo de saturação, A meta agora e focar em misseis de cruzeiro de longo alcance e misseis hipersônicos aonde não é necessário ficar próximo ao inimigo.

  10. Uma questão que sempre me vem a cabeça é: porque não usar os Guarani 6X6 como VBR equipado com a TORC30 – quiçá um canhão de 40mm – nos EsqCavMec da infantaria mecanizada ao invés de um monstrengo de 25 ton 8×8 totalmente fora da logística daquelas bdas? Isso daria uma demanda hipotética de pelo menos 54 veículos a serem adquiridos.

  11. Perda de tempo e dinheiro essa modernização de cascavel, bastaria adquirir mais umas três centenas de Guaranis e colocar a torre TORC30BR, dar uma reforçada na blindagem e talvez integrar até um míssil anticarro em algumas unidades. Agora imagina gastar toda uma grana colocando equipamentos novos numa carrocinha dos anos 70 tendo a possibilidade de gerar empregos, tecnologias, exportações e ter um carro novo produzido no Brasil. Aliás se a TORC 30 é compatível com o cascavel certamente deve ser para o Guarani que é bem maior… Deixa esses cascavéis para doar para países como Suriname, Paraguai, Moçambique, El Salvador e coisas do gênero, não tem cabimento um país como o Brasil ainda esta utilizando esses carros. o Cascavel é um projeto baseado no M-8 da época da FEB… Já deu o que tinha que dar…

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